Criada em 06/12/2021 às 07h52 | Negócios

Mesmo com aumento de preços, importação de vinhos segue subindo no Brasil

Empresário destaca que consumo no país aumenta, se estende a todo o país e vê muito espaço para crescer; chilenos seguem disparados líderes na preferência nacional. De janeiro a novembro, o Brasil importou 149 milhões de litros de vinho por US$ 442 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões).

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Conforme o presidente da Mistral Importadora e membro da Abrabe, Ciro Lilla, a média nacional ainda é de menos 3 litros de vinho por ano por habitante adulto, enquanto na Argentina, por exemplo, chega a 40 litos. (Foto: Divulgação)

Daniel Machado
De Brasília (DF)

O brasileiro está cada vez mais consumindo vinho e isso se reflete diretamente nas importações da bebida. Depois do recorde registrado em 2020 (https://norteagropecuario.com.br/noticias/importacao-de-vinhos/), o ano de 2021 está sendo melhor para o setor, mesmo com o aumento do dólar e também dos valores do vinho no mundo.

Esse crescimento sinaliza para uma tendência, pois, com a vacinação contra a Covid-19 avançando, os brasileiros puderam sair muito mais às ruas, os bares, restaurantes e as casas noturnas voltaram a funcionar a pleno e, mesmo assim, o consumo de vinho (uma bebida mais caseira) segue subindo.

De janeiro a novembro, o Brasil importou 149 milhões de litros de vinho por US$ 442 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões). O valor em dólar é 17% superior ao do mesmo período do ano passado, enquanto o volume é 8% maior. Além disso, em dinheiro, as importações já superam os pouco mais de US$ 421 milhões registrados em todo o ano de 2020, até então o recorde nacional.

Os dados foram apurados pelo Norte Agropecuário no Comex Stat, sistema oficial do governo federal para transações comerciais internacionais.

Consumo segue muito menor que na Argentina e países europeus

Apesar do aumento crescente, o consumo brasileiro segue muito menor se comparado a Argentina, países europeus e outros grandes consumidores de vinho. Conforme o presidente da Mistral Importadora e membro da Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas), Ciro Lilla, a média nacional ainda é de menos 3 litros de vinho por ano por habitante adulto, enquanto na Argentina, por exemplo, chega a 40 litros de vinho por ano.

“O consumo está aumentando até bastante, mas é muito pequeno. O Brasil ainda consome menos de 3 litros por ano por habitante, enquanto Argentina, países da Europa e outros consomem de 30 a 40 litros. A pandemia favoreceu muito as pessoas a ficarem em casa. As pessoas pedem comida em casa, um ambiente com a família e com os amigos, muito propício ao vinho”, explicou o empresário.

Ele ressaltou que há mesmo uma mudança de hábito no brasileiro e, assim, existe uma tendência de o consumo de vinho seguir crescendo, embora em velocidade menor por causa por causa da concorrência de outras bebidas, das baladas e etc. “Caso a gente triplique o consumo, ainda assim vai ser três vezes menos que Argentina, Portugal e Espanha”, reafirmou, ao lembrar que na Argentina e na Europa é normal a pessoa tomar vinho com frequência sempre que chega do trabalho, algo que apenas agora começa a ocorrer com algumas pessoas.

Um dos fatores que vem ajudando o setor no Brasil é a expansão do consumo por região. De acordo com Lilla, o consumo de vinho era muito centralizado no sul do país, mas agora se espalhou para o centro-oeste, norte, nordeste e sudeste. “Espalhou agora em todas as regiões”, ressaltou.

Para ele, o crescimento de 2021 é significativo e fora do esperado inicialmente.

Preços estão subindo no mundo inteiro

Todo esse cenário de ampliação das vendas ocorre paralelamente com aumento de preços. “Os fretes estão caríssimos, há falta de garrafas, de rolhas, de embalagens e outros itens”, explicou Lilla, ao destacar que isso acaba chegando no consumidor. “Não tem jeito. O produtor aumenta, o importador tem que pagar mais e claro que chega no consumidor”, salientou.

Levando em conta apenas a média de litro do vinho importado diretamente pelas empresas brasileiras, o aumento chega a cerca de 10% de US$ 2,70 em 2020 para quase US$ 3 agora. Além disso, tem que levar em conta a grande desvalorização do real em relação ao dólar no período, o que encarece qualquer importação.

“Se eu fosse uma uva, queria ter nascido no Chile”

O empresário é muito claro ao explicar o motivo de o vinho chileno ser, disparado, o preferido no país, com 39% das importações – bem mais que o dobro do segundo colocado, o argentino, que tem 17%. "O vinho chileno é, sobretudo, confiável. Dificilmente você vai mal no (vinho) Chile. Há 50 anos o vinho chileno é porto-seguro do consumidor brasileiro e lidera as importações. Deve seguir assim por muito tempo”, frisou Lilla.

Lilla enalteceu a característica do país andino, que se destaca muito na plantação das uvas Cabernet Sauvignon e Chardonnay, as uvas mais utilizadas no mundo para vinho tinto e branco, respectivamente. “Se eu fosse uva queria ter nascido no Chile. O clima é perfeito. Protegido pelos Andes de um lado, pelo Oceano Pacífico do outro. Praticamente todas as uvas se dão muito bem lá”, finalizou o empresário.

Principais países fornecedores de vinho ao Brasil de janeiro a novembro:

Chile – 39%
Argentina – 17%
Portugal – 16%
França – 9%
Itália – 9%
Espanha – 6%
Uruguai – 2%
Total de importação de vinho em dinheiro: US$ 442.469.787
Total de importação de vinho em volume: 149.100.144 litros

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