Criada em 13/01/2022 às 08h29 | Negócios

Para evitar apagão, Brasil importou mais de R$ 16 bilhões em energia elétrica em 2021

Maior valor da história representa aumento de 90% em relação a 2020; governo diz que medida foi fundamental para garantir fornecimento. O país precisou recorrer a outros dois vizinhos: Argentina e Uruguai.

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Maior valor da história representa aumento de 90% em relação a 2020. (Foto: Divulgação)

Daniel Machado 
De Brasília (DF)

Para evitar que um apagão atingisse o país durante o segundo ano da pandemia do novo coronavírus, o Brasil precisou importar, em 2021, a quantia de US$ 2,87 bilhões (mais de R$ 16,27 bilhões) em energia elétrica. O valor é de longe o maior da história para compra desse tipo de produto e representa um aumento de 90% em relação aos US$ 1,50 bilhão (R$ 8,54 bilhões na cotação desta segunda-feira, 10 de janeiro).

A informação foi apurada pelo Norte Agropecuário no sistema oficial de dados do governo federal. Desde junho do ano passado, o Norte Agropecuário já vinha alertando para gastos com importação de energia muito fora da curva.

A importação de energia, junto a outras medidas como acionamento de usinas termoelétricas, encarece a conta de luz da maioria dos brasileiros. Essas ações foram necessárias por causa da falta de chuvas no ano passado, que reduziram para níveis críticos a capacidade das usinas hidrelétricas do país de gerar energia.

Argentina e Uruguai ajudam a salvar o Brasil

Historicamente, o Brasil importa energia do Paraguai, muito por causa da administração conjunta da Usina Hidrelétrica de Itaipu. No entanto, no ano passado o país também precisou recorrer a outros dois vizinhos: Argentina e Uruguai.

Da Argentina, foram adquiridos US$ 1,06 bilhão (R$ 6 bilhões) em energia elétrica. O valor é disparado o maior registro desse tipo de compra junto ao país vizinho, sendo 31 vezes superior ao recorde anterior de US$ 34 milhões de 2020.

Já do Uruguai o Brasil comprou US$ 422,8 milhões (quase R$ 2,4 bilhões) de energia, valor mais de quatro vezes superior ao maior registro até então de US$ 91,5 milhões de 2017.

“Importação foi fundamental para a garantia de fornecimento de energia elétrica do país”, diz Ministério de Minas e Energia

Em resposta ao Norte Agropecuário, o governo federal, por meio do MME (Ministério de Minas e Energia), explicou a necessidade de se importar tanta energia. Segundo o Ministério, “o aumento considerável da importação de energia elétrica de países vizinhos (Argentina e Uruguai) decorreu das medidas tomadas pela governança do setor elétrico brasileiro para o enfrentamento do pior cenário de escassez hídrica da história do país”.

O governo foi muito claro ao classificar a importação como essencial para que os brasileiros não vivessem tempos de escuridão em 2021. “Em conjunto com outras medidas, a importação de energia foi fundamental para a garantia do fornecimento de energia elétrica no país”, diz a nota.

Por fim, o MME afirma que continua vigente, conforme decisão do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico), “a possibilidade de importação de energia elétrica como recurso adicional ao SIN (Sistema Interligado Nacional), sem substituição de geração de usinas termelétricas locais, tendo em vista os estudos prospectivos avaliados (periodicamente revistos) e os benefícios sistêmicos para o país advindos da medida”.

Ouça a reportagem completa clicando aqui

Importação de energia elétrica por ano:

2021 - US$ 2.874.958.163
2020 - US$ 1.509.648.100
2019 - US$ 1.533.671.056
2018 - US$ 1.783.958.228
2017 - US$ 1.798.723.682
2016 - US$ 1.772.762.760
2015 - US$ 1.692.995.667
2014 - US$ 1.721.081.084
2013 - US$ 1.855.245.444
2012 - US$ 1.845.347.765
2011 - US$ 1.754.392.403
2010 - US$ 1.590.571.568
2009 - US$ 1.642.899.922
2008 - US$ 1.634.725.882
2007 - US$ 1.599.936.552
2006 - US$ 1.352.471.349
2005 - US$ 1.224.289.840
2004 - US$ 1.069.197.731
2003 - US$ 1.037.316.941
2002 - US$ 1.134.625.188
2001 - US$ 1.128.037.432
2000 - US$ 1.085.333.087
1999 - US$ 1.077.980.946
1998 - US$ 1.078.213.644
1997 - US$ 1.053.333.852

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