Em meio a projeções de aumento na produção de grãos, que devem chegar a 26,5 milhões de toneladas em dez anos (crescimento de 29,5%), o projeto de desenvolvimento do Matopiba segue sendo alvo de críticas de alguns setores na mesma proporção do avanço de sua atividade.
A mais recente crítica vem do líder nacional do MST (Movimento dos Sem Terra), João Pedro Stédile. Em entrevista ao jornal O Dia, de Teresina (PI), ele disse esperar “reação da população” ao projeto. “Espero que a população da região reaja e impeça de que o sul do Piauí, o sul do Maranhão, o oeste da Bahia, se transforme num grande monocultivo onde só vai dar soja, e mais nada”, disse Stédile ao repórter João Magalhães, de O Dia.
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Na entrevista, o coordenador do MST cita que “já tem circulado, até pela Embrapa, que a região tem um bioma que não suporta agricultura intensiva, como é a soja, com muito veneno, muita mecanização, que exige também muita agua”. “O que biólogos e agrônomos estão dizendo é que é besteira achar que a soja e o milho têm futuro nessa região, plantada dessa forma, porque logo, logo, vai faltar água. Seja no subsolo, seja porque ao botar monocultivo da soja, ela altera o clima da região e altera também o regime da chuva”, declarou.
Recente estudo do Ministério da Agricultura e da Embrapa, entretanto, aponta que a região tem “acentuado potencial de produção de grãos”.
CRÍTICAS À KÁTIA ABREU
A questão política também foi tema da entrevista ao O Dia. Além de críticas ao governo Michel Temer, chamado de “golpista”, Stedile criticou o projeto de desenvolvimento do Matopiba idealizado pela ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu, senadora pela Tocantins.
“Esse projeto do Matopiba é de autoria e pensamento da senadora Kátia Abreu, do Tocantins, que felizmente não está mais no governo e que a Dilma nunca deveria ter colocado ela”, afirmou. “Um dos erros da Dilma foi ter se aliado a ela, tanto que a Dilma não teve o apoio e o voto de nenhum parlamentar do Tocantins, fora o da Kátia Abreu. Então a senadora sonha em transformar toda essa região chamada de Matopiba numa grande fazenda. E o pior, entregar parte dessas terras para o capital estrangeiro, que é o que o governo golpista está completando o serviço que já estava previsto no projeto de Kátia Abreu. Felizmente, a natureza está do nosso lado”, complementou.
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