Trigo no Tocantins? Embrapa e produtores rurais fazem pesquisas com plantio do cereal

Daniel Machado
De Brasília (DF)

A Embrapa Cerrado, com sede em Brasília, vem intensificando pesquisas de plantio de trigo na região, inclusive com testes no Tocantins. No país, praticamente não havia plantação do cereal em regiões de clima quente, mas a tecnologia, pesquisa e o trabalho bem feito tem feito trigo avançar em lugares antes não pensados.

Atualmente, conforme o Norte Agropecuário já mostrou, metade do trigo consumido no Brasil é importado, sendo a Argentina a principal parceira comercial do setor disparado.

Desta forma, há muito mercado local para produção do cereal. Em 2020, o Norte Agropecuário repercutiu a possibilidade da fronteira agrícola do Matopiba (região que envolve Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) passar a ser uma área de cultivo de trigo.

Agora, segundo o pesquisador da Embrapa Julio Cesar Albrecht, será lançado no Tocantins um trabalho de análise com trigo, inicialmente testando novas cultivares criadas pela Embrapa para o Brasil Central. Ele citou três tipos diferentes: BRS-264, BRS-404 e BRS-394. “Vamos plantar algumas parcelas para avaliar os resultados dessas cultivares no Estado do Tocantins e também faremos o trabalho de ajustes de época de plantio, bem como adubação”, destaca o especialista, ao ressaltar que, preferencialmente, o trigo de cerqueiro precisa ser cultivado em áreas acima de 700 metros e o irrigado acima de 400 metros.

Ele destacou que esses trabalhos de pesquisa são necessários para que a Embrapa possa fazer uma indicação para o bom desenvolvimento do trigo no Estado. “Acreditamos que há potencial para alta produtividade de produção de grãos de trigo de boa qualidade para a panificação”, frisou Albrecht.

Produtor de Silvanópolis fala da plantação de trigo

Um dos agricultores envolvidos no projeto, o produtor Rodrigo Oliveira Almeida, da região entre Silvanópolis e Santa Rosa, conta que para a safra depois do milho, no terceiro cultivo, fará um experimento com dez hectares de trigo, com duas variedades – uma sugerida pela Embrapa e outra, não. “Geralmente, a gente planta soja, milho e feijão. Vamos fazer um experimento com o trigo. O trigo vem a calhar muito bem na terceira safra, logo depois do milho”, ressalta.

O agricultor afirma acreditar que o trigo pode dar um respaldo muito grande após a soja, por ser uma graminha. “Vai deixar um benefício grande, menos doença, além do preço no mercado ser muito bom. Caso a gente consiga que o trigo produza bem nessas áreas, podemos plantar no Brasil inteiro, isso em um país que hoje é deficiente em trigo”, frisa, ao ressaltar que, sem ninguém começar, não é possível saber qual será a evolução. “A gente tem que começar com esses experimentos para saber se é viável ou não. Se ninguém começar, nunca vamos saber”, reafirma. 

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