No desafio de combate às mudanças climáticas, as oportunidades do mercado de carbono - ancorado na obtenção de retorno econômico pela redução das emissões de gases de efeito estufa - precisam chegar aos produtores rurais brasileiros. Foi o que destacou André Guimarães, diretor-executivo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e representante da Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, durante painel sobre mudanças do clima no Global Agribusiness Forum (GAF), nessa terça-feira (24), em São Paulo (SP).
Guimarães disse que hoje ainda se desmata por um custo de oportunidade muito baixo. Em sua apresentação, o representante do Ipam e da Coalizão enfatizou o nexo entre florestas e produção agropecuária “Ou cuidamos de nossas florestas ou colocaremos em risco nossa agricultura”, frisou. “A Floresta Amazônica funciona como um regador para a agricultura”, disse ele, agrônomo e ex-vice-presidente de Desenvolvimento da Conservation International (CI) da divisão Américas, onde supervisionou a operação em dez países da América Latina.
Por outro lado, Guimarães também pontuou ações que estão sendo desenvolvidas no agronegócio brasileiro em busca de maior sustentabilidade na produção, com destaque para integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF), intensificação da produção, conversão de pastagens degradadas em lavouras, entre outros.
MUDANÇAS GEOGRÁFICAS
Também palestrante no painel, Jason Clay, vice-presidente de alimentos e mercados do World Wildlife Fund (WWF), alertou que as mudanças climáticas estão provocando alterações geográficas na produção agropecuária mundial, bem como reduzindo a produtividade no campo.
Como exemplos, ele citou lavouras de café na África, grãos nos EUA, arroz na Ásia, entre outras culturas e regiões. Segundo Clay, as soluções digitais, novas sementes, cultivares, biotecnologia são ferramentas para que a agricultura se adapte às mudanças climáticas. Entretanto, o diretor da WWF chamou atenção, ainda, para o fato, de que, na opinião dele, as universidades agrícolas não estão preparadas para gerar conhecimento na mesma velocidade em que estão ocorrendo as mudanças climáticas.
Moderador do painel, José Antônio Marcondes de Carvalho, secretário-geral de meio ambiente, energia, ciência e tecnologia do Ministério das Relações Exteriores (MRE), assinalou que o acordo de Paris relativo à mitigação das mudanças climáticas somente terá resultado com uma combinação de esforços entre todos os países. (Com informações do Global Agribusiness Forum)
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