Mais uma vez caberá aos próprios produtores rurais a viabilidade pela solução do impasse da iminente crise provocada pela ausência de compradores da produção de eucalipto no Tocantins. A alternativa discutida agora é a implantação de usinas termoelétricas. Um grupo de agropecuaristas tem discutido o tema com empresas e instituições, como a concessionária de energia do Tocantins, a Energisa, CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária) e a Secretaria da Agricultura do Tocantins (Seagro).
Na última semana mais uma reunião foi realizada. De acordo com o presidente da Associação de Produtores Rurais Rio Sono (Aprorios), Ricardo Guimarães Lobo, há empresários interessados na instalação do empreendimento. “A solução é a termoelétrica. O governo federal aprovou concessão de usinas, inclusive no Tocantins. Há empresários interessados em implantar [a usina] e temos interesse em levar para a nossa região, onde há um parque de quase 3 mil hectares de eucaliptos plantados”, disse, em entrevista ao Norte Agropecuário, se referindo aos municípios de Aparecida do Rio Negro, Rio Sono e Novo Acordo. Hoje o Tocantins tem 200 mil hectares de área plantada.
O vice-presidente da associação, Marcelo Caetano, esteve na reunião, que contou ainda com o presidente da Câmara de florestas da CNA, Valter Rezende, o secretário da Agricultura do Tocantins, Clemente Barros, o diretor da Energisa, Alan Kardec Moreira, e diretor da Aprorios, Lucas Perdoná.
Uma coisa que pode esbarrar nas pretensões dos produtores é o valor do investimento: Uma termoelétrica custa aproximadamente R$ 150 milhões. Os sucessivos cortes de verba do governo federal para áreas essenciais e a crise política atual podem prejudicar os planos. Independente disso, uma nova reunião deve ocorrer nos próximos dias, inclusive com a presença dos pretensos investidores do Rio de Janeiro e de São Paulo. Para contornar o problema, a ideia é investimento privado e o projeto ser viabilizado por meio de parcerias públicas privadas.
Marcelo Caetano explicou, no entanto, que o valor de R$ 150 milhões é de um empreendimento de grande porte, já que a usina custa R$ 5 milhões por megawatts produzido. Segundo Marcelo Caetano, no caso do Tocantins, entretanto, a usina pequena de 5 megawatts fica em R$ 25 milhões. Para tocar uma usina de de 5 megawatts precisa de um maciço de floresta plantada de 3.500 hectares.
O empreendimento seria a solução para evitar, por exemplo, um rombo de R$ 210 milhões na cadeia produtiva do Tocantins. Isso porque autoridades temem que o destino de boa parte da produção de 60 mil hectares não teria compradores. O temor é: com o fim da carência do financiamento, de nove anos, ou seja, a partir de 2019, os produtores não terão condições de honrar os compromissos com os bancos caso não haja uma solução. Só o Banco da Amazônia, por exemplo, liberou R$ 142,6 milhões em empréstimos em 16 contratos.
Ricardo Lobo afirmou que o eucalipto do grupo de produtores que ele representa só será colhido daqui a três anos. “Acreditamos que daqui a três anos teremos mercado”, declarou.
INDUSTRIALIZAÇÃO DO ESTADO
Apesar de a expectativa do grupo de produtores que ele representa não ser tão negativa quanto dos demais do Estado, Lobo fez um desabafo em relação a falta de uma política de industrialização do Tocantins. “O Estado precisa de indústria para se desenvolver. Nós somos um grupo de mais de 20 produtores. Acreditamos no Tocantins e estamos investindo. E esperamos que o Estado nos ajude a vender a produção. Criamos gado e também produzimos soja”, afirmou.
Especificamente sobre a iminente crise do eucalipto, ele foi contundente. “Muita gente plantou, pegou financiamento do Basa e se não tiver para quem vender, vai pagar do bolso. De repente se eu produzo e não tem para quem vender, nós vamos sair do Estado”, lamentou.
Recentemente produtores e representantes da Energisa, CNA e Seagro
se reuniram para discutir o assunto (foto: Cedida)
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