Criada em 28/10/2023 às 11h12 | Pesquisa

A importância do solo para a polinização é tema de roda de conversa na Unitins

Com o tema “Agricultura e polinização: os caminhos do empreendedorismo com abelhas”, o encontrou tratou também de empreendedorismo, extrativismo e organização social.

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Participantes atentos às falas do professor Gabriel Machado e da professora Maria Regina (Fotos: Carlos de Bayma/ Dicom Unitins)

Uma roda de conversa, uma troca de saberes. Uma partilha. Com a alegria de quem celebra com riso a plantação, a colheita, e também conhece as dificuldades  e, muitas vezes, a falta de acesso e a privação do estio — os que lidam na agricultura familiar, juntamente com a academia, promoveram uma roda de conversa integradora, na manhã desta sexta-feira, 20, no Complexo de Ciências Agrárias da Universidade do Tocantins (Unitins).

Com o tema “Agricultura e polinização: os caminhos do empreendedorismo com abelhas”,  o encontro contou com a participação de pequenos produtores e de membros de seis aldeias da etnia Xerente, do município de Tocantinópolis e arredores, da diretora do Câmpus Dianópolis, Ana Felícia Cavalcante (Naninha), acompanhada das professoras Maria Regina Teixeira da Rocha e Angela Maria de Jesus Oliveira e do professor Gabriel Machado, que é coordenador do curso de Ciências Contábeis, do apicultor Darcy Milhomem, da diretora de Pesquisa Agropecuária da Unitins, Marjory Carvalho, da  zootecnista Kétuly da Silva Ataídes e, representando a comunidade da aldeia Formosa, Larissa Tkidi de Brito.

A atividade faz parte do I Encontro Sobre a Ciência dos Solos e dos Polinizadores do Tocantins, projeto aprovado pela pesquisadora Kétuly da Silva, junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e compõe a I Semana de Ciências, Tecnologia e Inovação da Unitins, programação integrada e simultânea à 20° edição da Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCT).

“Temos falado desde o início da Semana na importância do solo para a polinização”, explica a diretora de Pesquisa Agropecuária da Unitins, Marjory Carvalho. “Então, trouxemos um apicultor que trabalha com aluguel de abelhas para falar da importância de preservá-las, como trabalhar com agricultura e com abelhas e aumentar o faturamento. E com a participação de uma equipe de Dianópolis e, juntamente com os indígenas da etnia Xerente, pudemos refletir sobre mecanismo para potencializar um empreendimento que vai utilizar como matéria prima são produtos já cultivados dentro da aldeia”.

“Conseguimos reunir vários públicos, vários segmentos da sociedade, como propõem o CNPq e o Ministério da Ciência e Tecnologia. Acadêmicos, agricultores, comunidades tradicionais e professores pesquisadores. Nessa programação, criamos um momento de compartilhamento de conhecimento, sem aquela perspectiva tradicional de alguém à frente ensinando. Não, foi um momento de troca, partilha de saberes mesmo. Tanto a plateia quanto os especialistas, sem dúvida aprenderam coisas novas. Realizamos também uma exposição e alguns desses atores trouxeram seus produtos para expor, comercializar”, ressaltou Kétuly,  que é mestra em genética e melhoramento animal.

Com simpatia, humildade e sabedoria, o apicultor Darcy Milhomem, do município de Formoso, discorreu sobre os desafios encontrados ao longo da sua atividade na apicultura e as formas que encontrou para propor soluções a esses desafios. O apicultor ressaltou a necessidade de mudança de direção, pois grandes lavouras de monocultura tem contribuído para a diminuição das abelhas e, sem elas, a produtividade no campo compromete a sustentabilidade. Depois de compartilhar suas experiências, sua persistência, ele, com brilho nos olhos, cravou: “O que eu mais gosto é trabalhar com abelhas”.

A diretora do Câmpus Dianópolis, Naninha, destacou que “a Unitins, com seus projetos, vem ajudando as comunidades e contribuindo com o desenvolvimento regional. Trouxemos uma exposição do 'Extrativismo ao agronegócio', que tem tudo a ver com o tema da roda de conversa, apresentando produtos do cerrado com valor agregado para comercializar. Temos reforçado no nosso Câmpus, na nossa comunidade, a importância de utilizar com respeito os recursos da natureza e procurar agregar valor e, assim, ajudar o pequeno produtor, pois nosso trabalho está mais direcionado à agricultura familiar”.

Vivência 

Larissa Tkidi de Brito compartilhou um pouco de suas experiências, incluindo o período em que decidiu fazer um curso superior numa universidade do interior do Estado. “Quando eu saí da aldeia e fui para a cidade, sabemos que o sistema é outro, quase sempre cruel. Mudou minha alimentação, meus horários. Quando se está com a família se tem mais autonomia, segurança. No câmpus agrário, todos os tipos de preconceitos e comentários eu senti na pele. A partir daí resolvi retornar para a minha comunidade, pois acredito que lá precisam mais de mim. Não tive pulso para permanecer numa universidade que me espremia muito. Nesse momento que eu tenho oportunidade de mesa, de fala, sempre costumo colocar a necessidade de não se ver só um lado. Buscar consenso ou pelo menos respeito pelas escolhas, pelo modo de vida e vivências”.

“Avalio positivamente essa programação. É uma forma da universidade buscar ouvir, compreender, e tentar amenizar todos os impactos, de tantas coisas que temos sofrido dentro da comunidade. O conhecimento científico e o conhecimento popular, tradicional, devem ser difundidos para o bem das comunidades. Agradeço a Unitins por abrir essa porta, esse caminho. Esperamos que tenhamos mais momentos como esse. Gratidão por termos recebido esse convite”, afirmou Larissa, que entre aplausos e vivas dos presentes, ouviu da mesa: “Venha estudar Engenharia Agronômica na Unitins.

Empreendendo com responsabilidade 

Em sua fala inicial, o professor Gabriel Machado elencou alguns pontos. “Um projeto precisa ter começo, meio e fim. Os projetos de Extensão precisam agregar valor para a comunidade que está sendo pesquisada, ou recebendo capacitação. Quando se pensar em fazer um projeto em determinada comunidade, primeiro é necessário fazer um mapeamento. O que temos nos nossos recursos naturais que podemos agregar valor? Em segundo, a conscientização da comunidade que é possível. E, prioritário, é preciso que a comunidade queira fazer determinada ação.

Por outro lado, enfatiza Machado, “é muito importante levar esse produto para o mercado. E como se faz? Com capacitação em marketing, embalagens, com a formalização de uma associação ou cooperativa, o que  esteja sendo estudado. Mas só levar para o mercado não basta, é preciso também ter uma boa contabilidade, dar um valor justo ao produto, pois se trata de agregar uma renda extra para a comunidade. E fazer um acompanhamento desses produtos que estão sendo comercializados, visando obter renda e lucratividade”. 

O docente ainda parabenizou a organização do evento e falou dos projetos no Câmpus Dianópolis. “Temos muitos projetos ligados à agricultura familiar e comunidades quilombolas. Quando você levar um doce para o mercado, os produtos do cerrado, também é agronegócio. Toda essa dinâmica de projetos é bastante trabalhosa, tem que ter uma equipe. Por isso, agradeço demais à nossa diretora, Naninha, e aos docentes do colegiado de Ciências Contábeis, por abraçarem a causa entendendo que fazer projeto não é só ficar sentado ao computador escrevendo, mas ir na comunidade e resolver e atender à realidade local. Eu sou muito grato por isso”. (Da Assessoria)

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