Exatamente um ano e 16 dias depois de ter recebido uma das maiores críticas de um líder ruralista por ter ficado ao lado da presidente Dilma Rousseff durante o processo de impeachment, a ex-ministra da Agricultura e senadora Kátia Abreu deu o troco.
Em discurso na noite dessa quarta-feira, 3, na tribuna do Senado, ela criticou duramente a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) por ter apoiado a volta da cobrança do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), a qual classificou como “perversa” para o setor agropecuário. “Eu não compactuei com essa traição, com essa imoralidade que foi praticada por aquela Casa, pelo presidente João Martins. Isso, sim, é uma traição aos produtores rurais”, disse a senadora.
Ao se referir ao termo “traição”, Kátia Abreu remete ao período do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Na época, João Martins afirmou que Kátia Abreu, então ministra da Agricultura, “traiu a classe” ao ficar ao lado da petista enquanto maior parte da classe ruralista apoiou a saída da ex-presidente. “Hoje a CNA, no Brasil inteiro, está pagando o pato pela sua má conduta, sem consultar a diretoria da Casa, sem consultar as federações de agricultura”, completou.
Licenciada da CNA desde janeiro de 2015, quando assumiu o Ministério da Agricultura no segundo governo de Dilma, a parlamentar foi substituída na confederação por Martins, seu vice em dois mandatos na entidade.
Ela comentou também sobre as vaias que recebeu de produtores durante a audiência pública. “Paguei hoje o prejuízo de uma vaia, assim como todos os representantes da CNA foram vaiados. Claro que me associam à CNA”, disse.
PROJETO DE RESOLUÇÃO
Kátia Abreu apresentou o Projeto de Resolução 13/2017 para suspender a Lei do Funrural, julgada constitucional pela Supremo Tribunal Federal (STF). A matéria será analisada já na próxima quarta-feira (10) pela Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado, com parecer favorável do relator Jader Barbalho (PMDB-PA).
A senadora destacou que a manutenção da cobrança do Funrural afetará o setor de maneira insuportável, atingindo principalmente os pequenos e médios produtores rurais do Brasil. “Faturar não significa lucrar. Eu posso vender, eu posso faturar e ter um enorme prejuízo, mesmo que eu esteja faturando alguns milhões de reais. Então, não é justo que eu seja tributada no faturamento, mesmo porque a grande maioria dos produtores rurais do País – 86% dos produtores do País – é composta de pequenos produtores”, explicou. (Com informações da assessoria de imprensa)
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