Criada em 04/09/2018 às 18h18 | Agronegócio

“Pode ser mais salgado do que se espera”, afirma Hélio Sirimarco, vice-presidente da SNA sobre definição do tabelamento do frete

Durante palestra no evento Precificação de Combustíveis, organizado pela FGV Crescimento & Desenvolvimento, o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Hélio Sirimarco, alertou sobre os fortes impactos negativos que o tabelamento do frete já está causando ao agronegócio brasile

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O vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco, afirmou que o resultado do tabelamento do preço do frete “pode ser muito mais salgado do que se espera”. (Foto: Bianca Gens)

O vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco, alertou na sexta-feira (31/8) sobre os fortes impactos negativos que o tabelamento do preço do frete já está causando no agronegócio brasileiro. Segundo ele, o resultado deste tabelamento “pode ser muito mais salgado do que se espera”.

Sirimarco afirmou que os negócios no segmento de grãos já estão paralisados. Isto porque os produtores rurais não sabem exatamente quanto terão de desembolsar com o frete. Sem esta previsibilidade, os agricultores estão enfrentando dificuldades para fazer o cálculo do custo final de produção.

“Os agricultores começam a plantar a safra de verão agora em setembro, principalmente, a de soja. O produtor tem por hábito comercializar antecipadamente parte de sua safra. Destra forma, ele já vai administrando seus custos e receitas. Só que este ano, isto não está ocorrendo porque o produtor não sabe como calcular o preço do frete. O principal problema está num jabuti que colocaram no tabelamento: o frete de retorno”, explicou ele durante palestra no evento Precificação de Combustíveis, organizado pela FGV Crescimento & Desenvolvimento.

O tamanho do custo

Para quantificar o tamanho do problema, Sirimarco tomou como base um estudo feito pelo Cepea/USP, que fez simulações de quanto o preço do frete pesaria no bolso do agronegócio brasileiro. O levantamento aponta que o aumento de custo esperado para o transporte este ano pode variar de 70% a 154%.

Com base nestes dados, Sirimarco mostrou que, em um cenário em que todos os caminhões voltassem vazios dos portos, o aumento de custo chegaria a R$ 25.1 bilhão (154%).  Sem o frete, o acréscimo seria menor, mas igualmente impressionante: R$ 11 bilhões (70%).

Sirimarco mostrou que a soja teria um incremento nos gastos com transporte da ordem de R$ 13.9 bilhões. Esta elevação representa um aumento de 156% em relação aos valores de 2017.

Os custos para o escoamento da oleaginosa pode ser ainda maior porque se estima aumento, nas exportações, da ordem de 8.6%.

O milho, por sua vez, teria aumento nos custos de transporte da ordem de R$ 7.3 bilhões (166,3%), quando comparado com o mesmo volume de 2017.  Ainda no caso do cereal, Mato Grosso seria a região mais afetada. O estado é o maior produtor de milho e deve registrar incremento com os custos do frete de R$ 5.3 bilhões. Isto porque está mais distante dos principais portos para o escoamento do produto: Santos e Paranaguá.

Dependência do modal rodoviário

Ainda em sua palestra, Sirimarco destacou a grande dependência do agronegócio brasileiro no modal rodoviário, que chega a 42.3 %.

Ele lembrou que esta dependência faz com que o agronegócio brasileiro se torne menos competitivo quando comparado a países como os EUA.

“Nos EUA, a zona de produção fica no centro-oeste. Ali eles usam a hidrovia do Rio Mississipi para escoar a produção pelo porto de Nova Orleans. Também perdemos para a Argentina, que ganha em competitividade de transporte por ter distâncias menores”, disse ele. (Da Ascom SNA/Rio)

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