Criada em 30/08/2018 às 00h52 | Política brasileira

"Não temos um sistema de seguro agrícola que favoreça o produtor", afirma Alvaro Dias em encontro promovido pela CNA

"É importante uma política de crédito compatível com as aspirações de investimentos dos que trabalham no campo nesse país", disse.Apoio técnico, extensão rural, crédito, microcrédito, apoio nas exportações, armazenagem e cooperativismo são formas de fortalecer a classe média rural do país.

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Dias: "A academia também está distante do setor produtivo. Projetos de pesquisa estão distanciados da realidade produtora do país e nós temos que fazer essa aproximação" (Foto: CNA\Divulgação)

O presidenciável Alvaro Dias (Podemos) foi questionado durante Encontro com os Presidenciáveis 2018 promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Conselho do Agro, nessa quarta-feira, dia 29, em Brasília, sobre quais ações pretende desenvolver para fortalecer a classe média rural brasileira. 

Segundo Alvaro Dias, apoio técnico, extensão rural, crédito, microcrédito, apoio nas exportações, armazenagem e cooperativismo são formas de promover esse fortalecimento. “Armazéns possibilitariam guardar a produção até o momento do preço conveniente, e certamente as cooperativas. O sistema cooperativo é sem dúvida um exemplo de medida que o governo deve estimular. Além disso, na nossa proposta, há o estímulo ao microcrédito, não só na área rural evidentemente, mas também para estimular os pequenos e médios empreendedores. Na área rural há pânico em relação à segurança. Obviamente não podemos deixar de abordar essa questão. Cabe ao governo oferecer também segurança à área rural. Não bastam determinadas patrulhas eventuais de combate à violência no campo, é preciso uma atenção permanente", disse. "Também advogo em defesa de fecharmos parcerias com o setor privado para levar interatividade e conectividade aos locais mais longínquos do país com custo baixo. Não seria internet de graça, mas de baixo custo porque imagino que isso também seria uma revolução para os pequenos e médios produtores rurais. Além disso, a questão do seguro agrícola é essencial. Não temos um sistema de seguro agrícola que favoreça o produtor. É importante uma política de crédito compatível com as aspirações de investimentos dos que trabalham no campo nesse país", complementou.

CAPITAL EXTERNO

Alvaro Dias apresentou seu posicionamento em relação às alternativas de financiamento para que o setor agropecuário continue crescendo e como, seu futuro governo, pode atrair capital externo para o país, elevando a competitividade e oferta de crédito no Brasil: “Precisamos recuperar nossa imagem diante do mundo. Nos tornamos para o mundo um país corrupto em razão dos escândalos de corrupção. Isso repercute hoje internacionalmente de forma negativa e em desfavor do país, porque certamente desperdiçamos oportunidades preciosas de investimentos que poderiam gerar empregos, receita e desenvolvimento para o país. Temos que praticar a política do liberalismo econômico para valer. Criar um ambiente favorável e voltar os olhos da diplomacia brasileira para países do primeiro mundo, mercado comum europeu e Ásia. Nós queremos que a política diplomática do Brasil se volte para países do primeiro mundo para celebrarmos a ampliação das nossas relações comerciais, desobstruindo e eliminando esses gargalos do protecionismo, das barreiras alfandegárias e não alfandegárias, de lá e de cá. Se desejamos a globalização da economia, precisamos proceder de forma moderna e ter reciprocidade para se estabelecer uma nova, civilizada e produtiva relação entre o Brasil e os países mais avançados do mundo.”

NORDESTE E SEMIÁRIDO

Em relação ao desenvolvimento da atividade agropecuária na região Nordeste e no Semiárido, o presidenciável destacou a criação de uma política de estado para o Nordeste e o combate à desertificação no semiárido com a mudança da matriz energética da região: “Eu creio que o grande problema do Nordeste é, realmente, o semiárido. Porque se em três anos o governo não adotar medidas rigorosas, nós chegaremos à desertificação. Durante oito meses em que o sol castiga aquela região do semiárido, a atividade produtiva é a extração da vegetação, da madeira, para a produção de energia, carvão, para o comércio, indústria, etc. A primeira providência é mudar a matriz energética, favorecendo o gás, com os gasodutos sendo ampliados e a distribuição sendo competentemente alterada, avançando e expandindo, trabalhando com energia eólica e solar. A região é propícia. Mas temos que trabalhar alternativas de sobrevivência para a população que vive nessa região. A recuperação de matas ciliares, revitalização de rios, recuperação de áreas degradadas, atividades agrícolas estimuladas como projetos de governo, irrigação. Essas experiências devem ser aproveitadas na região do semiárido. Mas o Nordeste não é apenas o semiárido, tem que haver uma política de estado para a região que estimule o turismo, já que belezas naturais fascinam a humanidade. Mas isso passa por um conjunto de ações com segurança pública. A pobreza é decorrente da ausência de políticas de estado. 66% dos nordestinos vivem com menos de um salário mínimo. É um país de contrastes gritantes. E a reforma tributária é essencial para alavancar projetos de desenvolvimento no país.”

TECNOLOGIA E PESQUISA

Sobre o fortalecimento das empresas voltadas para pesquisa tecnológica e pesquisa agropecuária, Alvaro Dias destacou que é importante investir em pesquisa e inovação para alcançar índices elevados de produtividade. Ele disse o seguinte: “Hoje nós temos 146 empresas estatais federais, 38% delas foram criadas nos últimos governos. São 504 mil servidores. Esse gasto perdulário de setores secundários acaba comprometendo investimentos fundamentais para o desenvolvimento e elevação da produtividade do nosso país. Investimentos em tecnologias, pesquisas e inovação. Nós investimos pouco em pesquisas e estamos expulsando os talentosos pesquisadores que existem no nosso país, vão viver em outras nações. A academia também está distante do setor produtivo. Projetos de pesquisa estão distanciados da realidade produtora do país e nós temos que fazer essa aproximação. Instituições como a Embrapa são essenciais, como a Emater na extensão rural. É fundamental estimular essas instituições. A Embrapa tem uma presença exuberante no processo de evolução tecnológica da agricultura brasileira e ela tem que retomar esse perfil. E certamente, um país que quer avançar, alcançar índices de produtividade de países de primeiro mundo tem que investir em tecnologia e inovação.” 

O ENCONTRO

Quatro candidatos à Presidência da República nas eleições deste ano apresentaram as propostas para o setor agropecuário nessa quarta-feira, dia 30. Alvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede) participaram do evento e destacaram o que pretendem fazer para solucionar os gargalos do setor caso vençam o pleito em outubro.

Além de apresentar as proposta do setor, os candidatos receberam o documento “O Futuro é Agro 2018-2030”, elaborado pelas 15 entidades que integram o Conselho do Agro. (Com informações da CNA)

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