Criada em 24/04/2020 às 09h17 | Comunicação

Essencial para a sociedade em tempos de pandemia, agro tem oportunidade rara de começar a falar da porteira para fora

Setor precisa despertar do sono profundo que o impede de falar não só para o produtor, seu cliente potencial, mas também para o cidadão urbano, que consome os produtos, mas não tem a mínima ideia do quanto é importante o trabalho dos homens e mulheres do campo para a sua vida.

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Agronegócio tem uma oportunidade ímpar de melhorar ainda mais a sua imagem, agora tanto dentro, como fora da zona rural (fotos: MDA e Herbert Fidelis/TJ-TO/Arquivo/Divulgação)

Essencial na maior crise que a atual geração presenciou, o trabalho do campo, visto muitas vezes da maneira negativa e até pejorativa, deixou neste momento de pandemia do coronavírus as menções contrárias e passou a ser quase uma unanimidade por uma razão simples: todos, principalmente a população urbana e até mesmo os mais radicais ‘adversários do agronegócio’, possuem a exata noção (e não ousam negar) que os homens e mulheres da roça têm como sua maior atribuição a vital responsabilidade de produzir alimentos, de fazer com que a comida chegue à mesa dos cidadãos. Os esforços dos produtores, dos trabalhadores rurais e dos profissionais que atuam de maneira indireta para que o que é feito no campo vá para a cidade evitaram um verdadeiro colapso social, que seria desabastecimento de alimentos em meio à crise provocada pela Covid-19. Imaginem neste momento de restrições de trabalho e de convívio social se faltasse comida nos supermercados?

Ao citar esse aspecto, claro para todos, analiso neste espaço e reforço o que destacamos sempre no Norte Agropecuário: o agronegócio precisa despertar de uma vez por todas de um sono profundo que o impede de se comunicar da porteira para fora, de falar não só apenas para o produtor, seu cliente potencial, mas também para o cidadão urbano, aquele que consome seus produtos, como todos nós que precisam do agronegócio num todo, mas não fazia nenhuma questão de por um minuto sequer pensar o quanto é importante o trabalho do produtor e da produtora rural para a sua vida.

No atual estágio que vivemos, o cidadão urbano viu que o agronegócio não é este monstro que muitos (maior parte radicais) descrevem por razões ideológicas e que outros, menos informados, compram o discurso. Há problemas? Sim, há, como em todos os setores.

Porém, num todo, a agricultura e a pecuária, diante da evolução tecnológica, também têm muitos aspectos positivos para serem abordados. E isso a população em geral só saberá se o agro se comunicar, reforço: da porteira para fora!

O trabalhador do campo foi visto como vital para a nossa sobrevivência desde o início das restrições e mudanças de hábitos impostas pelo coronavírus.

Com isso, o agronegócio tem uma oportunidade ímpar de melhorar ainda mais a sua imagem, agora tanto dentro, como fora da zona rural. Imprescindível para evitar que todos nós começássemos uma guerra urbana por comida ou morrêssemos de fome neste momento, o setor rural deve mostrar a sociedade também o que faz de bom, por exemplo, nos aspectos sociais e ambientais.

No quesito social, há milhares de iniciativas conhecidas. Faço questão de citar apenas duas que tenho o privilégio de acompanhar de perto: o Leilão Pecuária Solidária, que completou dez anos e já destinou R$ 3,1 milhões para entidades assistenciais; e “O Agro Contra o Câncer”, importante base de sustentação para a manutenção do Hospital de Amor, o Hospital do Câncer no Brasil. Mas, são inúmeras Brasil afora.

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Porém, peço que aprofundem os vastos estudos sobre a preservação do meio ambiente feita por empreendedores rurais. O meio ambiente é um tópico muito importante para que o agro, num todo, trabalhe bem na área da comunicação. E o principal: faça com que o produtor tenha a paz, a tranquilidade para exercer suas atividades cotidianas.

Não é apenas retórica que o produtor brasileiro é um dos que mais preserva no mundo. Números comprovam isso. Há leis que regem o sistema. Vejamos: Estudo da NASA divulgado em 2018 demonstra que o Brasil protege e preserva a vegetação nativa em mais de 66% de seu território e cultiva apenas 7,6% das terras. A Dinamarca cultiva 76,8%, dez vezes mais que o Brasil; a Irlanda, 74,7%; os Países Baixos, 66,2%; o Reino Unido 63,9%; a Alemanha 56,9%. São números da Nasa, que a Embrapa Territorial já havia revelado.

Para ilustrar bem e de forma didática isso: Há um ano, durante palestra em Palmas (TO), Gustavo Spadotti Castro, supervisor do Grupo de Gestão Territorial Estratégica (GGTE) da Embrapa Territorial, informou que agricultores brasileiros preservam atualmente no País um total de 219 milhões de hectares em suas propriedades. Ainda segundo ele, o Brasil destina 30% de suas terras para preservação por meio de decretos governamentais. Em outros países de dimensões territoriais, como Austrália, Estados Unidos, China e Canadá, a média não chega a 10%. Spadotti arremata: “Se quer conhecer vegetação nativa hoje no Brasil não vá a parques, visite uma propriedade rural, são eles que estão protegendo”.

Trago este tema novamente após acompanhar nessa quarta-feira, dia 22, o debate "Papel da Comunicação ética e de qualidade", promovido pela Biomarketing, com participação de importantes profissionais que atuam na comunicação do agro, como José Luiz Tejon.

Com sua vasta experiência e conhecimento da área, Tejon define o momento para o agro como uma “guerra de comunicação bem diferente das experiências anteriores”. Segundo ele, é momento de combater a desinformação, confrontar as inverdades, as fake news, e é preciso “consolidação da informação correta”, com a necessidade de integração de plataformas. Brilhante!

Define Tejon: “comunicação é uma indústria e precisa de investimento”. Tejon citou ainda que a saúde é o sinônimo de trabalho do agro. Saúde humana, ambiental, vegetal e animal.

Outro conceito chave do evento foi apresentado por David Roquetti Filho, diretor executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Em uma de suas falas, ele destacou que o pilar para a sobrevivência de alguma atividade é a ciência, o conhecimento. Por isso, destacou: “o agro tem que adotar a ciência da comunicação” em seu benefício. “Muitos se comunicam sem conhecer a ciência da comunicação”, complementou.

Outro, entre muitos temas relevantes abordados, foi que o pensamento colaborativo vai dominar a comunicação entre empresas no agro. As relações comerciais vão ser pautadas não com o foco de “como ganhar mais”, mas “como colaborar para a empresa que presto serviço vai conquistar seus objetivos com o meu trabalho na comunicação”.

Este não é um tema novo. É algo recorrente, mas que carece de maior amplitude, investimento e trabalho planejado e profissional para se tornar eficaz.

A própria ministra da Agricultura, Tereza Cristina, no ano passado, declarou: “Apesar dos esforços, comunicação do agro não conseguiu chegar na população e mostrar a importância do segmento”. Dentro desta linha, é notório que os líderes do agronegócio sabem disso.

Pergunto: por quê? O que impede isso acontecer? Economia? Redução de custos? Esses argumentos não encontram sustentação. Não valem.

Um dos melhores conceitos sobre o tema foi nos dado há dois anos, no Norte Agropecuário no Rádio, pelo publicitário Marcelo Silva. Como bem disse, o agro deve ver a comunicação como insumo e mostrar à sociedade sua importância. “A agricultura familiar se comunica há muito mais tempo, com coletivo de jornalistas, com a produção de jornais e construiu uma imagem mais positiva. O agro, em geral, se permitiu deixar de lado. Agora, as empresas investem, mas no foco de “vender mais”, não na imagem”, disse Silva.

Vejam a incoerência. O agronegócio brasileiro bate recordes, o país é reconhecido mundialmente como um dos principais polos produtores de alimentos e é o principal motor da economia nacional. Porém, o setor sofre muitas críticas, há correntes contrárias e até mesmo discriminação com a classe produtora.

PLANEJAMENTO E INVESTIMENTO

É preciso que o agro tenha a partir de agora planejamento e invista, de maneira profissional, em levar à sociedade outros aspectos que ele tem de positivo e influencia diretamente na vida de todos. Repito: falar da porteira para fora. Da porteira para dentro, o agro se comunica bem. Mas, fala para os já convertidos. É preciso “converter” aqueles que só viram uma fazenda quando contemplam as paisagens nas viagens pelas estradas do país. Esses, que são muitos, não sabem quantas famílias trabalham para garantir o seu e o nosso pão de cada dia.

Os próprios produtores, os empreendedores rurais e líderes do setor devem parar com a atitude ignorante de se fechar e começar a enxergar que quanto mais abertos, mais credibilidade e respeito da sociedade adquirem. Resultado disso: reconhecimento, fortalecimento e maiores ganhos ao setor. Ganhos não somente de imagem, mas financeiros, sim! Como um segmento produtivo, o agro não pode ficar escondido por temor de divulgar as cifras que movimentam. O montante financeiro é fruto de trabalho e movimenta a economia, dá trabalho, renda e dignidade a quem atua no ramo. Este é outro mito que deve ser derrubado!

Exemplos: recentemente, o Ministério da Agricultura divulgou que o valor bruto da produção no Brasil é estimado em R$ 689,97 bilhões para 2020. Trago a discussão para a região em que vivo: VBP tocantinense deve ser de R$ 9.744.606.560, um aumento de R$ 1,5 bilhão a mais que no ano de 2019, que registrou R$ 8.180.203.968.

Uma conta bem simplória para provar que o agro movimenta a economia em todos os setores: do pasto até às prateleiras de supermercados ou açougues, a cadeia produtiva da carne gera mais de 315 mil empregos e faz circular R$ 7 bilhões por ano em todos segmentos do comércio no Tocantins. O que os números evidenciam: o agro gira a economia a partir do momento que o produtor deixa a fazenda, abastece seu veículo para ir a cidade comprar ração para os animais até a volta para casa, após almoçar em algum restaurante ou comprar uma roupa ou algo em qualquer estabelecimento comercial. O dinheiro gira.

Em suma, por tudo isso que foi colocado e as percepções de cada produtor, cada representante comercial de empresas das mais diversas áreas ligadas ao campo, é preciso pensar no pós-pandemia, no que faremos quando tudo isso acabar. E esse planejamento deve ser aprofundado agora porque é cristalino que a sociedade será diferente, o mundo terá profundas transformações, mas uma coisa é certa: precisaremos que os homens e mulheres do campo continuem trabalhando para que a comida seja produzida e chegue às nossas mesas.

 

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