Criada em 18/07/2019 às 10h40 | Pesquisa

Delegação do Brics visita banco genético da Embrapa, o maior da América Latina; encontro antecede reunião de ministros

Representantes de delegações estrangeiras do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, visitaram dois centros de pesquisa da Embrapa no Distrito Federal onde puderam conhecer o maior banco genético da América Latina.

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Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa, explica o processo de desenvolvimento da cana transgênica resistente à broca. (Foto Robinson Cipriano / Embrapa)

Deva Rodrigues e Robinson Cipriano
DE BRASÍLIA (DF)

Nesta quarta-feira (17), representantes de delegações estrangeiras do Brics (bloco formado por cinco países de economias em desenvolvimento - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) visitaram dois centros de pesquisa da Embrapa: a Embrapa Agroenergia e a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, ambos localizados em Brasília-DF. A visita oficial fez parte da reunião de Vice-Ministros de Agricultura do Bloco, que será realizada até 18 de julho na capital federal.

O encontro antecede a 9ª reunião de Ministros de Agricultura do Brics, que será realizada em Bonito (MS), em setembro, com o tema ”Promoção da Inovação e Ações para o Desenvolvimento de Novas Soluções para Sistemas de Produção de Alimentos”. O Brasil exerce neste ano a presidência de turno do bloco econômico, que representa cerca de 42% da população mundial, 23% do PIB (Produto Interno Bruto), 30% do território e 18% do comércio mundial.

Antes da visita, as delegações foram recebidas pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, na Sala Moacir Micheletto, no mezanino da sede do Ministério. Ela afirmou que o principal desafio do bloco formado por Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul é resolver tendências ao protecionismo, isolacionismo e unilateralismo. “(Os desafios) Exigem, como antes, respostas coletivas. Exigem que nos atenhamos à mesma ideia: simples, mas poderosa, de unir forças”, defendeu.

As visitas aos dois centros foi coordenada pelo presidente interino da Embrapa Celso Moretti. Na Embrapa Agroenergia, os vice-ministros conheceram o laboratório e as casas de vegetação que estão neste momento fazendo testes de validação de novas variedades transgênicas de cana-de-açúcar, com resistência à broca-da-cana e ao herbicida glifosato.

Maior banco genético da América Latina

O fortalecimento do intercâmbio institucional, a importância do mercado externo e a forma como se deu o desenvolvimento da agricultura brasileira – baseada na ciência, na tecnologia e na inovação, foram temas destacados por Celso Morreti durante a visita à Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Os vice-ministros conheceram uma das maiores coleções do mundo de recursos genéticos, preservadas de diferentes formas em um moderno prédio de mais de 2.000 m², que abriga o Banco Genético da Embrapa, sediado na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. O banco da Embrapa é o maior da América Latina e o quinto maior do mundo.

O pesquisador Samuel de Rezende Paiva, coordenador Nacional para Recursos Genéticos Animais junto à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), apresentou aos visitantes os principais “estações” de trabalho do Banco, que tem capacidade para abrigar até 750 mil amostras de sementes, dez mil amostras de vegetais in vitro, além das coleções mantidas a 180º C negativos por meio de nitrogênio líquido (criopreservação), que pode manter mais de 200 mil amostras vegetais, animais ou de microrganismos.

Conforme Celso Moretti a visita dos representantes do Brics é estratégica para o Brasil e para a Embrapa, considerando que são países parceiros do país há longa data, com os quais existe um fluxo comercial significativo. Ele disse que é preciso ainda pensar na importância da China à cadeia produtiva da soja e da Rússia enquanto um parceiro estratégico para o mercado da carne brasileira, assim como a Índia e África do Sul são igualmente potenciais parceiros do ponto de vista econômico e institucional.

O intercâmbio de material genético entre o Brasil e os países do bloco do Brics foi lembrado pelo Chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Cabral. Segundo ele, a introdução de materiais nativos de outros países (sejam animal, vegetal ou microbiano) por intermédio da cooperação com instituições internacionais contribuem ao avanço da ciência ao mesmo tempo em que há preservação da biodiversidade.

À tarde, o grupo se reuniu no auditório do Mapa para discutir pautas ligadas ao desenvolvimento da agropecuária dos países membros. A reunião foi conduzida pelo embaixador Orlando Ribeiro, secretário de Comércio e Relações Internacionais do ministério. Na quinta-feira (18), as discussões prosseguem, terminando com encontros bilaterais entre os países-membros. (Da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas / Embrapa)

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