Daniel Machado
De Brasília (DF)
A troca de governo no Brasil, com uma gestão que não ataca seus parceiros comerciais e fortalece os laços de respeito e amizade, será positiva para o agronegócio do país e do Tocantins. A opinião é do presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Andrew Tang.
Em entrevista ao Norte Agropecuário, ele ressaltou o fato de o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter uma relação sem agressões com os parceiros comerciais, abrindo portas a todo o mundo e sempre pensando em melhorar os negócios. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, adquirindo 27% das exportações nacionais, e disparada a maior compradora do Tocantins, com 52%.
Em 2022, os chineses completaram o décimo ano seguindo como líderes nas exportações feitas pelo Tocantins e o quinto com percentual acima dos 50%. No total, foram quase US$ 1,6 bilhão de vendas do Estado para a China.
Para Charles Tang, os negócios com o Tocantins têm tudo para aumentar agora com o governo federal sob novo comando e também pelo fim das medidas restritivas da pandemia que estavam vigorando na China. “Sim (pode aumentar os negócios com o Tocantins), especialmente agora que o novo governo brasileiro vai tratar bem seus clientes e principalmente quando é o seu maior cliente. Eu acredito que essa parceria irá crescer por duas razões. Primeiro, é aquilo que já falei: o Brasil tende a tratar bem seu maior cliente muito bem. Segundo, a pandemia que paralisou muita coisa nesses últimos três anos está passando, passando não no sentido de não ter novas variantes, mas finalmente desde dia 8 de janeiro a China abriu suas portas. Antes disso tinha que fazer quarentena e hoje você pode simplesmente ir pra China. E o presidente Lula sempre teve uma parceria muito boa com todos os outros países do mundo também vai voltar a ter uma excelente relação com a China”, destacou Charles Tang.
Para o presidente da Câmara Brasil-China, a carne bovina brasileira e tocantinense segue tendo um amplo mercado no país asiático. Desde o final de 2019, com a abertura do mercado de proteína animal bovina na China continental, as vendas externas do Tocantins aumentam exponencialmente, chegando a mais de US$ 585 milhões ao ano, sendo 72% (mais de US$ 418 milhões) para a China e outros 3% (US$ 15,7 milhões) para Hong Kong (região especial chinesa).
“Todo chinês quando vai no Brasil o que ele quer é experimentar é churrascaria. Agora tem churrasco na China, não é a mesma coisa do que no Brasil, mas a busca por uma boa refeição só aumenta e a China continua apreciando muito a carne brasileira e do Tocantins. O volume de consumo de carne bovina do China vai continuar crescendo e cada vez mais o povo, que está mais próspero, vai querer comer comida de maior valor agregado”, frisou Tang, ao ressaltar que esse crescimento vai ocorrer apesar de uns movimentos contrários a carne bovina por não ser considerada tão saudável como a carne de peixe.
Questionado se há espaço para consumo maior de carne bovina nas residências chinesas (hoje ela é mais restrita aos restaurantes), ele destacou que sim e explicou um processo parecido com o café. “Quando o Starbucks começou a vender café na China, há 20 anos, era muito chique tomar café, custava US$ 5 por xícara. Hoje, a carne bovina é assim, o jovem leva a namorada em um restaurante, se fazem reuniões de negócios. E o chinês está buscando mais valor agregado, mais luxo”, salientou o executivo.
Por fim, Tang reforçou seu otimismo com o novo governo brasileiro. “Eu só digo uma coisa: o Brasil tratando bem o seu maior cliente os exportadores todos vão se dar bem”, frisou, ao destacar que o presidente Lula tem um histórico de bom relacionamento internacional, amizade e parceria com os países que fazem negócios com o Brasil.
Clique aqui e ouça entrevista com Charles Andrew Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China.
Importância da China para o Tocantins em números e dados:
- China é a maior compradora do Estado há dez anos
- Nos últimos cinco anos, a China sozinha adquiriu mais de 50% das vendas externas do Tocantins
- Em 1998, a China comprou pouco menos de US$ 300 mil do Tocantins
- Em 2022, o valor subiu mais de 5,3 mil vezes e alcançou a cifra de US$ 1.596.377.051
- China atualmente é disparada a maior compradora de soja e carne bovina do Tocantins, os dois principais ativos agropecuários do Estado
Deixe um comentário