Criada em 08/03/2023 às 08h55 | Pesquisa

No Dia Internacional da Mulher Embrapa ressalta a importância da perspectiva de gênero nas pesquisas agropecuárias

A Embrapa lança o primeiro vídeo de uma série produzida pelo Observatório das Mulheres Rurais do Brasil para fortalecer a perspectiva de gênero nos sistemas de ciência e tecnologia dos países do Cone Sul, no âmbito das pesquisas com foco em agricultura.

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No Dia Internacional da Mulher Embrapa ressalta a importância da perspectiva de gênero nas pesquisas agropecuárias. (Foto: Divulgação)

A Empresa lança também o primeiro de uma série de vídeos sobre a inclusão produtiva das mulheres no campo. O vídeo está disponível nas redes sociais da empresa.

As mulheres rurais estão nas lavouras de café, na cultura do algodão, no plantio do tomate, nas fazendas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e em várias outras atividades agropecuárias do País. No Dia Internacional da Mulher, 8 de março, a Embrapa lança o primeiro vídeo de uma série produzida pelo Observatório das Mulheres Rurais do Brasil (contando algumas histórias de sucesso dessas mulheres e também anuncia esforços conjuntos com instituições de pesquisa de países membros do Procisur (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile) para fortalecer a perspectiva de gênero nos sistemas de ciência e tecnologia dos países do Cone Sul, no âmbito das pesquisas com foco em agricultura.

Os países membros do Procisur são atores centrais nos mercados agroalimentares globais, com potencial para produzir alimentos para cerca de 2025 milhões de pessoas por ano, contribuindo, assim, para a segurança alimentar mundial. No ano passado, foram realizados seis encontros online como parte do Programa de Formação sobre Gênero para Instituições de Ciência e Tecnologia Agropecuária do Procisur com o objetivo de interpretar e conhecer a perspectiva do gênero desde a concepção do projeto até a entrega.

O projeto tem como objetivo criar oportunidades para fortalecer os sistemas de ciência e tecnologia dos países e da região, identificando experiências comuns e instrumentos potenciais. Para Cristina Arzabe, pesquisadora da Superintendência de Estratégia (Suest) com atuação na coordenação do Observatório de Mulheres Rurais do Brasil, a redução das lacunas pela ausência do recorte de gênero nos Institutos Nacionais de Investigação Agrária (INIA) é uma agenda prioritária e tem implicação estratégica para o Cone Sul.

Para ela, há evidências crescentes sobre as melhorias geradas na investigação científica, serviços e inovação ao se trabalhar com uma perspectiva diferente e multidimensional. “Outro objetivo desta ação que visa incorporar a perspectiva de gênero nas pesquisas das instituições de pesquisa do Procisur é desenvolvermos uma agenda conjunta sobre o tema, em espaços conjuntos de reflexão, capazes de promoverem o progresso das mulheres e gerar novas estratégias fortalecidas pela cooperação regional”, acrescenta.

Em 2021, o Procisur lançou o documento La Perspectiva de Género como Agenda de Oportunidades Estratégicas para los Institutos de Investigación Agropecuária – 2021, chancelado pela Embrapa, que assumiu o compromisso de incluir nos seus projetos de pesquisa a perspectiva de gênero.

Acesse o documento completo aqui

O retrato agropecuário do Brasil

As mulheres são parte fundamental do retrato agropecuário do Brasil. Uma parte relevante dos estabelecimentos agropecuários são dirigidos por mulheres, 18,6% do total de mais de 5 milhões existentes no Brasil. Por isso, incorporar nas pesquisas a perspectiva de gênero é fundamental para a melhoria dos resultados das investigações científicas.

Segundo o último Censo Agropecuário (2017), a parcela de mulheres dirigentes de propriedades rurais que não sabem ler nem escrever é francamente menor entre as mais jovens. Isso pode ser atribuído, em parte, aos investimentos familiares e individuais na geração de oportunidades. Também pode ser resultado de incentivos à capacitação feminina nas duas últimas décadas. “Entendemos que a capacitação deve acontecer nos processos de inclusão produtiva rural, mas também no âmbito de pesquisas agropecuárias, no sentido de incluir a perspectiva de gênero em nossas investigações”, acrescenta a pesquisadora Helena Maria Ramos Alves (Embrapa Café), que faz parte da equipe responsável pelo Observatório Mulheres Rurais do Brasil.

Dados do 3º trimestre de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, revelam que o Brasil conta com 89,6 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, das quais 47,9 milhões são parte da força de trabalho. No entanto, o desafio da desigualdade salarial ainda permanece. Na agropecuária, por exemplo, embora seja 19% da parte ocupada, elas ainda ganham 20% a menos do que os homens. Já na Educação, Saúde e Serviço Social elas são maioria, ocupando 75% dos postos de trabalho, porém, ganhando 32% a menos que os homens. No Comércio, ocupam 42% e ganham 24% a menos. Na Administração Pública, 40% dos cargos e 15% a menos. Na Agropecuária, a taxa de informalidade das mulheres é de 83,2% do universo de mulheres exercendo algum tipo de atividade profissional.

Confira aqui o boletim especial 8 de março, Dia da Mulher elaborado pelo Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.

Série Mulheres rurais

O conjunto de vídeos de curta duração que será lançado pela Embrapa ao longo de 2023 é uma iniciativa do Observatório das Mulheres Rurais do Brasil, projeto em parceria da Embrapa com a FAO e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), no âmbito dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS 5 - Igualdade de Gênero) da Agenda 2030 da ONU. O primeiro tema apresenta a capacidade produtiva das mulheres em várias regiões do Brasil, por exemplo, a história de dona Adivana Aguiar Almeida, produtora de algodão branco e colorido. “O algodão fortalece o elo entre as mulheres”, diz a agricultora da Serra da Borborema, do município de Remíjio (PB). “É ele que faz nossa comunidade crescer. Traz bem-estar, renda e esperança”, complementa.

A cafeicultora Williana Cerena Viana, entrevistada da série, conta como passou de produtora de café para proprietária de cafeteria de cafés especiais. “Somos finalistas em concursos da nossa região e queremos crescer ainda mais. Amamos o que fazemos e fazemos o que amamos”, declara.
Dados, histórias de sucesso e vídeos sobre as mulheres rurais encontram-se na plataforma Observatório das Mulheres Rurais, lançada em dezembro de 2022 em cerimônia no Mapa, com o objetivo de reunir informações para subsidiar a elaboração e a execução de projetos e políticas públicas para as mulheres do campo.

Acesse aqui os dados sobre as mulheres rurais do último Censo Agropecuário

O vídeo lançado pelo Observatório das Mulheres Rurais está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=yzenNwyOEEA. (Da Embrapa)

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