Criada em 19/06/2017 às 01h46 | Política brasileira

Em meio à crise política: Temer embarca para Rússia e Noruega com objetivo de "vender" agronegócio e infraestrutura do Brasil

Presidente decidiu manter a missão mesmo com a repercussão negativa da entrevista de Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F à revista Época, que acusou o presidente de ser o chefe de uma organização criminosa.

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Temer ao Estadão: "Uma vez mais, porei a diplomacia presidencial a serviço das prioridades dos brasileiros: o crescimento econômico e a geração de empregos” (foto: Valter Campanato/Agência Brasil/Arquivo)

O presidente da República, Michel Temer, visita, nesta semana, a Rússia e a Noruega para apresentar um panorama do Brasil a líderes e investidores estrangeiros. Entre os principais compromissos da viagem internacional estão incluídas reuniões com o presidente Vladimir Putin, em Moscou, e com o rei Harald V e a primeira-ministra Erna Solberg, em Oslo. Nas duas capitais, Temer falará a investidores sobre o momento de modernização econômica que vive o Brasil, com a criação de um ambiente de maior responsabilidade fiscal e segurança jurídica. O presidente também apresentará a empresários as oportunidades de negócios, com destaque para o Programa Crescer.

Temer decidiu manter a missão mesmo com a repercussão negativa da entrevista de Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F à revista Época, que acusou o presidente de ser o chefe de uma organização criminosa.

PRODUTOS DO AGRO

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, acompanha a missão. A venda de produtos do agronegócio a esses países é um dos objetivos. “Eles querem abertura do mercado do Brasil para trigo, peixes e frutas, para prosseguir abrindo mais espaços para as carnes”, disse Blairo Maggi ao Estado. “Vamos nos abrir e ampliar nossa participação lá”, complementou.

Entre os itens que o Brasil passará a importar, deve estar o bacalhau. Muito da produção russa já chega aqui por intermédio da Noruega e de Portugal. Em troca, o País poderá obter cotas mais generosas para exportar carnes bovina, suína e de frango. No ano passado, o Brasil respondeu por 60% das importações russas de proteína animal.

Temer vai vender também projetos de concessão de infraestrutura. Os russos já indicaram interesse em operar a Ferrovia Norte-sul, que deve ir a leilão em fevereiro de 2018. Também serão oferecidas oportunidades em óleo e gás, como as áreas de exploração de petróleo a serem leiloadas em setembro.

ARTIGO AO ESTADÃO

“Uma vez mais, porei a diplomacia presidencial a serviço das prioridades dos brasileiros: o crescimento econômico e a geração de empregos”, afirma Temer em artigo publicado nesta sexta-feira (16) no jornal o Estado de S. Paulo.

Na Rússia, a agenda de captação de investimentos no parceiro do Brics partirá do forte interesse de empresários russos na área de energia. Também serão exploradas outras oportunidades na área de infraestrutura, como em empreendimentos de ferrovias e portos.

Já no país escandinavo, oitavo maior investidor estrangeiro no Brasil, com marcada presença no setor de energia, a agenda tratará do novo marco regulatório brasileiro, com vistas a atrair novos investimentos noruegueses.

O presidente Michel Temer visitará a Rússia nos próximos dias 20 e 21 de junho, e a Noruega nos dias 22 e 23. (Da Redação do Norte Agropecuário, com informações do Blog do Planalto e Estadão)

Lei a íntegra do artigo no jornal O Estado de São Paulo

O Brasil na Rússia e na Noruega

Nas duas capitais, falarei também a investidores sobre o momento de modernização econômica que vive o Brasil

Visitarei na próxima semana a Rússia e a Noruega. Meus compromissos incluirão reuniões com o presidente Vladimir Putin, em Moscou, e com o rei Harald V e a primeira-ministra Erna Solberg, em Oslo. Nas duas capitais, falarei também a investidores sobre o momento de modernização econômica que vive o Brasil – momento de responsabilidade fiscal, de maior racionalidade e de mais segurança jurídica. Apresentarei as oportunidades de negócios que daí decorrem, em especial no âmbito do programa Crescer. Uma vez mais, porei a diplomacia presidencial a serviço das prioridades dos brasileiros: o crescimento econômico e a geração de empregos.

Com o respaldo indispensável do Congresso Nacional, estamos levando adiante reformas que não se viam no Brasil há muitos anos. Os resultados já aparecem: pusemos a inflação novamente sob controle, criamos as condições para a queda consistente dos juros, deixamos para trás a recessão. Mas ainda há muito por fazer. E nessa empreitada a política externa desempenha papel de relevo. A reconstrução do Brasil passa, necessariamente, por uma maior e melhor integração ao mundo.

A primeira etapa da viagem será a Rússia, potência incontornável do cenário internacional. Lá, nossa agenda de captação de investimentos partirá do forte interesse de investidores russos na área de energia. E iremos além: exploraremos possibilidades, igualmente, em empreendimentos de ferrovias, portos e outros domínios de infraestrutura.

Levarei à capital russa a notícia da conclusão dos procedimentos internos, no Brasil, para a entrada em vigor, já nos próximos dias, de acordo bilateral para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal. E, na visita, assinaremos novos acordos para promover investimentos e facilitar o comércio.

Reflexo da trajetória de recuperação da economia de ambos os países, o intercâmbio comercial entre o Brasil e a Rússia cresceu mais de 40% nos primeiros cinco meses de 2017, em comparação com o mesmo período do ano passado. Ainda nos achamos, contudo, abaixo do potencial.

Em 2016 o Brasil forneceu à Rússia 60% de suas importações de carnes. É volume de comércio expressivo, marcado pela confiança mútua. Dada a dimensão das duas economias, porém, há espaço para mais. Estamos engajados em ampliar o acesso de nossos produtos agropecuários ao mercado russo e em diversificar nossas exportações. Além disso, trabalharemos pela aproximação entre o Mercosul e a União Econômica Eurasiática, integrada por Rússia, Armênia, Belarus, Casaquistão e Quirguistão.

Em Moscou trataremos, ainda, de estruturar o diálogo político, tornando-o mais sistemático. Assinaremos plano de consultas bilaterais para o período 2018–2021. Consolidaremos, assim, nossa interlocução sobre questões que mobilizam russos e brasileiros nas Nações Unidas, no G-20, no Brics e em outras instâncias internacionais.

A vertente cultural não estará ausente de minha visita à Rússia. Firmaremos acordos que abrem caminho para o estabelecimento de centros culturais brasileiros na Rússia e russos no Brasil. Aliás, a Copa do Mundo de Futebol de 2018, que se realizará na Rússia, contribuirá para acercar ainda mais as nossas sociedades.

Com a Noruega temos relação duradoura em tema crucial para a sociedade brasileira e para todo o mundo: o meio ambiente. O Brasil é uma potência ambiental. Somos parte da solução para os problemas ambientais de escala global. E no desafio do desenvolvimento sustentável a Noruega é nossa parceira de primeira grandeza. Esteve na origem do Fundo Amazônia, administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e mantém-se como o maior financiador da iniciativa.

A Noruega já aportou ao Fundo Amazônia R$ 2,8 bilhões. Hoje são 89 projetos em áreas como combate ao desmatamento, regularização fundiária e gestão territorial e ambiental de terras indígenas. São projetos geridos com transparência e com a participação dos governos dos Estados amazônicos e da sociedade civil. Reafirmaremos às mais altas autoridades norueguesas o significado que atribuímos a nossa atuação conjunta no fundo.

Esse país escandinavo é, também, o oitavo maior investidor estrangeiro no Brasil, com marcada presença no setor de energia. O novo marco regulatório brasileiro, mais previsível e seguro, tem despertado particular interesse entre empresários noruegueses. Estamos empenhados em atrair novos investimentos.

Do mesmo modo, buscamos mais comércio com a Noruega. Acabamos de concluir a primeira rodada de negociações para acordo entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta), de que fazem parte, além da Noruega, a Islândia, o Liechtenstein e a Suíça. Meus contatos em Oslo inserem-se em nosso esforço mais amplo de efetiva universalização das relações exteriores do Brasil, inclusive em matéria econômico-comercial.

Assim como na Rússia, manterei com nossos parceiros noruegueses diálogo franco e aberto sobre temas da agenda global. A Noruega tem significativa participação em missões da ONU. É facilitadora do processo de paz que envolve as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e integra, como o Brasil, o grupo de países que apoiam as conversas entre o governo colombiano e o Exército de Libertação Nacional (ELN). São muitos os interesses que compartilhamos também na pauta política.

Em Moscou e em Oslo terei intensa programação. Fortaleceremos os laços de amizade e de cooperação que unem brasileiros e russos, brasileiros e noruegueses. Amizade fundada na admiração e no respeito recíprocos e cooperação voltada para o desenvolvimento e o bem-estar de nossos povos.

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