Criada em 23/08/2019 às 11h47 | Política brasileira

Para Blairo Maggi, retrocesso na política ambiental gera sérios riscos ao Brasil e perda de 20 anos de negociações com europeus

“Quem é contrário ao acordo vai usar esses argumentos para afastas esse acordo, o que é lamentável, porque foram 20 anos de trabalho, vários governos se passaram fazendo negociações… Perdem esse esforço, agora, significa retroceder muitos anos nas negociações”, lamentou.

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Blairo Maggi: “O Brasil depende muito das exportações agrícolas e pecuárias e, agora que a questão [da Amazônia] pesou, a tendência é que a relação entre os países fique cada vez pior” (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/Arquivo)


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A repercussão negativa ao redor do mundo com as queimadas na Amazônia e a consequente ameaça de países europeus de suspender o acordo entre Mercosul e União Europeia prejudica trabalho de mais de 20 anos de negociações do Brasil. A afirmação é do agropecuarista, ex-ministro da Agricultura, ex-senador e ex-governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, em entrevista à Rádio Jovem Pan. “Quem é contrário ao acordo vai usar esses argumentos para afastas esse acordo, o que é lamentável, porque foram 20 anos de trabalho, vários governos se passaram fazendo negociações… Perdem esse esforço, agora, significa retroceder muitos anos nas negociações”, lamentou.

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Maggi afirmou estar pessimista sobre o acordo de livre comércio. Boicote econômico ao Brasil já foi ventilado por França e Finlândia, por exemplo. “Desde que eu me conheço por gente, a gente trabalha, no mercado internacional, a questão da Amazônia e do desmatamento. Ela sempre foi colada como uma prioridade para que o Brasil e o governo brasileiro fizessem negócios fora. Com todo esse movimento, isso retrocedeu. Essa garantia que dávamos a governantes e a empresários, através do nosso controle, está muito em evidência agora. Então, as ameaças contra o Brasil são reais”, disse.

De acordo com ele, o discurso do governo federal acabou criando uma imagem de “instabilidade e liberalização”, ou seja, transmite a ideia de que as atividades ilegais, como o desmatamento, agora estão permitidas. “A gente sabe que não é isso, que não mudou a legislação, mas, com esse discurso, talvez os menos avisados achem que agora podem fazer”, ressaltou. “O Brasil depende muito das exportações agrícolas e pecuárias e, agora que a questão [da Amazônia] pesou, a tendência é que a relação entre os países fique cada vez pior”, complementou.

Para ele, o jeito de reverter a situação é retomando um trabalho que já havia sido feito anteriormente. “Tínhamos avançado bastante. Os próprios mercados e ONGs [Organizações Não Governamentais] tinham entendido que o Brasil fez um esforço para separar o agronegócio, que é uma produção sustentável, do que é grilagem, do que é ilegal. Agora, as empresas e o governo vão ter que sair de novo mundo afora tentando demonstrar e provar que tudo o que está acontecendo é ilegal e será combatido”, afirmou.

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