Criada em 27/01/2021 às 05h27 | Agronegócio

Indicado ao Nobel da Paz, Alysson Paolinelli trabalha para tecnologia melhorar vida de agricultores de subsistência

“São 4.5 milhões de propriedades, principalmente no Nordeste e na Amazônia, que ainda não têm conhecimento das evoluções que o Brasil fez. São agricultores de subsistência, que não têm renda superior a 2/3 do salário mínimo, e isso é muito triste”, afirmou o ex-ministro da Agricultura.

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Alysson Paolinelli: “Preciso que os líderes e os agricultores no ajudem a levar o País ao conhecimento do mundo e também mostrar o que estamos fazendo para sermos realmente desenvolvidos e socialmente equilibrados”. (Foto: Divulgação)


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O ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz de 2021. Seu nome foi protocolado no Conselho Norueguês do Nobel (The Norwegian Nobel Committee), pelo diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), professor Durval Dourado Neto.

Ao lado de vários representantes do agro, Dourado participou nesta terça-feira de uma coletiva de imprensa online, organizada pela Esalq, para detalhar informações a respeito da escolha de Paolinelli. O encontro foi coordenado pelo engenheiro agrônomo e analista de mercado Ivan Wedekin.

A indicação de Paolinelli, segundo Dourado, se justifica “pelo legado do ex-ministro em transformar o Brasil em potência mundial do agronegócio e fornecedor global de alimentos, e por sua liderança, como catedrático da Esalq, na realização do projeto Biomas, que prevê o aumento da produção de alimentos até 2050, para atender à crescente demanda mundial”.

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Nesse contexto, Dourado destacou algumas das principais realizações de Paolinelli de repercussão internacional, entre elas o desenvolvimento e a ocupação econômica do Cerrado brasileiro e a consolidação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O diretor da Esalq disse que Paolinelli “é o técnico que reinventou a agricultura brasileira, um líder independente que sempre norteou suas ações com base na ciência, na pesquisa e na tecnologia, e que colocou em prática políticas que instrumentalizaram o combate à fome no Brasil e no mundo, promovendo, com isso, a paz”.

Atualmente, o ex-ministro preside o Instituto Fórum do Futuro, voltado para a implantação da agricultura tropical sustentável no Brasil.

QUADRO PREOCUPANTE

Ao agradecer sua indicação, que recebeu o apoio de 24 países e de diversas instituições, Paolinelli disse que todos os projetos de inovação realizados em prol da agricultura no País, com geração e transferência de novas tecnologias, tiveram o reconhecimento dos produtores brasileiros, mas deixaram de contemplar um grande número de proprietários rurais.

“Hoje há um quadro que me preocupa. Estatísticas de 2017 mostram que a agricultura que fez essa grande revolução é representada por apenas 842 mil propriedades, capazes de competir no mercado. Por outro lado, 4.5 milhões de propriedades, principalmente no Nordeste e na Amazônia, ainda não têm conhecimento das evoluções que o Brasil fez. São agricultores de subsistência, que não têm renda superior a 2/3 do salário mínimo, e isso é muito triste”, afirmou o ex-ministro, que defendeu a ajuda tecnológica a pequenos produtores.

Apesar disso, ele se mostrou confiante com as oportunidades geradas por novos mercados para esse modelo de agricultura, especialmente aqueles que buscam alimentos de melhor qualidade, mais naturais e produzidos pela mão do homem, ao contrário de máquinas.

“É uma nova frente que se abre à agricultura de subsistência no Brasil, e que deve ser instruída com tecnologia para que possa se reencontrar. Sonho com isso e pretendo intensificar minhas ações para resolver esse gravíssimo problema”, disse Paolinelli.

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Além disso, o ex-ministro falou sobre a importância da imagem da agricultura brasileira e reforçou sua intenção de levar para o País e o mundo informações sobre “a produtividade de uma nação ordeira, que trabalhou para ter condições de oferecer ao mundo a garantia de um alimento produzido com alta sustentabilidade, sem prejudicar os recursos naturais”.

“Estamos fazendo o Fórum do Futuro”, ressaltou o ex-ministro. “Estou cada vez mais convencido de que a agricultura tropical sustentável é a grande saída. Em 2030 teremos mais de dois bilhões de pessoas com muito mais renda, que poderão se alimentar muito melhor”.

Segundo Paolinelli, duas tecnologias poderão atender à toda demanda mundial por alimentos: sistemas de irrigação, com previsão de aumento do número de hectares atendidos, e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) com a incorporação da produção de grãos, o que irá permitir a recuperação de áreas degradadas e a promoção de alimentos de qualidade, com a garantia do carbono zero.

“Preciso que os líderes e os agricultores no ajudem a levar o País ao conhecimento do mundo e também mostrar o que estamos fazendo para sermos realmente desenvolvidos e socialmente equilibrados”, concluiu o ex-ministro.

PAI DA AGRICULTURA

“Na minha visão como produtor rural, Paolinelli é hoje o maior brasileiro vivo”, disse, durante a coletiva, o coordenador do Centro de Estudos em Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro) e titular da Academia Nacional de Agricultura, Roberto Rodrigues. Na ocasião, ele também reforçou a importância do ex-ministro para o desenvolvimento do agro brasileiro. “É o pai da agricultura moderna”.

O acadêmico falou ainda sobre todo o processo técnico para a indicação de Paolinelli e anunciou a preparação de um livro, pela equipe de Ivan Wedekin, da Esalq, sobre o trabalho desenvolvido pelo ex-ministro à frente da agricultura brasileira.

Uma campanha de comunicação foi iniciada nas redes sociais para promover a indicação de Paolinelli. O nome do ganhador oficial do Prêmio Nobel será conhecido no início de outubro. (Da Esalq/USP)


 
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