Criada em 06/05/2022 às 11h38 | Pesquisa

Tecnologia de controle do oídio por leite faz 25 anos e continua atual

De lá pra cá, essa tecnologia, de baixo custo e sem impacto ambiental, não parou mais de ser usada por agricultores do mundo todo. Além dos agricultores, também é largamente utilizada em plantas ornamentais nos jardins do planeta.

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Trata-se simplesmente de uma mistura de 5 a 10% de leite de vaca cru ou pasteurizado e 95 a 90% de água. Essa mistura está sendo utilizada para controlar o oídio. (Foto: Divulgação)

Em 1997, o pesquisador Wagner Bettiol, da Embrapa Meio Ambiente, apresentou no XXX Congresso Brasileiro de Fitopatologia, realizado em Poços de Caldas, MG, o trabalho intitulado “Controle de Sphaerotheca fuliginea da abóbora com leite”. Esse estudo foi divulgado também no volume 22 da revista Fitopatologia Brasileira. Posteriormente, em 1999, Bettiol publicou o artigo “Effectiveness of cow’s milk against zucchini squash powdery mildew (Sphaerotheca fuliginea) in greenhouse conditions” na revista Crop Protection, volume 18.

De lá pra cá, essa tecnologia, de baixo custo e sem impacto ambiental, não parou mais de ser usada por agricultores do mundo todo. Além dos agricultores, também é largamente utilizada em plantas ornamentais nos jardins do planeta. Se alghuem fizer uma busca na internet por “Milk for the control powdery mildew” verá que são 6.000.000 de acessos até abril desse ano. Número expressivo para uma tecnologia desenvolvida para o controle de uma doença de planta.

Trata-se simplesmente de uma mistura de 5 a 10% de leite de vaca cru ou pasteurizado e 95 a 90% de água. Essa mistura está sendo utilizada para controlar o oídio - doença que ataca diversas culturas, como abobrinha, alface, caju, eucalipto, feijão, melão, melancia, pimentão, soja, tomate e uva, entre outras e também um grande número de plantas ornamentais. A doença reduz a produtividade, podendo inclusive matar as plantas, e, consequentemente, causando prejuízos aos agricultores. Um fato interessante é que a espécie do fungo que causa oídio em uma determinada planta é específica para essa planta, não atacando outra cultura.

Bettiol, que desenvolveu o método, testou o leite inicialmente para controlar oídio em abobrinha e pepino com eficiência semelhante ao fungicida químico. Contudo, após a publicação do artigo em 1999, outros pesquisadores passaram a testar o método para controlar oídios em diferentes plantas em diversas partes do mundo.

Segundo Bettiol, é muito fácil reconhecer o oídio, pois ele forma colônias esbranquiçadas de aspecto pulverulento sobre a superfície de partes aéreas de plantas vivas. Quando essas colônias se unem, toda a folha fica esbranquiçada. O fungo tem um crescimento bem fino na superfície da folha formando uma fina rede de micélio sobre ela. Os prejuízos são decorrentes da absorção de nutrientes das folhas pelo fungo e também pela redução da área fotossintética da planta.

"Os fungicidas químicos indicados para o combate ao oídio são caros. Com a mistura leite e água se gasta praticamente metade do que o agricultor costuma gastar com fungicida" diz ele. Ainda de acordo com Bettiol, “um sério problema do uso de fungicidas químicos para o controle de oídio é a seleção de linhagens resistentes aos fungicidas, pois o fungo esporula abundantemente e rapidamente se tornam resistentes, com necessidade de aumentar as dosagens ou trocar de produto”.

A mistura leite com água é também totalmente inócua para o meio ambiente e para o aplicador, não causando nenhum impacto ambiental, o que não se pode dizer dos fungicidas utilizados para o controle da doença. Uma curiosidade contada por Bettiol é que, possivelmente, o oídio seja a doença de planta que mais aumentará com as mudanças climáticas, pois as novas condições ambientais serão favoráveis a esse patógeno.

Bettiol concluiu que a alternativa é eficaz, após testar várias dosagens, inclusive leite puro. Ele explica que para uma solução de 100 litros, por exemplo, são necessários 95 litros de água e 5 litros de leite, que devem ser aplicados desde o início do aparecimento dos sintomas. "A mistura deve ser utilizada nas plantas pelo menos uma vez por semana, desde o início da ocorrência da doença", ensina ele. (Da Embrapa)

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