Durante a Agrotins, a feira agrotecnológica do Tocantins, a ser realizada nos dias 27, 28 e 29 de maio, em formato digital, os pesquisadores da Embrapa Soja irão fazer apresentações, em vídeo, sobre algumas das tecnologias que estão impactando positivamente os sistemas de produção com soja, no Estado. “Alguns exemplos são a coinoculação, cobertura do solo com forrageiras, a integração lavoura pecuária e técnicas de formação de perfil do solo”, diz o pesquisador Leonardo José Motta Campos. “Vamos mostrar como estas técnicas vêm sendo usadas e como podem trazer benefícios para os produtores de Tocantins”, destaca o pesquisador da Embrapa Soja.
Manejo de solo com foco no nematoide Pratylenchus - O pesquisador Henrique Debiasi irá mostrar como o manejo do solo é estratégico no controle de Pratylenchus brachyurus, o principal nematoide que ocasiona danos na soja em Tocantins. Segundo ele, os prejuízos com esta praga podem reduzir a produtividade da soja em aproximadamente 50%. Os danos são maiores em solos arenosos, de baixa fertilidade, e em regiões quentes. “Pretendemos mostrar aos produtores que grande parte dos danos podem ser minimizados com o adequado manejo do solo”, ressalta.
Debiasie explica que recentemente, a Embrapa confirmou que a acidez do solo tem papel preponderante sobre os danos ocasionados pelo pratylenchus. Quanto mais ácido - o que significa teores de alumínio altos e baixos teores de cálcio e magnésio, assim como pH muito baixo - pior é o crescimento radicular da soja e maior o dano ocasionado na raiz. “Também descobrimos que existe relação entre a acidez do solo e o aumento na população de nematoide”, revela Debiasi.
Em experimentos, o pesquisador diz ter sido possível reduzir em 50% a população do pratylenchus, a partir da melhoria da acidez do solo com a calagem. “Também observamos que em solos arenosos, onde foi aplicado gesso, nas doses recomendadas pela pesquisa, a soja formou mais raízes e tolerou mais os danos provocados pelo nematoide”, observa.
Além disso, Debiasi explica que as áreas com mais matéria orgânica também têm dano reduzido, por possuírem melhor estrutura do solo e maior equilíbrio biológico. “O segredo para manejar o pratylenchus é melhorar a qualidade química, física e biológica do solo para que a planta produza mais raízes e o solo consiga armazenar mais água e, assim, a planta tolere mais os danos provocados pela praga”, ressalta.
O pesquisador pretende mostrar ainda que o manejo adequado do solo deve priorizar a rotação ou sucessão da soja com espécies de cobertura que não sejam hospedeiras do nematoide. “No caso do pratylenchus, temos crotalárias ((spectabilis e, em menor grau, ochroleuca) como boas opções, além de algumas cultivares/híbridos de milheto e sorgo, que têm fator de reprodução baixo. São opções para reduzir a população do nematóide e minimizar os prejuízos”.
Inoculação de pastagens com Azospirillum - Outro tema que será abordado durante a Agrotins é a Inoculação de pastagens com Azospirillum. Estima-se que o Brasil tenha cerca de 180 milhões de hectares ocupados por pastagens, a grande maioria com braquiárias. Desse total, cerca de 70% encontram-se em algum estágio de degradação. A recuperação de áreas com pastagens degradadas de braquiárias, usando a combinação de fertilizante nitrogenado e Azospirillum pode trazer, com baixo custo para o agricultor, um grande impacto na agropecuária brasileira.
O pesquisador Marco Antonio Nogueira vai abordar o papel da bactéria Azospirillum brasilense na promoção de crescimento de braquiárias. “Vamos destacar os mecanismos do azospirillum e como a bactéria promove o crescimento das raízes, melhorando assim a performance da planta para absorver água e nutrientes. Desta forma, consegue crescer melhor e tolerar situações adversas moderadas como falta de água”, explica Nogueira.
Pesquisas da Embrapa Soja comprovam que a adoção da inoculação das braquiárias com azospirillum proporciona um aumento médio de 15% na produção de biomassa da parte aérea e aumento no teor de proteínas em 10%, o que significa oferta de proteína na ordem de 25% a mais. “Esses microrganismos ajudam a pastagem a absorver melhor os nutrientes do solo e, inclusive, o nitrogênio que é fornecido à braquiária pelo fertilizante nitrogenado, aumentando sua eficiência. Isso é mais vantajoso econômica e ambientalmente”, diz o pesquisador
Nogueira irá abordar ainda os benefícios que ficam no solo, a exemplo das raízes da braquiária, que funcionam como um dreno de carbono para o solo e ainda o enriquece com matéria orgânica. “Isso torna o solo mais fértil no longo prazo e acaba beneficiando o sistema como um todo: a soja que vem depois da braquiária consegue ter melhor desempenho que a soja que vem depois de pousio, por exemplo. As raízes da braquiária melhoram o solo física, química e biologicamente, o que ajuda muito no desenvolvimento das culturas que vêm depois”, diz Nogueira. (Da Embrapa)
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