Criada em 19/06/2023 às 10h17 | Pesquisa

Plantio de pequi sem espinho celebra parceria Jica-Embrapa

“Precisamos de parceiros e entendemos que a Jica pode ser um deles, em especial na área de alta tecnologia já disponível no Japão”, destacou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

Imagem
Ministro da Agricultura, presidente da Embrapa e presidente da Jica fazem plantio de cultivar de pequi sem espinho. (Foto: Divulgação)

A abertura de oportunidades de cooperação científica com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) e o reconhecimento da trajetória de parceria com a Embrapa, em 50 anos de história do desenvolvimento agropecuário brasileiro, foram os principais pontos do encontro nesta quarta-feira (14), que reuniu, na sede da Empresa, em Brasília, o ministro Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária (Mapa), Akihiko Tanaka, presidente da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), e a presidente Silvia Massruhá.

A reunião foi uma oportunidade de homenagear as duas instituições, que contribuíram para a transformação agrícola nacional, elevando o País à categoria de um dos principais produtores de alimentos do mundo. Atualmente, Embrapa e Jica são parceiras no Projeto de Desenvolvimento Colaborativo da Agricultura de Precisão e Digital para o Fortalecimento do Ecossistema de Inovação e a Sustentabilidade do Agro Brasileiro.

No início do evento, a presidente da Embrapa destacou a importância da Jica, como parte da história da Empresa, referindo-se à parceria desde o Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados (Prodecer), instituído em 1979, destinado à cooperação financeira e técnica, para o crescimento e incentivo à produtividade de soja e milho na região. “Foi sem dúvida um marco para o agro brasileiro. O encontro de hoje é significativo porque relembra a consolidação do intercâmbio científico entre Brasil e Japão” disse.

Para Massruhá, o impacto da parceria transcendeu a estratégia inicial que resultou na transformação das áreas improdutivas de Cerrado e citou o exemplo dos sistemas agroflorestais e a experiência dos agricultores nipo-brasileiros do município paraense de Tomé-Açu, compartilhada pela Embrapa Amazônia Oriental. “Por isso, não é uma coincidência hoje estarmos aqui para plantar uma semente da cultivar de pequi sem espinho", destacou, ressaltando o simbolismo da cooperação consolidada em cinco décadas de história da pesquisa agropecuária da Embrapa. A cultivar de pequi sem espinho foi desenvolvida em parceria entre a Embrapa Cerrados e a Emater-GO.

“Como pesquisadora, ao lado dos colegas da Embrapa Instrumentação, participamos da implementação de mais uma cooperação técnica, atualmente em andamento”, comentou. O projeto, assinado entre a Jica, o Mapa, a Embrapa e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), em abril de 2021, destina-se ao desenvolvimento agricultura de precisão e digital, a partir da promoção de tecnologias agroindustriais sustentáveis, com melhoraria da produtividade e da sustentabilidade ambiental, com rentabilidade do setor agrícola, por meio da colaboração indústria-governo-academia entre o Japão e o Brasil.

Segundo ela, existem várias oportunidades para que as duas instituições continuem trabalhando juntas, com foco na produção de alimentos, com qualidade, competitividade e de forma sustentável. “A Jica aparece no passado, no presente e no futuro da Embrapa”, concluiu.

Fortalecimento de relações internacionais

Durante o encontro com a delegação japonesa, o ministro Carlos Fávaro destacou o início da nova fase das relações internacionais, a partir da posse do presidente Luis Inácio Lula da Silva. “Não apenas o presidente, como todos os ministros e equipes técnicas estão empenhados em trabalhar para fortalecer o relacionamento com os países amigos”, garantiu.

Lembrando as dificuldades enfrentadas durante o período da pandemia de Covid-19 e do conflito entre Rússia e Ucrânia, Fávaro disse que a experiência serviu para revelar ao mundo a fragilidade da globalização. “A tendência natural, a partir de agora, é a consolidação das relações bilaterais e o Japão é um grande país amigo, com o qual temos relações comerciais fortes e oportunidades para serem ampliadas e fortalecidas”, comentou.

Segundo ele, a importância da Embrapa e da Jica, trabalhando juntas para que o Cerrado se tornasse produtivo para a agropecuária, revela o potencial dos próximos passos. “Há 40 anos, o cenário era de ocupação do bioma, mas hoje podemos formatar um novo projeto de ampliação da oferta de alimentos para enfrentar a inflação dos alimentos gerados pela pandemia e pela guerra”, afirma. “Isso tudo pode ser ampliado de uma outra forma, que não seja pela ocupação e pelo desmatamento”.

Fávaro destacou o mapeamento do solo brasileiro realizado pela Embrapa, que demonstra a existência de 160 milhões de hectares de pastagens ainda com baixa produtividade. “Deste total, entre 35 e 40 milhões de hectares têm aptidão para conversão em áreas agricultáveis”, disse, ressaltando as condições favoráveis, entre elas índíces pluviométricos, infraestrutura logística já existentes, rede de apoio à pesquisa, desenvolvimento, estrutura de desenvolvimento comercial, revendas de equipamentos e máquinas que facilitariam o incremento da produtividade nas regiões.

“O Brasil de hoje produz grãos e fibras, em cerca de 50 milhões de hectares e faz uma segunda safra no mesmo hectare, no mesmo ano, em uma área aproximada de 27 milhões de hectares”, calcula. “Temos a oportunidade de dobrar tudo o que fizemos, coibindo o desmatamento, porque já está provado não ser necessária a intensificação da produção brasileira sobre a floresta, já que existem muitas áreas antropizadas que podem ser convertidas em agricultáveis”, completa.

Para superar o desafio de impulsionar ainda mais o desenvolvimento agropecuário e a pesquisa, Fávaro destacou a necessidade de investimento, recursos com prazo de carência, viabilidade temporal e juros compatíveis para incentivar os produtores. “Já temos terras propícias, gente vocacionada, conhecimento técnico, agronômico, pesquisa e rede comercial instalada”, argumentou. “Precisamos de parceiros e entendemos que a Jica pode ser um deles, em especial na área de alta tecnologia já disponível no Japão”.

Referindo-se ao futuro, o ministro da Agricultura chamou a atenção para a nova diretoria da Embrapa e o grupo de especialistas que estão pensando no futuro da Empresa para os próximos 50 anos. “A Jica está convidada a participar desses estudos com foco na maior empresa pública de pesquisa tropical e no incremento da produção de alimentos, a partir dos recursos da ciência”. Fávaro pediu ainda a colaboração do presidente da Jica e do embaixador do Japão na organização da missão governamental e empresarial brasileira ao país, até o início de agosto, quando serão apresentadas oportunidades bilaterais para o fortalecimento de relações comerciais e entre os governos.

Retorno à Embrapa

Após dez anos desde a visita à Embrapa, em sua primeira gestão à frente da Jica, o presidente Akihiko Tanaka falou sobre a satisfação de contribuir com a renovação da cooperação. “À época, tive a oportunidade de visitar a Embrapa Cerrados, conhecer produtores e empreendimentos que estavam sendo beneficiados pelo trabalho resultante da parceria”, disse. “Desta vez, vamos ao município de Tomé-Açu, onde também há resultados representativos das iniciativas locais”.

Tanaka chamou a atenção ainda sobre o impacto das pesquisas desenvolvidas em cooperação para as instituições japonesas. “Temos há 10 anos uma iniciativa na área de pesquisa acadêmica, com trabalhos que envolvem a Embrapa”, comentou. “Fico feliz por saber que o projeto de agricultura digital tenha tido a participação da presidente da Embrapa Silvia Massruhá pessoalmente como pesquisadora e também por ter a expectativa de buscar novas possibilidades de projetos conjuntos”, afirmou.

Ao final da reunião, o presidente da Jica recebeu da presidente Silvia Massruhá os livros “Embrapa na Agricultura Tropical”, que registra a contribuição da empresa para o desenvolvimento da agricultura brasileira, editado em parceria com a editora Metalivros, e “Brasil em 50 alimentos”, coletânea relacionada aos alimentos mais importantes do ponto de vista econômico e social produzidos no país.

Ao final do encontro, houve o plantio da cultivar de pequi sem espinho, na entrada da Embrapa Sede, pela presidente da Embrapa Silvia Massruhá, pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e pelo presidente da Jica, Akihiko Tanaka.

Também estiveram presentes à reunião com a delegação estrangeira na sede da Embrapa as diretoras-executivas Ana Euler, de Negócios, Angélica Gomes, de Governança e Gestão, e Mara Rocha, de Pessoas, Serviços e Finanças, Paulo Galerani, chefe da Assessoria Internacional, os chefes-gerais Sebastião Pedro, da Embrapa Cerrados, João Marconcini, da Instrumentação, a pesquisadora Helenice Gonçalves, da Embrapa Cerrados, Carlos Agostini, presidente do Consad, o embaixador Teiji Hayashi, do Japão, Masayuki Eguchi, representante chefe da Jica no Brasil, Manabu Ohara, diretor-geral da Jica para a América Latina e Masayuki Eguchi, representante-chefe da Jica no Brasil. (Da Embrapa)

Comentários


Deixe um comentário

Redes Sociais
2024 Norte Agropecuário