Criada em 15/04/2019 às 17h00 | Agronegócio

ConectarAgro: Empresas do agro e de telecomunicação se unem para levar 4G ao campo; lançamento será na Agrishow em SP

O grupo é formado por oito empresas dos setores de máquinas agrícolas, de desenvolvimento de equipamentos de agricultura de precisão e de telecomunicações. Juntas elas têm como meta, até o final do ano, cobrir 5 milhões/ha no Brasil, sendo 1 milhão de pequenos produtores.

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As empresas querem levar para o campo uma solução aberta 4G de 700 MHz, tecnologia que permite maior alcance com investimentos menores e já disponível nos centros urbanos. (Foto Divulgação Web)

Eliane Silva
DE RIBEIRÃO PRETO (SP)

Em uma iniciativa inédita, oito empresas dos setores de máquinas agrícolas, de desenvolvimento de equipamentos de agricultura de precisão e de telecomunicações se uniram para lançar na Agrishow deste ano uma solução de conectividade aberta com a meta de cobrir, até o final do ano, 5 milhões de hectares no campo, sendo 1 milhão de hectares de pequenos produtores.

AGCO (Massey e Valtra), Bayer (Climate), CNH Industrial (Case IH e New Holland), Jacto, Nokia, Solinftec, TIM e Trimble vão apresentar na feira o ConectarAgro, que tem ainda como diferencial o fato de levar para o campo uma solução aberta 4G de 700 MHz, tecnologia que permite maior alcance com investimentos menores e já disponível nos centros urbanos.

A 26ª Agrishow, maior feira do setor agropecuário da América Latina, ocorre em Ribeirão Preto (SP), de 29 de abril a 3 de maio.

“Resolver a questão da conectividade é o próximo salto de produtividade que a agricultura brasileira precisa dar”, diz Gregory Riordan, diretor de tecnologias digitais da CNH Industrial para a América do Sul.

Segundo ele, a tecnologia embarcada em máquinas e equipamentos no campo tem evoluído muito nos últimos anos, mas é subaproveitada por falta de conectividade. “Tem ocorrido uma série de iniciativas pontuais para tentar solucionar esse gargalo. O produtor, no entanto, tem insegurança em investir muito e dificuldade de usar e de manter os sistemas instalados. O nosso modelo será simples de usar, acessível, aberto a todas as empresas, imperceptível, assim como é a torre de telefonia celular para o usuário da cidade.”

Alexandre Blasi, diretor de mercado Brasil da New Holland, completa que o ConectarAgro vai permitir mais simplicidade e flexibilidade ao produtor. “O plano é consolidar e expandir o acesso à internet nas diversas regiões agrícolas brasileiras, permitindo que o produtor rural possa usufruir de forma completa dos recursos tecnológicos da agricultura de precisão, agricultura digital e da automação.”

Ana Helena de Andrade, diretora de assuntos institucionais da AGCO, afirma que a parceria foi possível porque sua empresa tem como filosofia trabalhar com sistemas abertos para atender o maior número possível de produtores, inserindo também os pequenos e médios. “Com a adoção da tecnologia padrão, quanto maior o número de participantes, maior a escala.”

O ConectarAgro será apresentado em coletiva à imprensa no primeiro dia da feira e será divulgado em todos os estandes dos parceiros. A comercialização e operação ficarão a cargo da TIM, que terá estande na Agrishow pela primeira vez. Rafael Marques, diretor de marketing e mercado corporativo da empresa de telefonia, conta que o modelo de conexão que será usado está operando com grande sucesso desde abril do ano passado em fazendas dos grupos Jalles Machado (GO) e Adeco Agropecuária (MS), com cobertura de 700 mil hectares. Segundo ele, a solução também será viável para o produtor que já tem algum modelo de conexão instalado em sua propriedade. “Não é necessário trocar tudo. Podemos adaptar o sistema ao que já está implementado.”

Mateus Barros, líder de negócios da Climate para a América Latina, afirma que a escolha pelo 4G, tecnologia global usada em larga escala no mundo, é a que realmente pode viabilizar a IoT (Internet das Coisas) no campo e deve atrair a parceria de outras empresas. “Centenas de startups estão desenvolvendo tecnologia digitais baseadas em IoT e em inteligência artificial. A conectividade é básica para essas tecnologias serem potencializadas.”

Gregory e Rafael ressaltam que o grande produtor já tem um modelo de negócios em que ele banca uma parte do investimento para ter conexão, mas o desafio agora é levar modelos acessíveis de negócios de conectividade também para o pequeno e médio produtor, com ótimo custo benefício. No pior dos casos, aquele onde as propriedades são pequenas e não contínuas, como algumas regiões do Paraná e Rio Grande do Sul, o produtor vai pagar meio saco de soja por hectare na primeira safra. Em áreas maiores e mais planas, como no Mato Grosso, o acesso vai custar ¼ de saco de soja por hectare (o valor da saca foi estimado em R$ 70). Nos anos seguintes, o custo será diluído.

A velocidade de implantação do sistema, diz Carlos Alberto Pinto Nogueira, diretor-executivo da Trimble, vai depender da capacidade de investimentos. Os parceiros afirmam que uma conseqüência do maior número de pessoas e máquinas conectadas no campo será o aumento da produtividade, assegurando a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado global. “Com 1% de aumento na produtividade, o agricultor já paga o investimento”, garante Mateus.

Para ser viável e sustentável a instalação das torres com capacidade de cobrir 30 mil hectares e dos equipamentos, é necessário que os pequenos e médios produtores estejam unidos em cooperativas, associações ou crowfunding (financiamento coletivo). O executivo da Trimble diz que outra opção é o financiamento público municipal, estadual ou federal. “A prefeitura de uma pequena cidade, por exemplo, pode fazer um investimento para garantir conectividade a todos os produtores rurais da sua região.”

John Deere

A John Deere, que lançou na Agrishow de 2018 uma solução própria de conectividade, dá mais um passo na feira deste ano, segundo Rodrigo Bonato, diretor de vendas. Ele afirma que 5 milhões de hectares já foram conectados pela marca desde o ano passado e que agora o desafio é investir na automação das máquinas, não apenas na autonomia (direção sem operador). A colheitadeira S700, em exposição na Agrishow, será a primeira máquina automatizada do mercado. Munida de sensores e câmeras, ela analisa o ambiente em volta, incluindo os dados da estação meteorológica, ajusta abertura e fechamento das peneiras e faz a sua autorregulação.

Outra novidade da Agrishow deste ano que deve atrair o público é a plantadeira dobrável Momentum, da AGCO, que terá versões de 24, 30 e 40 linhas e caixa de armazenamento de 5.130 litros de sementes, entre as maiores da categoria. Dobrada, a máquina de 18 m de largura passa a medir 3,6 m, sem a necessidade de ser desmontada para transporte.

“A plantadeira diminui quase quatro vezes o seu tamanho em apenas um minuto e meio”, diz José Carramate, diretor comercial da Valtra. Se for necessário transportar a Momentum em rodovias utilizando caminhões prancha, basta remover dois rodados da máquina, segundo Alfredo Jobke, diretor de marketing da AGCO América do Sul. A plantadeira, acoplada a um trator, será dobrada em várias apresentações durante a feira. (Da Revista Globo Rural)

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