Apesar da redução do preço internacional das principais commodities, o Tocantins acaba de registar o maior valor da história para as exportações de janeiro a agosto, com US$ 2,28 bilhões (cerca de R$ 11,35 bilhões na cotação de quarta-feira, 6 de setembro). O valor, em dólar, é 5% superior ao registrado no mesmo período de 2022, que até então tinha o recorde para vendas externas nos primeiros oito meses de um ano com US$ 2,17 bilhões.
Dois fatores combinados explicam essa elevação nos valores alcançados com as exportações: o aumento do volume vendido de soja e milho para outros países e maiores compras das empresas chinesas (públicas ou privadas) junto ao Tocantins.
Até agora, o Estado comercializou para o exterior 3,15 milhões de toneladas de soja, por US$ 1,65 bilhão. O aumento em volume em relação aos dois primeiros quadrimestres somados de 2022 chegou a 17% e, em dinheiro, a 8%. No milho, que ainda tem muito para ser embarcado até o final do ano, já foram exportadas 827 mil toneladas por US$ 220,5 milhões – o volume é 92% superior comparado a 2022 e o valor chega a quase o dobro (99% maior).
Os aumentos nesses dois produtos acontecem por causa das maiores compras da China. Os chineses ampliaram as aquisições tanto da oleaginosa, quanto do cereal. Contando todas as exportações do Tocantins, a China, em 2023, é responsável por comprar US$ 1,45 bilhão (62%), montante US$ 203,6 milhões maior (16%) que o computado de janeiro a agosto de 2022.
Vendas de carne com queda acentuada
Na contramão da soja e milho, os dois principais ativos agrícolas tocantinenses, as exportações de carne tiveram reduções significativas o que, aliadas a queda do preço internacional, fez os números do comércio exterior de proteína animal caírem de forma acentuada.
De janeiro a agosto, o Estado vendeu para o exterior 57,6 mil toneladas de carne bovina por US$ 261,5 milhões. O volume é 12% inferior ao mesmo período de 2022 e, os valores, 33% menores.
Chineses líderes nos três itens
No momento, os chineses são líderes nas compras dos três itens do Tocantins. Na soja e na carne, a liderança é inconteste, com 75% e 63% respectivamente. No milho, cereal que até então o Tocantins não comercializava para o gigante asiático, agora a China também é a maior compradora, com 22%, 7 pontos percentuais a mais que a segunda colocada, a Arábia Saudita, e 10 pontos percentuais à frente de Espanha e Coreia do Sul.
Produção é boa e há gordura, mas preços precisam melhorar em 2024
Engenheiro agrônomo, professor e consultor, Corombert Leão de Oliveira ressalta que o ano em questão de preço para os produtores não está nada bom, mas há “gordura acumulada” de 2022 e a produção segue satisfatória. No entanto, ele foi claro ao destacar que o produtor rural não aguenta mais um ano com os preços abaixo do projetado. Além da queda em dólar, a desvalorização da moeda estadunidense perante o real também afeta os produtores.
Corombert também ressalta a participação chinesa na compra do milho. “O ano de 2022 está aquém do que nós gostaríamos Realmente os volumes exportados têm se mantido na média, o que nos impressiona no caso do milho é a China como grande compradora passando da Espanha e do Egito. Os preços praticados nas exportações são o grande problema esse ano. E como diz um grande produtor conhecido da gente ele fala: ‘olha preço a gente não pode não tem como brigar, é o preço que a população consegue pagar’. Agora nós estávamos com uma gordura, então dá pra aguentar 2023. O que não dá pra aguentar é outro ano ruim seguido no caso 2024”, salientou o especialista.
Especialista destaca grandes volumes de exportações
Corombert ressaltou que os volumes exportados têm sido altos, em especial comprando com a produção do Estado. Ele fez questão de destacar o posicionamento do Tocantins nas suas três principais commodities. “O Tocantins continua sendo o sexto maior exportador de milho, o nono maior exportador de soja e o oitavo maior exportador de carne”, detalhou Corombert, ao destacar que, no milho, o Tocantins vem crescendo as vendas externas de forma acelerada nos últimos cinco anos.
Clique aqui e ouça reportagem completa sobre o assunto, com o comentário de Corombert Leão de Oliveira na íntegra.
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