Criada em 25/05/2018 às 11h15 | Hortifruti

Greve dos caminhoneiros afeta abastecimento de hortifrútis em todo Brasil; movimento bloqueia estradas de Norte a Sul

Desde a última segunda, 21, caminhoneiros de todo o país iniciaram o movimento que promete finalizar somente após a redução da carga tributária sobre os combustíveis. Várias estradas foram e seguem bloqueadas, o que prejudica o escoamento da produção, como os hortifrútis.

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Supermercados começam a ficar desabastecidos de hortifrútis. (Foto Divulgação Web)

A greve dos caminhoneiros, que segue desde a última segunda-feira, 21, tem causado fortes reflexos em todo o País, como o desabastecimento nos postos de combustíveis, dificuldades de acesso nas principais rodovias e, sobretudo, no escoamento de frutas e hortaliças nas regiões produtoras até os centros consumidores.

Atacadistas da Ceagesp, o maior centro de distribuição de alimentos, relataram dificuldades em receber cargas de boa parte das frutas e hortaliças. Assim, receosos se os produtos chegariam ou não ao mercado, muitos produtores deixaram de colher até que a situação nas rodovias se normalize.

Confira, abaixo, o que a manifestação tem afetado, até então, para os Hortifrutis acompanhados pela HF Brasil:

ALFACE: Produtores de alface da região de Teresópolis (RJ) foram os mais impactados pelas manifestações. Se a greve continuar, muitos terão que descartar mercadorias devido à alta oferta e baixa saída. Por enquanto, os preços no atacado acompanhados pelo Hortifruti/Cepea estão sendo mantidos em relação aos da semana passada, porque a oferta é alta. Atacadistas também relataram que vários carregamentos foram cancelados pois há possibilidade de a Ceagesp não abrir nesta sexta.

BANANA: A greve segue afetando diretamente os produtores de banana que enviam suas cargas para longas distâncias, como Santa Catarina e Norte de Minas, além de colaboradores da Ceagesp – que cancelaram vários carregamentos ou estão parados nas estradas. Por conta disso, estoques na grande São Paulo estão sendo vendidos ao mesmo preço da semana passada: R$ 1,17/kg para a nanica e R$ 2,10/kg para a prata; a oferta, no entanto, deve ser bem limitada até sábado (26/05), caso o mercado não se estabilize.

BATATA: O mercado de batata está com preços altos devido à menor entrada, sendo que alguns boxes contam apenas com as sobras dos dias anteriores. Hoje (24), em São Paulo (SP), os poucos caminhões que chegaram à Ceagesp são de Minas Gerais (MG) e boa parte das vendas estão sendo feitas na própria região (para mercados e feiras locais). Os preços da batata padrão ágata especial, nesta quinta-feira, são de R$ 195,00/sc de 50 kg (alta de 14,71% em relação à quarta-feira).

CEBOLA: A paralisação dos caminhoneiros impactou negativamente todas as regiões produtoras de cebola acompanhadas pelo Hortifruti/Cepea nesta semana (21 a 25/05). A comercialização em Irecê (BA) foi prejudicada e a mercadoria não conseguiu ser levada a seus destinos – atacados regionais e de São Paulo, principalmente. A colheita na região baiana foi reduzida e as cebolas que já foram colhidas devem ser estocadas com o objetivo de evitar o descarte da hortaliça. Produtores interromperam a colheita para evitar maiores perdas, uma vez que o clima do Nordeste não é propício para o armazenamento dos bulbos.

Este cenário foi o mesmo para as regiões de Piedade e Divinolândia (SP) e Triângulo Mineiro. Como não houve negociação, a média de preços não reflete a realidade de volume disponível da hortaliça, uma vez que os produtores foram impossibilitados de escoar seu produto, gerando excedente nas roças. Além disso, cebolicultores relataram que a qualidade está melhorando, devido ao melhor desenvolvimento das cebolas que estão sendo colhidas neste momento. A média dos preços referente a segunda e terça-feira (21 e 22/05) em Irecê ficou em R$ 1,96/kg na roça (tendo em vista que o mercado paralisou a partir de quarta-feira).

CENOURA: Houve paralisação comercial, o que fez com que os produtores optassem por não realizar as colheitas programadas para a semana. O clima mais ameno e seco atual permite que as cenouras fiquem por mais tempo no solo, pois não gera grandes problemas na qualidade. Já os preços no Ceagesp estão e mantendo e os estoques foram vendidos aos preços de semana passada. A expectativa é de alta nas cotações até o fim da semana devido ao não abastecimento do mercado.

CITROS: No mercado de laranja, lima ácida tahiti e tangerina poncã, a dificuldade no transporte e abastecimento se intensificou na quarta-feira (23) – principalmente para destinos fora de São Paulo. Como parte das frutas colhidas no início desta semana permaneceu nos caminhões (paralisados nas estradas), produtores interromperam a colheita nos últimos dias, no intuito de evitar prejuízos, enquanto compradores temem não receber as cargas, caso as negociem. A comercialização, portanto, tem se limitado a cítricos que já estavam em estoque e, basicamente, ao mercado regional.

MAÇÃ: Para o mercado de maçãs, a paralisação nas rodovias impossibilitou os envios aos centros consumidores. Dessa maneira, a maior parte dos classificadores optou por encerrar suas atividades nesta semana. No atacado, os preços devem aumentar levemente, pois, mesmo com desabastecimento, não há forte demanda por parte dos consumidores.

MAMÃO: Para a cultura do mamão, a paralisação impediu o fornecimento das frutas nos principais centros atacadistas do Brasil. Os envios para São Paulo, por exemplo, foram limitados, afetando a comercialização. Houve relatos de que os caminhões não estão conseguindo sair das roças com mercadoria. Com isso, produtores diminuíram as colheitas, e aqueles que as realizam, estão estocando em câmaras frias para minimizar as perdas. Mamocultores afirmaram, ainda, que o escoamento regional é o único praticável no momento.

MANGA: A paralisação dos caminhoneiros está freando a distribuição da fruta no País todo, de forma que os mangicultores não estão colhendo e podem continuar sem colher até o fim da greve. Contudo, isso não significa que não há comercialização da fruta, uma vez que atacadistas de São Paulo ainda contam com um estoque significativo de manga, principalmente da variedade palmer. Ainda assim, há a ressalva de que os preços, por enquanto, tendem a se manter em relação à semana passada.

MELANCIA: Com a parada nos carregamentos, muitos melancicultores interromperam a colheita em Uruana (GO) e, consequentemente, não foram registrados preços na lavoura nesta semana. Ainda, há o temor de perda de frutas na lavoura devido ao avanço no ponto de maturação, com a dificuldade de escoamento.

Com a expectativa de normalização da greve dos caminhoneiros, a melancia pode se desvalorizar na próxima semana. Isso porque a retomada dos carregamentos poderá causar um acúmulo de frutas nos centros de comercialização devido ao elevado volume nas lavouras em ponto de colheita. Mesmo com as temperaturas amenas dos últimos dias, a qualidade pode ser afetada devido ao atraso na atividade de campo, já que a amplitude térmica elevada em Goiás costuma ter grande influência na maturação das melancias.

Outro fator que poderá impactar as cotações é o feriado de Corpus Christi (31/05) e o período de fim de mês, que tendem a retrair a demanda nos próximos dias.

MELÃO: A paralisação também afetou fortemente o mercado de melão nesta semana. Os envios da fruta para os principais centros consumidores foram cancelados e aqueles que conseguiram, no início da semana, ainda não chegaram nos atacados. Houve relatos de que a greve dos caminhoneiros impactou, inclusive, na saída de caminhões na Ceagesp. Assim, produtores estão visando comercializar a fruta nos mercados regionais, onde o escoamento tem sido levemente facilitado. Melonicultores afirmaram que a situação somente não foi pior, devido ao baixo volume disponível no mercado interno.

TOMATE: Na Ceagesp há a entrada de alguns caminhões de tomate da região de Sumaré e Mogi Guaçu (SP). No entanto, as incertezas quanto à venda desses produtos – tendo em vista que não há entrada de frutas e outras hortaliças – fazem com que os atacadistas, muitas vezes, dispensem os produtos, visto que os clientes não carregam apenas tomates. Há caminhões parados nas estradas e, provavelmente, os tomates podem estragar. A caixa de 20 kg do tomate longa vida 3A foi comercializada hoje (24), a R$ 72,50 (+14,05%).

UVA: Em algumas regiões, a paralisação das estradas permitiu apenas a comercialização para locais próximos das roças do estado de São Paulo, com o uso de caminhonetes pequenas – como o trajeto de Louveira até Campinas. Porém, em outras regiões produtoras, como Marialva (PR), nem mesmo o escoamento para mercados próximos é possível. O impedimento nas estradas está resultando no acúmulo de cachos maduros nos parreirais, e vem preocupando produtores. No Vale (PE/BA), algumas empresas estão negociando e estocando a fruta, porém, não foram realizados carregamentos para o mercado doméstico. Nos atacados, até hoje (24), os preços estão sendo mantidos, pois estão sendo comercializados os estoques das últimas semanas. (Da Ascom HFBrasil) 

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