Criada em 04/03/2022 às 10h23 | Agronegócio

Comunidade internacional impõe sanções financeiras contundentes à Rússia

Eventual interrupção do fluxo de exportação do fertilizante da Rússia para o Brasil poderá gerar inflação no custo dos alimentos. Segundo economista, o atual cenário vai gerar preços maiores para o Brasil.

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Aplicação de fertilizante no campo: eventual interrupção do fluxo de exportação do produto da Rússia para o Brasil poderá gerar inflação no custo dos alimentos. (Foto: Pixabay)

O economista, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e professor de Relações Internacionais do Ibmec, Márcio Sette Fortes, afirmou que a Rússia tenta “sobreviver financeiramente diante do sufocamento imposto pelas sanções” da comunidade internacional.

No entanto, segundo ele, as medidas russas “apenas tentam amenizar” a situação. “A exclusão da Rússia do sistema Swift de pagamentos internacionais, por exemplo, barra o país de fazer transações e pagamentos para bancos ocidentais. Hoje a Rússia está colocada na posição de pária financeiro”, declarou Fortes durante entrevista à rádio CNN Brasil.

“A cada dia que passa, é um custo a mais, não só de guerra, com deslocamento de tropas, mas também custos internos associados à elevação drástica da taxa de juros e encarecimento de crédito.” Para o professor, “a Rússia caminha para a estagflação, e o sufocamento provoca efeitos contundentes.”

Inflação

Fortes afirmou ainda que, para fora das fronteiras da Rússia, “há uma inflação muito forte, não somente por conta do petróleo. O que vamos ver agora é um acirramento desse processo inflacionário”, declarou o economista.

“Desde o ano passado, com a pandemia, houve uma disrupção das cadeias internacionais de transporte, além de atrasos e postergações de embarques, falta de contêineres, elevação do frete marítimo, etc. Tudo isso tornou o comércio internacional mais caro.”

Além disso, lembrou o diretor da SNA, houve uma pressão muito grande sobre a economia digital. “Por outro lado, a questão do petróleo não afeta somente o preço do combustível, mas também de seus derivados.”

Impacto

Segundo Fortes, o atual cenário vai gerar preços maiores para o Brasil. No agronegócio, o economista mencionou o exemplo dos fertilizantes.

“É um problema muito sério, em razão da nossa dependência para a importação de produtos que, em parte, se tornam escassos por problemas de embarques, decorrentes da própria guerra e das sanções, e por outro lado, vêm se valorizando no mercado internacional.”

“Compramos um recorde em fertilizantes em janeiro, e isso já é muito caro para nós”, acrescentou o especialista. “Pelas necessidades do agronegócio, haverá um efeito reflexo sobre a cadeia produtiva, encarecendo produtos que vão chegar à nossa mesa. Esses fertilizantes muito caros também ajudam a roubar a competitividade do produto brasileiro de exportação.”

Segundo o diretor da SNA, “o Brasil é um dos poucos países do mundo onde há vocação agrícola e, ao mesmo tempo, uma enorme dependência de insumo importado que vai fazer falta nas cadeias de fornecimento diante do acirramento da guerra.”

Commodities

Quanto à questão das commodities, Fortes disse que, se por um lado, as vendas externas estão com uma tendência de alta diante dos preços internacionais, garantindo boa remuneração para os exportadores, por outro lado “há um reflexo na comercialização interna do País”, principalmente em relação às carnes, cuja produção depende do uso do milho e da soja para ração.

“Nesse sentido também veremos um problema de inflação no setor de proteína animal”, ressaltou Fortes. “Isso sem falar nos problemas internos relacionados às condições climáticas que afetam as lavouras, com secas severas e chuvas intensas em diversas regiões. Tudo isso impacta os preços no mercado brasileiro.” (Da SNA)

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