Criada em 28/01/2022 às 12h35 | Pesquisa

Novo método de avaliação do solo identifica fatores que limitam a produtividade

Avaliação envolve o índice de qualidade estrutural do solo (IQES) e a taxa de infiltração estável de água no solo. O método pode ser reproduzido por cooperativas, órgãos de assistência técnica e empresas para fazer uma análise ampla da qualidade do solo.

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O método permite diagnosticar a qualidade do manejo e a fertilidade do solo para identificar fatores que limitam a produtividade, a estabilidade de produção e a lucratividade. (Foto: Esmael Lopes dos Santos)

A Embrapa desenvolveu um novo método de diagnóstico para avaliar o impacto do uso de tecnologias na fertilidade do solo. A ferramenta consegue identificar fatores que limitam a produtividade e afetam a estabilidade de produção. A metodologia proposta foi validada em áreas agrícolas do Paraná, em parceria com a Cocamar Cooperativa Agroindustrial.

"Constatamos que os aspectos essenciais para aumentar a produtividade, garantir estabilidade de produção e reduzir os impactos ambientais decorrentes das atividades agrícolas estão relacionados à melhoria da fertilidade integral do solo (física, química e biológica), à cobertura permanente do solo e à adoção de diferentes práticas conservacionistas, como o terraceamento e o cultivo em nível, por exemplo”, explica o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Soja, Alvadi Balbinot Júnior.

Renato Watanabe, gerente executivo técnico da Cocamar, conta que esse trabalho procura mostrar que ações adequadas de manejo de solo trazem mais segurança aos agricultores e contribuem para melhorar a qualidade do meio ambiente como um todo. “Quando pensamos em uma agricultura tropical, pujante e capaz de alimentar o mundo, sabemos que ela está diretamente ligada à qualidade dos solos, o que promove aumento de produtividade e redução de custos”, destaca Watanabe. “A sustentabilidade de todo o sistema de produção passa pela capacidade de realização de um plantio direto de qualidade, algo que, infelizmente, foi ‘simplificado’ pelos produtores, devido a alguns fatores, perdendo a sua essência”, afirma.

Os indicadores propostos na metodologia são o índice de qualidade estrutural do solo (IQES), que é determinado por meio do Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES) e a taxa de infiltração estável de água no solo. “Uma grande vantagem é que o método pode ser reproduzido por cooperativas, órgãos de assistência técnica e empresas para fazer uma análise ampla da qualidade do solo, identificando gargalos que dificultam o aumento da produtividade, da estabilidade de produção face à ocorrência de adversidades climáticas e da rentabilidade nas diferentes regiões em que atuam”, afirma Balbinot.

Em busca do máximo potencial genético

De acordo com o pesquisador Júlio Franchini, da Embapa, avaliações sobre a produtividade média da soja e do milho segunda safra, principais culturas agrícolas do Paraná, mostram que elas não atingem o potencial genético, principalmente, por falta de água para atender as necessidades das plantas. Em 16 safras (1999/2000 a 2014/2015), avaliadas no Paraná, Franchini estima que a ocorrência de secas ocasionou perdas de 20,8 milhões de toneladas de grãos de soja. “Há estudos mostrando que é de aproximadamente 85% a diferença entre a produtividade potencial e a observada na planta, devido à deficiência hídrica”, explica. “Isso significa que, mesmo em safras consideradas “normais” do ponto vista climático, a produtividade das culturas de grãos no Paraná tem sido limitada pela falta de água”, avalia o pesquisador.

Nesse sentido, Franchini destaca que o aumento da produtividade e a estabilidade de produção estão associados, em grande parte, à adoção de tecnologias que aumentem a disponibilidade de água às plantas. “Isso envolve a construção de um perfil de solo sem impedimentos ao crescimento radicular sejam eles físicos (compactação), químicos (acidez excessiva, com baixos teores de cálcio, fósforo e presença de alumínio tóxico) ou biológicos (fitonematoides e fungos fitopatogênicos), possibilitando assim um maior volume de solo explorado em busca de água, sobretudo nas camadas mais profundas”, explica Franchini. (Da Embrapa)

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