Criada em 30/08/2018 às 00h40 | Política brasileira

Na CNA: Henrique Meirelles critica burocracia e oposição ideológica nas normativas que regem a reforma agrária no Brasil

“Existem diversos projetos que podem facilitar a resolução dessa questão, como por exemplo, a titulação fundiária. Então nós temos que desburocratizar e estabelecer um modelo de maior eficiência e desenvolver um programa de regularização fundiária", afirmou o ex-ministro.

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Henrique Meirelles: "Se nós usarmos o nosso ponto de maior força, que é o setor agrícola, não há dúvida que seremos competitivos" (Foto: CNA\Divulgação)

O candidato a presidente do Brasil pelo PMDB, Henrique Meirelles, criticou a burocracia e oposição ideológica nas normativas que regem a reforma agrária do país. Ele participou nessa quarta-feira, dia 29, do Encontro com os Presidenciáveis 2018 promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Conselho do Agro, em Brasília.

A primeira pergunta direcionada ao candidato foi com relação ao que pretende fazer com a reforma agrária, caso seja eleito. Meirelles defendeu o respeito à propriedade privada como sendo um direito individual. Ele respondeu: “Existem diversos projetos que podem facilitar a resolução dessa questão, como por exemplo, a titulação fundiária. Mas há muita burocracia e oposição ideológica desse processo dentro das estruturas normativas. Então nós temos que desburocratizar e estabelecer um modelo de maior eficiência e desenvolver um programa de regularização fundiária. Precisamos olhar pra frente e fazer agricultura e administração pública inteligente. Existe uma saída e pesquisas importantes que comprovam que o reflorestamento da Mata Atlântica não teria problema nenhum com a produção. Podemos manter a floresta, protegendo onde está, mas regularizando toda a questão fundiária da região, dando segurança jurídica no campo. Usando tecnologia, satélite, fazendo mapeamento com sistema de informação, com forças de deslocamento rápidas, garantindo a segurança à propriedade privada. Isso é fundamental para o crescimento da produção. Portanto, esse é um compromisso que vamos prosseguir”.

ACORDOS COMERCIAIS

Quando questionado sobre a abertura de novos mercados e o aumento da participação do Brasil no comércio internacional, Meirelles disse que será necessário investir na promoção comercial do país. A sua resposta foi: “Temos que de fato criar condições para que o Brasil seja mais importante na cadeia produtiva internacional, mas para isso precisamos abrir a economia, importar tecnologia e tornar o mercado competitivo. Quando estive na China, uma das coisas que me impressionou foi que alguns alimentos que o Brasil tem excelência em produzir perderam espaço por falta de agressividade, políticas comerciais adequadas e defesa de imagem. Então nós temos que fazer política de governo, revendo a cadeia de tributação, para que não haja incidência de imposto na exportação. De maneira que, com mais tecnologia, diminuição de carga tributária, promoção comercial possamos ter condições de ampliar os negócios. É uma integração de diversas políticas, que precisam de um governo competente, com informação e, principalmente, capacidade de negociar. Se nós usarmos o nosso ponto de maior força, que é o setor agrícola, não há dúvida que seremos competitivos. Eu sempre acreditei que cada país tem que usar seu potencial, sua vantagem. Se nós temos terra, tecnologia, produtores e condições climáticas, então podemos ser o celeiro do mundo. Vamos trabalhar nessa direção e chegar lá”.

DEFESA AGROPECUÁRIA

Sobre sua proposta para a estruturação da defesa agropecuária aqui dentro do país e nas fronteiras, o candidato afirmou que o Brasil precisa investir em tecnologia para monitorar as divisas com o país: “Nós temos várias coisas para fazer. Primeiro, investir em alta tecnologia, como satélite geoestacionário, que permite uma série de usos. Um deles é a questão de informações e outro o monitoramento das fronteiras. Precisamos usar a inteligência, temos que monitorar a fronteira, fazer isso de forma eletrônica e com movimentos de intervenção do governo. Existem recursos para isso, precisamos organizar e integrar as áreas do governo, desde o Ministério da Agricultura até áreas da Polícia Federal e Itamaraty, visando uma negociação séria com os países vizinhos. Temos que estabelecer metas, medir essa questão, saber tudo o que está entrando no país de diversas formas que prejudica o setor agro. É fazer a ação rápida, desde a identificação através do satélite, até o monitoramento direto. Precisamos de negociações duras com as fronteiras. Temos que ter objetivos claros e diretos, mais informação, prevenção e foco. O governo tem que ter objetivos específicos para trabalhar e para usar a negociação como parte de instrumentalização geral, pois estamos falando de segurança nacional e econômica do país. E isso é algo que vamos assegurar”.

INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA

Meirelles também foi questionado sobre quais ações serão implementadas para garantir investimentos com vistas à modernização da malha rodoviária, ferroviária e hidroviária e a redução das tarifas e pedágios. Ele respondeu o seguinte: “Certa vez fui a um seminário internacional de investidores e infraestrutura representando o Brasil. A ideia era mostrar o que existia de oportunidade de investimento no país, então mostrei um vídeo que surpreendeu a todos. Uma filmagem que mostrava uma estrada no Centro-Oeste, com uma fila enorme de caminhões carregados de soja. Os buracos na pista eram muitos, que até compensava sair da estrada, mas uns atolavam e outros passavam. Eu disse aos investidores: aqui tem uma boa e uma má notícia. A má noticia é que existe uma estrada que é péssima e adiciona custo e tempo. A boa notícia é que tem demanda para investimento e infraestrutura e se tem demanda, tem retorno de investimento. Todos me olharam estranho, mas na segunda vez que mostrei o vídeo, ao invés de olharem para os buracos, eles observaram os caminhões carregados de soja. O que quero dizer é que temos condições de atrair investimento, não só para rodovias, mas para hidrovias e ferrovias, para termos assim, uma diversificação de todo o modal. Podemos atrair capital internacional para investimento em infraestrutura e privatizar os modais, só precisamos de confiança e credibilidade dos investidores”.

O ENCONTRO

Quatro candidatos à Presidência da República nas eleições deste ano apresentaram as propostas para o setor agropecuário nessa quarta-feira, dia 30. Alvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede) participaram do evento e destacaram o que pretendem fazer para solucionar os gargalos do setor caso vençam o pleito em outubro.

Além de apresentar as proposta do setor, os candidatos receberam o documento “O Futuro é Agro 2018-2030”, elaborado pelas 15 entidades que integram o Conselho do Agro. (Com informações da CNA)

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