Criada em 30/08/2018 às 01h07 | Política brasileira

"Discordo que a gente flexibilize regramentos", diz Marina Silva sobre uso de defensivos agrícolas; ela defende normas da Anvisa

Em relação à produção agropecuária com menos emissão de carbono e o desmatamento zero, a candidata do Rede Sustentabilidade reforçou que é possível aumentar a produção por meio do aumento de produtividade com desmatamento zero.

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Marina Silva: "A Anvisa e o Ibama precisam ser devidamente capacitados para ter agilidade sem perda de qualidade. E isso nós vamos fazer” (Foto: CNA\Divulgação)

A candidata à Presidência da República pelo Rede, Marina Silva, participou nessa quarta-feira, dia 29, do Encontro com os Presidenciáveis 2018 promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Conselho do Agro, em Brasília.

Sobre o uso de defensivos agrícolas na atividade agrícola necessário para a produção de alimentos em larga escala, a candidata disse que está de acordo com as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e que é necessário ter mais servidores para garantir novos registros de pesticidas. “Tudo aquilo que estiver de acordo com a Anvisa é o que está disponível. Eu discordo é que a gente flexibilize regramentos, pois o que não é bom para os europeus e para os americanos, não é bom para os brasileiros. E o que não é bom para os europeus e americanos com certeza atrapalhará os nossos negócios no mercado externo. Os requerimentos deles são altíssimos e nós precisamos cumprir esses requerimentos tanto do ponto de vista dos agrotóxicos quanto do ponto de vista sanitário, dos valores nutricionais. Todos nós já sofremos com algum tipo de relativização", declarou. "Em relação à liberação, que há uma reclamação de que há uma demora para a liberação sobretudo dos novos insumos, tem alguma verdade, mas a maior parte do problema não é bem assim. O nosso problema é a falta de servidores. Nós temos apenas 22 servidores para fazer essas avaliações, enquanto nos Estados Unidos existem 800 funcionários de alta especialidade. A gente tem mania de economizar tostões para investimentos que valem bilhões. Não é custo, mas sim investimento. A Anvisa e o Ibama precisam ser devidamente capacitados para ter agilidade sem perda de qualidade. E isso nós vamos fazer”, complementou.

TECNOLOGIA E INFORMAÇÃO

Quando questionada sobre a disponibilidade de acesso de telefonia e Internet ao meio rural como ferramenta para a transformação, a candidata afirmou que a tecnologia é fundamental para as atividades agropecuárias e fixação dos jovens nas propriedades: “A Internet é fundamental na zona rural porque é preciso estar conectado para fazer negócios e para a prevenção de problemas graves que assolam todos nós como as mudanças climáticas para poder criar uma rede de solidariedade. Quando fui ministra do Meio Ambiente, em parceria com o Ministério de Comunicação, levamos um sistema de Internet para aldeias. A Internet é fundamental. Boa parte da nossa juventude não permanece no campo, não dá continuidade ao legado de seus pais, por falta de escola, de estudo e porque não estão conectados. Se a gente tiver capacidade de possibilitar aos jovens os meios para que eles se sintam integrados nesse mundo altamente conectado, a gente não só assegurará os negócios como também os legados. Isso é uma prioridade. Eu fui a Portugal e vi que a zona rural portuguesa está ficando vazia, fui à Espanha e vi a mesma situação. Não quero que isso aconteça no Brasil”.

DESMATAMENTO ZERO

Em relação à produção agropecuária com menos emissão de carbono e o desmatamento zero, Marina Silva reforçou que é possível aumentar a produção por meio do aumento de produtividade com desmatamento zero. Ela respondeu assim: “Quando ocorreu a aprovação do Código Florestal, os produtores fizeram um manifesto dizendo que, se fosse aprovada a mudança no Código Florestal, todos estavam se comprometendo com o desmatamento zero. Em honra ao compromisso eu inseri no meu programa de governo o desmatamento legal zero e trabalhar para que aqueles que têm direito a desmatar não desmatem porque eles podem aumentar a produção por ganho de produtividade. Além disso, podemos pagar por Serviços Ambientais e oferecer alternativas. O regime de chuvas de São Paulo, do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste depende da Amazônia, que é a caixa d’água do Brasil. Então é interesse de todos não destruir a Amazônia. Para preservá-la nós teremos que dar recompensas e criar alternativas de desenvolvimento. Haverá o desmatamento ilegal zero e trabalharemos para que haja o desmatamento zero porque nós já temos uma grande quantidade de área degradada. Se essas áreas forem recuperadas e colocadas para o processo produtivo não será mais necessária a destruição. O Brasil foi o primeiro país e desenvolvimento a assumir o compromisso de redução de CO2 na convenção do clima, graças ao trabalho que fizemos no Ministério do Meio Ambiente com mais 13 ministérios e conseguimos algo inédito: reduzir em 80% o desmatamento por 10 anos. Era muito interessante quando eu ia aos fóruns internacionais, pois as pessoas queriam acusar a nossa agricultura de estar se desenvolvendo em prejuízo da Amazônia e eu mostrava um gráfico que mostrava a economia crescendo, as commodities em preços razoáveis e o desmatamento caindo.“

PRODUÇÃO E PRESERVAÇÃO

Sobre a agricultura irrigada e os dados indicados pelo Cadastro Ambiental Rural que mostram que o Brasil usa menos de 8% de seu território para produzir alimentos, Marina Silva disse que em pouco tempo o país conseguiu aumentar a produção por ganho de produtividade: “Isso é um indicativo que um país com produtividade tão alta, com peso tão grande na nossa balança comercial mostra que, em poucas décadas, conseguiu aumentar a produção por ganho de produtividade. O Brasil tem as melhores possibilidades para a nova agricultura e a nova indústria. Em relação aos biocombustíveis, por exemplo, temos que fazer a transição da nossa matriz energética. O Renovabio precisa ser implementado, pois gerará milhões de empregos. Em relação à agricultura irrigada, ela cumpre uma função importante em regiões de dificuldades hídricas, como é o caso do semiárido brasileiro. Nós temos que entender que a água é um insumo fundamental. Sem ela, não seríamos uma potência agrícola que somos. No meu governo, nós vamos usar trabalhar para recuperar as bacias hidrográficas de acordo com o manejo adequado com o Plano Nacional de Recursos Hídricos”.

O ENCONTRO

Quatro candidatos à Presidência da República nas eleições deste ano apresentaram as propostas para o setor agropecuário nessa quarta-feira, dia 30. Alvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede) participaram do evento e destacaram o que pretendem fazer para solucionar os gargalos do setor caso vençam o pleito em outubro.

Além de apresentar as proposta do setor, os candidatos receberam o documento “O Futuro é Agro 2018-2030”, elaborado pelas 15 entidades que integram o Conselho do Agro. (Com informações da CNA)

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