Criada em 15/05/2023 às 09h01 | Agronegócio

Preços das commodities caem e prejudicam agricultores do Estado, ressalta Aprosoja; ouça

Ao avaliar exportações, presidente da entidade, Dari Fronza, lembra que insumos foram comprados com altos custos e agora há produtores com dificuldades para pagar as contas.

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Preços das commodities caem e prejudicam agricultores do Estado, ressalta Aprosoja. (Foto: Divulgação)

Daniel Machado
De Palmas (TO)

Queda dos preços internacionais (com influência da redução do dólar), exportações de soja 19% menores em volume e 14% em dinheiro (na moeda americana) estão criando um cenário de muitas dificuldades para os agricultores do Tocantins. O quadro foi passado ao Norte Agropecuário pelo presidente da Aprosoja-TO (Associação de Produtores Rurais de Soja e Milho do Tocantins), Dari Fronza.

Segundo ele, os insumos, no ano passado, foram comprados com valores altos e, agora, a produção está sendo vendida por quantias muito menores do que as projetadas. “Com relação a esse ano, com certeza a produção foi boa, mas infelizmente os preços caíram demasiado e nós plantamos uma safra (de soja) com um custo muito alto de insumos. Nosso custo de produção foi alto e infelizmente as commodities baixaram e tem bastante produtores que não conseguem fechar a conta. Isso também ocorre no caso do milho a mesma coisa, o milho desse uma barbaridade. Hoje estamos falando aí milho de R$ 40 a R$ 45 (a saca) para exportação, e também provavelmente não vão fechar os custos de produção”, lamentou o dirigente ruralista.

No primeiro quadrimestre do ano o Tocantins exportou 922,7 mil toneladas de soja por US$ 540,11 milhões. No mesmo período de 2022, a quantidade de oleaginosa vendida para fora do país foi de 1,2 bilhão de toneladas vendidas, que renderam US$ 628,38 milhões.

Os dados foram apurados e analisados pelo Norte Agropecuário no Comex Stat, sistema oficial do governo federal para transações comerciais internacionais.

Comparando apenas os períodos, o preço médio por tonelada em dólar até aumentou - 7% -, chegando a US$ 551 agora, contra US$ 521. Contudo, o dólar vem em frequente queda, o que afeta os agricultores e, além disso, os custos são calculados para o ano inteiro e, quando os ismos foram comprados, estavam bem mais caros e com a moeda estadunidense muito valorizada.

“Nossa produção também vem subindo, num ritmo lento, mas vem subindo à medida que as lavouras vão ficando mais velhas, o solo vai ficando melhor e vai produzindo mais. Mas, infelizmente, esse ano haverá menos dinheiro para dentro do nosso Estado, menos dinheiro para dentro do nosso Brasil, menos dinheiro no comércio tocantinense também. Quando lá fora acontecem problemas de baixar as commodities, infelizmente abrange não só os produtores, mas enfim toda a cadeia, toda a sociedade que de alguma forma se promove com o crescimento e pelo trabalho que é feito no campo”, destacou Fronza, ao ressaltar que o semblante é de tristeza em muitos produtores, com alguns, inclusive, deixando de plantar.

Veranico atrapalha produção de milho

Já o milho, que está em solo e tem colheita prevista para as próximas semanas, deve ter sua safra prejudicada por causa do veranico de abril e início do mês de maio. Algumas propriedades, segundo Fronza, ficaram mais de 20 dias só com sol forte e nada de chuvas. “As chuvas não foram parelhas. E agora no mês de abril também tem propriedade aí já com mais de vinte dias de veranico. Com certeza vai trazer grandes prejuízos para nossa produção de aqui no Estado. Como já falei, sempre dependemos de clima. Infelizmente o clima não ajudou e com certeza vem prejuízo aí. Eu já venho conversando com alguns deputados federais, estaduais e alertando para possivelmente o Tocantins entrar numa das maiores crises já vistas na agricultura do Tocantins”, destacou.

Falta de armazéns é outro fator negativo

Fronza frisou que outra preocupação da entidade é em relação a nossa logística e capacidade estática de armazenagem de grãos. “Praticamente todos os armazéns estão cheios de soja ainda e aqui alguns dias começa a colheita de milho e não tem onde agricultor colocar safra. Infelizmente a chuva em excesso durante a colheita ocasionou isso e então aí não houve tempo hábil para o carregamento dos navios. E, claro, nossa capacidade estática é muito baixa”, frisou o presidente da Aprosoja, ao destacar que é necessário trabalhar linhas de fomento incentivando os produtores a construir armazéns.

Confira, abaixo, os números de exportações de soja e milho de janeiro a abril:

Soja
Volume
2023 - 972,7 mil toneladas
2022 - 1,2 bilhão de toneladas
Redução - 19%
Dinheiro
2023 - US$ 540,11 milhões
2022 - US$ 628,38 milhões
Redução - 14%
Preço médio da tonelada exportada
2023 - US$ 555
2022 - US$ 521
Aumento - 7%
Principais compradores
China - 80%
Espanha - 10%
Arábia Saudita - 5%

Milho
Volume
2023 - 333,2 mil toneladas
2022 - 28,6 mil toneladas
Aumento: 1.065%
Dinheiro
2023 - US$ 97,6 milhões
2022 - US$ 6,36 milhões
Aumento - 1.433%
Preço médio por tonelada exportada
2023 - US$ 293
2022 - US$ 223
Aumento - 32%
Principais compradores de milho do Tocantins
Arábia Saudita - 18%
Coreia do Sul - 15%
China - 11%
Espanha - 11%

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