Criada em 03/03/2022 às 07h02 | Pesquisa

Pesquisadores desenvolvem protocolo para tratar da pseudogestação em cabras e ovelhas

Novo protocolo da Embrapa mostra bons resultados no tratamento da hidrometra, ou pseudogestação, em cabras e ovelhas. As cabras mostraram boa recuperação após o tratamento, mas o estudo ainda está em fase de conclusão.

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Doença atinge de forma recorrente cabras leiteiras, comprometendo sua capacidade reprodutiva e a produção de leite, causando prejuízos econômicos aos criadores. (Foto: Ana Lúcia Maia)

Cientistas da Embrapa desenvolveram um protocolo para o tratamento da hidrometra, ou pseudogestação, uma doença que acomete principalmente cabras leiteiras, comprometendo seu desempenho reprodutivo e trazendo prejuízos econômicos aos criadores. O método, que já vem sendo usado com sucesso em capris de diferentes regiões brasileiras (veja quadro abaixo), se baseia na utilização de três doses do hormônio prostaglandina, que ajuda a drenar o fluido uterino e estimula a ocorrência de cio e a ovulação.

A enfermidade é bastante comum nos rebanhos leiteiros de alta produção e costuma acometer as fêmeas de forma recorrente. Ela avança de forma lenta e só é diagnosticada clinicamente depois de estabelecida. É uma das causas mais comuns de subfertilidade e infertilidade em caprinos leiteiros e raramente acomete as ovelhas. A hidrometra não representa grave risco à saúde dos animais, mas anula sua capacidade reprodutiva, além de diminuir a produção de leite do rebanho, ocasionando prejuízos ao sistema de produção.

As cabras com hidrometra apresentam sintomas similares aos da gestação, levando ou não ao aumento no volume abdominal, dependendo da quantidade de líquido acumulado no útero. Elas não apresentam estro (ovulação), o que amplia o intervalo entre partos e pode reduzir a produção de leite, resultando em perdas econômicas importantes para o criador. Por isso, os pesquisadores recomendam uma avaliação periódica do rebanho com realização de ultrassonografia, a fim identificar precocemente e minimizar o prejuízo econômico causado pela doença.

A médica-veterinária Marina Monteiro Netto, que possui um rebanho de 200 animais da raça Saanen no município de Santo Antônio do Aventureiro (MG), afirma que costuma avaliar os animais antes da estação de monta, com um aparelho de ultrassom, e que é comum diagnosticar casos da doença. “O tratamento não é difícil. Muitas vezes o que falta é o diagnóstico, já que a maioria dos produtores só solicita o exame ultrassonográfico para diagnóstico de gestação”, explica.

Os pesquisadores acreditam que a presença do fluido no útero dos animais deve-se à secreção prolongada do hormônio progesterona, seja pela permanência de um corpo lúteo após uma ovulação sem gestação (normalmente, essa estrutura se desfaz quando o processo de fecundação não se completa) ou por esse corpo lúteo permanecer ativo após a fêmea sofrer uma perda precoce da gestação. Outras possíveis causas são o uso indiscriminado de hormônios fora da época de reprodução. Eles afirmam, no entanto, que um tratamento hormonal bem conduzido em rebanhos caprinos não deixa sequelas e não pode ser considerado causa de hidrometra.

O estudo foi patrocinado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e realizado pela Embrapa em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF).

Fêmeas mostram boa recuperação após tratamento

O protocolo desenvolvido pela Embrapa é eficaz para drenar o fluido uterino e estimular a ovulação, e as fêmeas que passam pelo tratamento costumam se recuperar bem, mantendo boas taxas de reprodução. No entanto, cabe ao criador avaliar como a manutenção desses animais no rebanho vai impactar a lucratividade do seu negócio.

Os pesquisadores afirmam que se não houver drenagem do útero do animal, após tentativas subsequentes, ele deve ser descartado. Aqueles que têm o útero drenado, mas não entram no processo de estro (ovulação), e a fêmeas que tiveram o útero drenado, foram acasaladas, mas não ficam gestantes por apresentarem dificuldades na fixação dos embriões, também podem comprometer o desempenho do rebanho. (Da Embrapa)

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