Criada em 27/10/2023 às 12h42 | Pesquisa

Instituto da Apta é reconhecido internacionalmente com pesquisa em sanidade vegetal

Bolsista da FAPESP se destacou com um dos 15 melhores trabalhos apresentados no 12º International Congress of Plant Pathology, que aconteceu em Lyon, França, em agosto.

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Bolsista da FAPESP se destacou com um dos 15 melhores trabalhos apresentados no 12º International Congress of Plant Pathology, que aconteceu em Lyon, França, em agosto. (Foto: Divulgação)

Lucas Vitor, aluno da pós-graduação do Instituto Biológico, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura de SP, e bolsista da FAPESP, se destacou com um dos 15 melhores trabalhos apresentados no 12º International Congress of Plant Pathology, que aconteceu em Lyon, França, em agosto. O evento reúne cientistas do mundo todo que discutem questões de fitossanidade recentes e futuras, através de palestras e discussões sobre a saúde vegetal relacionada com a saúde humana, animal e do meio ambiente.

Foi sua tese de doutorado, focada no controle da sarna da batata, apresentada com o título: “Biological control of potato scab by Pseudomonas sp.”, que lhe rendeu o prêmio entre mais de 2 mil trabalhos inscritos.

“O motivo principal deles terem gostado, foi devido ao tema desse ano ser One Health, e eu consegui “linkar” um trabalho de controle biológico de uma praga junto ao que os produtores têm disponível no mercado. É a onda do momento, encontrar algum defensivo biológico que consiga controlar a sarna”, explica.

“Eu isolei uma outra bactéria do solo, do gênero Pseudomonas, que tinha afinidade com os plantios de batata nacionais. Testando essa linhagem a gente viu que ela conseguia crescer junto a um produto químico que é o único produto que se tem registro, o fluazinam. Experimentamos junto com o químico e deu muito certo”, comemora.

O uso do plural na sua fala vem da parceria com sua orientadora, a pesquisadora Suzete Aparecida Lanza Destéfano, do Laboratório de Bacteriologia Vegetal do Centro Avançado de P&D em Sanidade Agropecuária (CAPSA/IB), de Campinas. “A Suzi, em especial, sempre me encoraja a divulgar o máximo que eu posso desses resultados”, revela.

O premiado foi aluno de Suzete no mestrado, quando a cooperação começou. “Ele é muito proativo, estudioso e dedicado, características essenciais para um pesquisador científico. Para um trabalho ter sucesso, precisa haver sintonia entre o aluno e seu orientador, e nesse quesito somos nota dez! ”, atesta.

Lucas entrou no IB em 2016, na Iniciação Científica, fez mestrado e doutorado. Segundo conta, desde o começo sempre buscava se envolver em todas as oportunidades disponíveis em atividades de pesquisa. “É necessário acreditar que o que a gente faz dá resultado, gera lucro, reduz gastos e danos a diversas culturas, fomenta emprego e faz crescer uma economia forte e importante”, complementa.

Durante a entrega do prêmio, a emoção tomou conta do doutorando. “Quando subi ao palco para receber a premiação e vi o anfiteatro com umas 4 ou 5 mil pessoas, falei que tinha tanta gente comigo ali naquele momento, que precisaria de outro anfiteatro”, numa referência aos pesquisadores do IB e colegas de trabalho que o ajudaram nessa caminhada vitoriosa.

Sarna da Batata e o estudo do controle

A doença é causada por uma bactéria chamada Streptomyces scabiei, que está presente em quase todos os países produtores de batata e vem causando prejuízos econômicos, pois consegue resistir ao ambiente e é difícil de ser controlada. Ela não faz mal à saúde humana, mas altera o aspecto da casca do tubérculo, dificultando a comercialização.

O trabalho foi conduzido de acordo com alguns princípios. Foram utilizados defensivos químicos já existentes e que são capazes de controlar a doença, para os casos de produtores que não querem mudar seu programa de manejo (pois têm afinidade com o produto do mercado), e o biológico, que além de mais seguro ao ambiente, reduz os valores de custos de tratamento (por ser mais barato que o químico), não gera resíduos ou alguma toxicidade à cadeia de produção ou biológica.

No estudo, duas linhagens da bactéria Pseudomonas sp. resistentes ao fungicida fluazinam, bastante utilizado pelos produtores de batata, foram testadas contra a S. scabiei, tendo sido feitos experimentos in vitro e in vivo.

Nos testes, os tubérculos tratados com as linhagens de Pseudomonas sp. mostraram redução da incidência da doença em cerca de 85% e da severidade da doença em aproximadamente 63%. No tratamento apenas com o produto químico, a diminuição da ocorrência e gravidade foram de 68,5% e 50%, respectivamente. Observou-se, portanto, uma maior eficiência de controle da doença na combinação das linhagens de Pseudomonas com o composto fluazinam. (Da SAA)

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