Criada em 25/08/2021 às 09h28 | Negócios

Madeira como material de construção é apontada como grande oportunidade, explica superintendente de associação

A palestra “Madeira como material de construção: percepções e expectativas do mercado” abriu as discussões, sendo apresentada por Paulo Roberto Pupo, superintendente executivo da Associação Brasileira de Indústrias de Madeira Processada Mecanicamente- Abimci.

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Paulo Roberto Pupo é superintendente executivo da Associação Brasileira de Indústrias de Madeira Processada Mecanicamente- Abimci. (Foto: Divulgação)

O segundo painel da 8ª edição do Workshop da Embrapa Florestas/Apre, no dia 10/08, teve como tema “Gestão e Negócios, sob a mediação de Edina Moresco, chefe de transferência e tecnologia da Embrapa Florestas.  A palestra “Madeira como material de construção: percepções e expectativas do mercado” abriu as discussões, sendo apresentada por Paulo Roberto Pupo, superintendente executivo da Associação Brasileira de Indústrias de Madeira Processada Mecanicamente- Abimci. Na palestra foram destacadas a atuação do setor de florestas plantadas, os desafios do mercado atual e futuro de suprimentos, e oportunidades de crescimento do setor.

Os plantios florestais ocupam 1,7% do total do país, equivalendo a uma área 8,5 milhões de hectares. Baseado nestes dados florestais brasileiros, Pupo apontou a evolução da área florestal plantada no Brasil, de 2009 a 2018, e a performance do setor, elogiando a eficiência de produção. “Eu diria que nós fazemos mágica com essa área e a Embrapa tem uma contribuição fundamental, pois se não fosse o trabalho de pesquisa, estudos e modernização, a gente não teria nem metade disso. Ela é uma entidade corresponsável por tornar o Brasil player mundial e nós temos um enorme potencial de melhor atender ao mercado nacional, juntamente com as nossas exportações”, frisou.

Gargalo

No entanto, Pupo lançou a questão sobre se o setor florestal seria autossuficiente para atender as tendências futuras, como, por exemplo, a da madeira estrutural. Em um quadro evolutivo da área florestal plantada no Brasil, foi mostrado o baixo crescimento das plantações de pínus, em comparação às de eucalipto. “O eucalipto, muito por eficiência do setor, tem subido suas demandas, de 4,5 para seis milhões, mas o pínus e as outras espécies estão praticamente estáveis, com baixo crescimento, comparado há 10 anos”, aponta. 

“Se considerarmos a produção média de 25 m³ por hectare/ano, nós temos a produção sustentada/ano de 230 milhões de toneladas e um consumo atual por ano de 170 milhões de toneladas. Setenta por cento do volume é eucalipto, ou seja, 120 milhões de toneladas, e 20% do volume é de pínus, ou seja, 34 milhões de toneladas. Pínus é o principal gargalo produtivo e de suprimento, especialmente na região Sul, onde está praticamente a totalidade da indústria de madeira instalada. Então, para tudo o que está sendo usado de pínus no país são essas mesmas 34 milhões de toneladas que nós temos usado há muitos anos”, enfatiza. 

A área plantada de eucalipto, voltado quase toda sua totalidade para produção de papel e celulose, corresponde a 5,92 milhões de hectares no Brasil. Já a área plantada de pínus equivale a 1,59 milhão de hectares, de acordo com o estudo setorial da Abimci, de 2019. Isso corresponde a 25% da floresta plantada, que é usada para outros fins, como siderurgia, biomassa, setor de madeira processada, papel e celulose, carvão vegetal, dentre outros. 

O superintendente da Abimci também destacou outras questões que corroboram para o gargalo produtivo do pínus, como o aumento efetivo de áreas para agricultura, a redução de áreas para pequenos produtores, a concentração de áreas destinadas ao segmento papel e celulose e a redução de ciclos florestais visando a maior produção de madeira fina.

Outro assunto abordado foi a importância da normalização da madeira processada, um trabalho que vem sendo realizado pela Abimci, visando à padronização dos produtos, como chapa de madeira compensada, painéis de fibras, pisos de madeira maciça, portas, etc. A normalização elabora normas técnicas e permite a isonomia competitiva entre fabricantes, o aumento do valor agregado, a diminuição de patologias e o maior consumo de produtos.

O Wood Frame como oportunidade

A alta demanda habitacional do país (déficit de 8 milhões de unidades) foi uma das oportunidade de crescimento para o setor, apontada por Pupo. “Baseado no número crescente de formação de famílias ao longo dos anos, a demanda por novas moradias é muito grande. Isso denota uma grande demanda por produtos engenheirados, como elemento estrutural para a construção civil”, frisa. 

Para tanto, Pupo enfatiza a necessidade de consolidação de um novo sistema construtivo, o wood frame, que seria um “divisor de águas”. O wood frame é uma técnica construtiva que utiliza perfis de madeira e placas estruturais para criar casas e edificações de até cinco pavimentos.

“É uma enorme oportunidade para toda a cadeia de floresta plantada, pois é um sistema com alto potencial construtivo, com velocidade de execução e sustentabilidade, podendo contribuir com a demanda nacional de habitação de forma dinâmica e rápida, e incentivar o aumento do consumo per capita de madeira no Brasil, bem como uso de novas tecnologias, pesquisa e desenvolvimento”, enfatiza.

Para que a madeira seja usada na construção civil, Pupo acredita que seu uso deva ser viabilizado de forma desburocratizada no âmbito governamental. “Precisamos consolidar e oficializar o sistema wood frame, e inclui-lo em linhas de financiamento em larga escala e em programas oficiais de governo, porque não adianta ter uma norma e não gerar potencial de negócios”, diz.

Outro ponto importante necessário para alavancar a produção, será a renovação do parque tecnológico, “um desafio gigante, pois precisamos de investimento, e de produção em escala, temos um gap de produtos estruturais no Brasil que tem aumentado, e temos que ter a excelência de instalação e a formação da mão-de-obra de instalação”.
 

Necessidade de suprimento

Outro ponto levantado na apresentação foi a indisponibilidade de madeira estrutural para atender à demanda atual e futura. “Precisamos criar isso a partir de investimentos na produção florestal para produtos estruturais. Se tivermos capacidade de organizar, é uma oportunidade de escala e lucratividade. O grande desafio nosso é unir esforços e mostrar, tanto ao governo, quanto ao setor investidor o nosso negócio, a modelagem, as proposições e a soluções, e isso só com a união de esforços da entidade”, finaliza. (Da Embrapa)

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