Roberto Samora e Gabriel Araújo
DE SÃO PAULO (SP)
A Associação Brasileira de Café Solúvel (Abics) avaliou como “extraordinário” para o setor o acordo entre UE e Mercosul anunciado nesta sexta-feira, que deve permitir que o país exporte 35% a mais para os europeus em cinco anos, disse o diretor de Relações Institucionais da entidade, Aguinaldo José de Lima. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em nota, também disse que o acordo vai gerar benefícios a exportadores de aves, suínos e ovos processados do Brasil.
Apesar de uma tarifa de 9%, a União Europeia é o segundo principal destino do café solúvel brasileiro, o que indica que o país já tem uma base importante para avançar mais no mercado europeu após o acordo com o Mercosul, acrescentou Lima em entrevista à Reuters.
A tarifa atualmente coloca o Brasil em “dificuldade” frente aos produtores europeus de café solúvel e também em relação ao Vietnã, que já tem um acordo com a UE, acrescentou ele.
O diretor da Abics explicou que a tarifa de 9% cairá 25% ao ano, segundo o acerto, chegando zerada ao quinto ano após a implementação do pacto.
Dessa forma, os embarques brasileiros de café solúvel, atualmente em 450 mil sacas/ano (equivalentes) aos europeus, poderiam crescer de forma importante. Anualmente, o Brasil exporta para todos os destinos 3,7 milhões de sacas (equivalentes).
Na avaliação do diretor da Abics, o acordo ainda pode viabilizar investimentos, ao mesmo tempo em que beneficia a indústria brasileira de café torrado e moído, que praticamente não exporta aos europeus e também foi incluída no acordo.
O Brasil, além de ser o maior produtor e exportador de café verde, também é líder na exportação de solúvel.
Um acordo comercial como esse permite a exportação de um produto com maior valor agregado, uma vez que o preço do café solúvel é 80% maior que o verde.
Aves, suínos e Ovos
Há pelo menos meia década o Brasil realizava investidas para embarcar carne suína e ovos processados brasileiros para o Bloco Europeu, destacou a associação.
A cota total de exportações de carne de frango será de 180 mil toneladas no ciclo de 12 meses, notou a ABPA.
“O volume acordado é expressivo, suficiente para que o Brasil mantenha sua posição com parceiro em prol da segurança alimentar europeia”, afirmou em nota o diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin, que acompanhou as negociações para o tratado em comitiva do Ministério da Agricultura em Bruxelas.
“O ano de 2019 marca um novo momento para o setor de proteína animal do Brasil, com a possibilidade de embarcar um fluxo maior para um dos mais relevantes mercados consumidores globais”, disse o presidente da entidade, Francisco Turra. (Da Agência Reuters)
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