Criada em 10/03/2022 às 09h23 | Pesquisa

Novo método detecta vírus do abacaxizeiro com mais rapidez e economia

A Embrapa patenteou um novo método de detecção de vírus do abacaxi mais rápido e econômico do que os existentes no mercado. A tecnologia, baseada em conhecimentos moleculares, reduziu em um terço o valor do teste e tempo gasto no trabalho.

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A tecnologia, baseada em conhecimentos moleculares, reduziu em um terço o valor do teste e tempo gasto no trabalho. (Foto: Embrapa)

Cientistas da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) desenvolveram um método capaz de detectar com mais rapidez e economia o complexo de vírus causador da murcha do abacaxizeiro. A técnica, que usa cadeias curtas de moléculas de DNA ou RNA (chamadas de primers, os oligonucleotídeos) para rastrear os microrganismos, foi patenteada como invenção em 2021 pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). De grande interesse para a fabricação de kits de diagnóstico por empresas parceiras, pode beneficiar toda a cadeia produtiva do abacaxi, visto que essa é uma das piores ameaças à cultura em nível mundial, ainda sem controle definitivo ou fonte de resistência identificada.

Intitulada “Oligonucleotídeos, uso, método e composição de reação e kit para detecção dos vírus associados à causa da murcha do abacaxizeiro”, a patente foi publicada na edição de setembro de 2021 da Revista de Propriedade Industrial. Como todo documento do gênero, existe o prazo de vigência de 20 anos contados da data de depósito ocorrido em 26 de dezembro de 2012.

Os oligonucleotídeos, também chamados de primers, são cadeias curtas de moléculas de DNA ou RNA comumente usados na biologia molecular e na medicina para rastrear doenças e infecções virais e como iniciadores em sequenciamento de DNA.

“A ideia foi desenvolver um teste que detectasse os três vírus da murcha ao mesmo tempo sem, no entanto, discriminar um por um. A intenção é saber quem tem o vírus e quem não tem. Quando se faz a indexação não importa qual vírus esteja presente; o que importa é se a planta está sadia ou infectada”, explica Eduardo Chumbinho de Andrade, pesquisador do Laboratório de Virologia Vegetal da Embrapa Mandioca e Fruticultura, responsável pelo invento e registro da patente.

"A murcha do abacaxizeiro (foto ao lado) é uma doença causada por vírus e transmitida por um inseto. Além de fundamentais para trabalhos de pesquisa, kits de detecção são muito importantes para garantir a sanidade do material de plantio. A obtenção da patente reforça o caráter inovador das pesquisas realizadas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura”, afirma o pesquisador Francisco Ferraz Laranjeira Barbosa, chefe-adjunto de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação da Embrapa Mandioca e Fruticultura.

Banco genético é a base de estudos moleculares

Na verdade, o invento começou a surgir para o pesquisador quando foi necessário indexar o abacaxi BRS Ajubá – variedade que seria lançada em 2009 – para enviar matrizes limpas e sadias para a biofábrica que havia vencido a licitação à época. “Tive que indexar um número grande de plantas e fazer um teste para cada um dos três vírus da murcha. Como eu já trabalhava com vírus de outras culturas, como mosaico das nervuras, begomovírus e fitoplasma da mandioca, e dominava a abordagem dos primers degenerados, pensei que poderia fazer o mesmo na cultura do abacaxi. Felizmente encontramos regiões conservadas e conseguimos obter dois pares de primers”, recorda.

Apesar de não ter sido usada na indexação do BRS Ajubá, que já estava em andamento, a técnica que gerou a patente foi utilizada posteriormente para indexar boa parte do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Abacaxi da Embrapa, que é onde se iniciam as pesquisas de novas variedades e produtos, como fibras vegetais e biomoléculas para a indústria farmacêutica. A inovação também foi aplicada em paralelo à nova metodologia de crioterapia desenvolvida pela Embrapa Mandioca e Fruticultura como alternativa importante de limpeza clonal de vírus para abacaxizeiros.

A concessão da patente coincidiu, inclusive, com a premiação, em outubro, pela Associação Brasileira de Cultura de Tecidos de Plantas (ABCTP), de trabalho sobre a crioterapia escrito pelos pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura Fernanda Vidigal Duarte Souza e Eduardo Chumbinho de Andrade, pelo professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) Everton Hilo de Souza, e pelos bolsistas da UFRB Patrícia Araújo Guerra, Daniela de Andrade Silva Max e Rafaelle Souza de Oliveira. (Da Embrapa)

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