Criada em 03/10/2023 às 09h51 | Pesquisa

Sistema de rastreabilidade agroindustrial brasileiro ganha conexão global

O Sibraar, desenvolvido com tecnologia blockchain para rastrear produtos agroindustriais, está adaptado à comunicação junto ao mercado internacional. O avanço é resultado de acordo de cooperação técnica assinado em agosto com a GS1 Brasil, desenvolvedora de padrões globais de identifica

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Sistema de rastreabilidade agroindustrial brasileiro ganha conexão global. (Foto: Divulgação)

O Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar), desenvolvido por equipe da Embrapa Agricultura Digital com tecnologia blockchain para rastrear produtos agroindustriais, está adaptado à comunicação junto ao mercado internacional. O avanço é resultado de acordo de cooperação técnica assinado em agosto com a Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil), desenvolvedora de padrões globais de identificação que atua em 150 países.

A partir de QR Code, o Sibraar já permitia o acesso a informações seguras e auditáveis sobre a qualidade e procedência dos produtos, desde a propriedade rural, às etapas de processamento, distribuição e comercialização. Agora, o sistema tem interoperabilidade internacional, ampliando benefícios àqueles que o adotem. O Sibraar também está apto a agregar empresas e tecnologias de rastreabilidade que já operam no mercado.

A iniciativa tem o reconhecimento da secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Renata Miranda, participante do debate sobre as novas regras de importação da União Europeia. Segundo ela, o Mapa entende que permitir a auditabilidade dos dados sobre produtos agropecuários é uma medida de proteção para o produtor e um diferencial frente aos competidores mundiais. “A partir do Sibraar, teremos mecanismos para comprovar a origem e a alta qualidade dos produtos agropecuários brasileiros”, avalia a secretária. Ela adianta que a pasta estuda iniciativas de incentivo à adesão do setor produtivo a processos de rastreabilidade que viabilizem o gerenciamento simplificado de documentos. “Parabenizo a Embrapa por trazer a solução certa na hora certa”, comemora Miranda.

O chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital, Stanley Oliveira, acredita que a transparência sobre a procedência dos alimentos se tornou um diferencial de mercado. Para ele, a validação técnica do Sibraar junto a uma organização como a GS1 vai aumentar a credibilidade da ferramenta. “A adoção da tecnologia vai abrir novas fronteiras aos produtores com ampliação do sistema em escala comercial, já que o Sibraar estabelece uma referência tecnológica para interoperabilidade entre as opções de mercado”, argumenta o gestor.

Investimento

“A rastreabilidade agroindustrial deve ser vista como investimento”, destaca a CEO da Associação Brasileira de Automação - GS1 Brasil, Virginia Vaamonde. Para ela, a parceria com a Embrapa expande e consolida a presença da organização junto ao segmento, ao ressaltar o papel da agroindústria no abastecimento interno e no desempenho exportador do País.

A CEO observa que o setor de alimentos tem passado por profundas transformações para atender às demandas regulatórias e do consumidor, relacionadas à sustentabilidade, garantia de origem, saúde e qualidade de vida. “O Sistema GS1 agrega nessa parceria a identificação e a comunicação na cadeia de suprimentos, viabilizando o processo de rastreabilidade e programas de segurança de alimentos, trazendo ao mercado brasileiro uma padronização de estrutura de URL, como o GS1 Digital Link”, destaca Vaamonde.

A tecnologia

A arquitetura do Sibraar foi desenhada pela equipe da Embrapa sob liderança do pesquisador Alexandre de Castro. O armazenamento e o processamento das assinaturas digitais dos dados ocorrem nos servidores da Empresa seguindo protocolos de segurança. O uso da tecnologia blockchain já garante segurança e integridade das informações por meio do encadeamento automático das assinaturas digitais de lotes de fabricação, com informações disponibilizadas em códigos bidimensionais QR.

Ferramentas criptográficas gravam as informações em uma cadeia de blocos (blockchain), criando uma trilha para a auditabilidade dos dados, sem risco de alterações, explica Castro. No entanto, faltava adotar uma “linguagem” global que integrasse o Sibraar aos sistemas internacionalmente aceitos, possibilitando a comunicação em âmbito externo.

Foi o que motivou a parceria com a GS1 Brasil, responsável por trazer ao mercado brasileiro uma padronização de estrutura de URL e com expertise técnica para adaptar o QR Code do Sibraar ao padrão internacional, aponta o supervisor de negócios da Embrapa Agricultura Digital, Anderson Alves.

“A Embrapa busca se posicionar no mercado de rastreabilidade de produtos agrícolas como um agente de padronização de processos, tendo o Sibraar como seu principal instrumento e, por isso, adotar o novo padrão global de códigos da GS1, o GS1 Digital Link, irá permitir a entrada do sistema em todas as cadeias do agro”, prevê Alves.

A cadeia de suprimentos de alimentos representa 30% da base de associados da GS1, com aplicações em alimentos processados, produtos frescos – como frutas, legumes e verduras –, além de carnes e ao setor de foodservice, que são também áreas de possível inserção do Sibraar.

Sibraar começou com açúcar mascavo

O primeiro açúcar mascavo rastreado com a tecnologia blockchain do Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade da Embrapa e produzido pela Usina Granelli já sinalizavac para o ao mercado internacional após a boa aceitação obtida em pouco mais de um ano do lançamento do produto, ocorrido em 2022.

“O Sibraar, com a chancela da Embrapa, ajudou a fechar com chave de ouro o nosso açúcar mascavo. Vendemos 100% da produção, 10 mil quilos no primeiro lote de fabricação, e abrimos mais de 300 clientes para a empresa”, conta a diretora, Mariana Granelli.

A usina também adotou o sistema da Embrapa para o açúcar demerara e planeja utilizá-lo para o xarope de cana-de-açúcar para produção de cachaça, em desenvolvimento. Entusiasta da rastreabilidade como forma de diferencial de mercado, ela comemora a iniciativa de integração do Sibraar a padrões globais de comunicação em parceria com a GS1, uma instituição dotada de expertise internacional.

Entre as vantagens da rastreabilidade, a diretora aponta a construção de reputação junto aos mercados e ao consumidor final pela transparência e visibilidade da gestão da empresa, dotada de boas práticas nas etapas de produção. Além disso, relata a melhoria da relação com fornecedores de matéria-prima, mediante a rapidez na identificação de problemas relativos à conformidade dos produtos, em especial.

O desenvolvimento do projeto piloto do Sibraar com o açúcar mascavo da Granelli contou com o apoio da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana). (Da Embrapa)

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