Criada em 19/09/2023 às 08h48 | Pesquisa

Manejo correto de pastagens pode recuperar carbono perdido na mudança de uso da terra

Pesquisa avaliou o impacto da mudança de uso da terra de mata para pastagem e o potencial de sequestro de carbono por pastagens manejadas no bioma Mata Atlântica.

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Práticas de manejo adequadas podem contribuir para recuperação das pastagens degradadas, sequestro de carbono e melhoria da produtividade. (Foto: Divulgação)

Parte do carbono do solo originalmente sob uma mata pode ser perdido na conversão dela para pastagem. Mas, com práticas de manejo adequadas, as pastagens podem sequestrar carbono e devolvê-lo ao solo. É o que mostrou uma pesquisa realizada pela Embrapa Meio Ambiente, em parceria com o Instituto de Zootecnia (IZ), Instituto Agronômico (IAC) e Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, que avaliou o impacto da mudança de uso da terra de mata para pastagem e o potencial de sequestro de carbono por pastagens manejadas no bioma Mata Atlântica. 

De acordo com Thais de Carvalho, em sua dissertação de mestrado, a adubação nitrogenada, o consórcio com leguminosas e o melhor gerenciamento do sistema de pastejo são práticas eficientes para sequestrar carbono para o solo. "As taxas de sequestro de carbono observadas foram de 3,3 a 4,4 toneladas de carbono por hectare por ano, indicando bom potencial para recuperação do carbono perdido na mudança de uso da terra, com possibilidade de superar o estoque do solo sob a mata", explica Carvalho.

Para Cristiano Andrade, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e orientador de Carvalho no mestrado, os resultados da pesquisa são importantes para o Brasil, que possui uma área de pastagem de aproximadamente 159 milhões de hectares, sendo o principal uso da terra no país. Estima-se que cerca de 64% dessa área apresenta algum nível de degradação, o que pode levar à emissão de gases de efeito estufa e à perda de produtividade.

Andrade explica, ainda, que as elevadas taxas de sequestro de C verificadas são possíveis nos primeiros anos após a adoção das novas e melhores práticas de manejo, mas devem reduzir ao longo do tempo, porém alcançando os valores antes na conversão, principalmente considerando fragmentos de mata  próximos a centros urbanos, submetidos a eventos esporádicos de fogo, como no caso da presente pesquisa.

De acordo com Carvalho, para avaliar o efeito da conversão de mata para pastagem, onde ambos os pastos são constituídos de braquiária, foram usadas áreas pareadas entre mata e pasto, com mesmo tipo de solo, nos quais foram realizadas amostragem do solo até um metro de profundidade.

Já para as práticas de manejo do pasto no estoque de carbono do solo até 30cm, foram avaliados os efeitos da adubação nitrogenada ou do consórcio braquiária - macrotiloma, bem como dos sistemas de pastejo rotacionado ou diferido.

Foram obtidas amostras de solo indeformadas e deformadas com o uso de trincheiras e trado, respectivamente, para determinar a densidade e o teor de carbono. "A densidade do solo está relacionada à sua compactação", explica Carvalho. "Uma alta densidade do solo pode afetar a  disponibilidade de nutrientes para as plantas, além de limitar a entrada de raízes e redução da infiltração de água, aspctos essenciais para o estoque de carbono no solo".

Quanto ao teor, ele tem a função de atuar como um reservatório de carbono, uma vez que os solos ricos em carbono contribuem para o sequestro desse gás da atmosfera, ajudando a mitigar as mudanças climáticas.

Acesso ao trabalho pode ser feito por este link. (Da Embrapa)

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