Criada em 30/10/2020 às 08h29 | Suinocultura

Cereais de inverno podem substituir o milho na alimentação de suínos e aves

A escassez de milho frente ao crescente aumento na produção de proteína animal e a ociosidade de áreas produtivas no inverno foram as principais motivadoras dos estudos

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Os resultados das pesquisas ampliam o mercado para cereais de inverno, que ocupam cerca de 20% da área potencial de cultivo. (Foto: Lucas Scherer - Divulgação)

Pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Trigo (RS) e Embrapa Suínos e Aves (SC) apontam que cereais de inverno, como trigo, aveia, centeio, cevada e triticale, são opções viáveis para substituir o milho na formulação de rações e concentrados para alimentar suínos e aves. Além de reduzir a dependência desse grão na Região Sul, cuja produção não tem sido suficiente para atender à demanda, o resultado amplia o mercado para os cereais de inverno, que ocupam cerca de 20% da área potencial de cultivo. 

A escassez de milho frente ao crescente aumento na produção de proteína animal e a ociosidade de áreas produtivas no inverno foram as principais motivadoras dos estudos, que avaliam a viabilidade econômica e nutricional no uso de cereais de inverno na composição de rações, além da caracterização de cultivares mais adequadas à alimentação de suínos e aves. 

A ociosidade de áreas no inverno na Região Sul, especialmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, é estimada em mais de 6 milhões de hectares, considerando espaços em situação de pousio ou com plantas de cobertura. Aproveitar melhor o inverno para abastecer o mercado de proteína animal é o projeto que a Embrapa está desenvolvendo na região, em parceria com vários segmentos do setor produtivo, indústria e poder público.

Déficit de milho aumenta gastos e preocupa produtores

A produção de milho no Brasil chegou a 100 milhões de toneladas na safra 2019. Desse volume, 43 milhões de toneladas têm como destino as exportações e outras 4,5 milhões de toneladas vão para a produção de etanol. Do total de grãos destinados ao consumo interno, mais da metade é utilizada para a alimentação animal. 

Em 2019, a Região Sul produziu 25 milhões de toneladas de milho, um crescimento de 44% comparado aos volumes alcançados nos anos 2000. Com exceção do Paraná, que conta com o reforço do milho safrinha ou segunda safra, os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm disponível (considerando produção menos exportação) aproximadamente a metade do milho que consomem. 

Somente para atender à demanda da indústria de proteína animal, que ano passado contabilizou uma produção de 2,7 milhões de toneladas de suínos e quase oito milhões de toneladas de frango, foram necessários 21,5 milhões de toneladas de milho. O déficit de milho na Região Sul é suprido pelos grãos trazidos do centro-oeste do Brasil, com custos de logística que sobrecarregam a produção.

Cevada também faz parte dos estudos

Conforme as avaliações nutricionais, os níveis ótimos para inclusão do trigo e do triticale na ração de suínos ficam ao redor de 35%, enquanto para a cevada esses níveis ficam entre 20% e 25% a partir da fase de crescimento. No caso dos frangos de corte e poedeiras, recomenda-se níveis de 20% a 30% de inclusão de trigo ou triticale, e até 20% de cevada na ração a partir da fase inicial. 

De acordo com Teresinha Bertol, esses são os níveis que permitem a melhor combinação de ingredientes para otimização do balanceamento dos aminoácidos essenciais e que proporcionam a melhor qualidade de pellet (formato da ração peletizada). Porém, ela pontua que é possível substituir totalmente o milho por trigo ou triticale nas dietas para suínos, desde que se faça os ajustes necessários nos níveis nutricionais para atender as exigências dos animais em cada fase. (Da Embrapa)

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