Criada em 25/05/2018 às 16h11 | Agricultura

Temer autoriza uso de forças policiais para desbloquear rodovias tomadas por caminhoneiros; ABPA pede intervenção

No início da tarde desta sexta, 25, o presidente Michel Temer fez um pronunciamento autorizando o uso de forças policiais para desbloquear rodovias. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) defende a intervenção para evita mortes de animais.

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Em pronunciamento, o presidente Michel Temer anuncia o uso de forças federais de segurança para liberar rodovias bloqueadas por caminhoneiros (Foto Antônio Cruz / Agência Brasil)

Mariana Tokarnia
DE BRASÍLIA (DF)

O governo federal autorizou o uso de forças federais de segurança para liberar as rodovias bloqueadas pelos caminhoneiros caso as estradas não sejam liberadas pelo movimento. O anúncio foi feito há pouco pelo presidente Michel Temer, em pronunciamento no Palácio do Planalto. A decisão foi tomada após reunião no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que contou com a participação de ministros e do presidente.

"Quero anunciar um plano de segurança imediato para acionar as forças federais de segurança para desbloquear as estradas e estou solicitando aos governadores que façam o mesmo. Não vamos permitir que a população fique sem os gêneros de primeira necessidade, que os hospitais fiquem sem insumos para salvar vidas e crianças fiquem sem escolas. Quem bloqueia estradas de maneira radical será responsabilizado. O governo tem, como tem sempre, a coragem de dialogar; agora terá coragem de usar sua autoridade em defesa do povo brasileiro."

Ontem (24), os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Eduardo Guardia (Fazenda) e Carlos Marun (Secretaria de Governo) anunciaram acordo para suspensão dos protestos da categoria por 15 dias. Depois disso, as partes voltarão a se reunir.

Hoje (25), no entanto, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que ainda não registra desmobilização de pontos de manifestação de caminhoneiros nas rodovias do país.

Em seu pronunciamento, Temer disse que uma "minoria radical" está impedindo que muitos caminhoneiros cumpram o acordo e voltem a transportar mercadorias. O presidente enfatizou que o governo atendeu às principais demandas da categoria. "O acordo está assinado e cumpri-lo é naturalmente a melhor alternativa. O governo espera e confia que cada caminhoneiro cumpra seu papel."

O ministro Eliseu Padilha disse, também nesta sexta-feira, que o governo confia no cumprimento do acordo firmado ontem com as lideranças do movimento.

A decisão de suspender a paralisação não foi unânime. Das 11 entidades do setor de transporte, em sua maioria caminhoneiros, que participaram do encontro, duas delas, a União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam) e a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que representa 700 mil trabalhadores, recusaram a proposta.

Hoje a associação divulgou nota na qual afirma que, ao contrário de outras entidades, "que se dizem representantes da categoria, a Abcam, não trairá os caminhoneiros". "Continuaremos firmes com pedido inicial: isenção da alíquota PIS/Cofins sobre o diesel, publicada no Diário Oficial da União", diz o texto.

ABPA faz alerta e pede intervenção

Em nota à imprensa, emitida nesta sexta-feira, 25, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) alerta que um bilhão de aves e 20 milhões de suínos poderão morrer nos próximos dias devido à falta de ração no campo.

O acordo consolidado ontem entre Governo Federal e caminhoneiros ainda não surtiu efeito nas estradas.  Caminhões com carga viva não são autorizados a transitar.  A situação mais grave está no trânsito de ração, que está sendo impedido.

Em diversos locais já há falta de insumos e animais estão sem alimentação.  Aqueles que ainda contam com estoques, estão fracionando para prolongar ao máximo a oferta do alimento.

A mortandade de animais é iminente e há risco de canibalização.  Os reflexos sociais, ambientais e econômicos são imponderáveis. 

Nesta sexta-feira, a ABPA registrou 152 plantas frigoríficas de aves e suínos paradas.  Mais de 220 mil trabalhadores estão com atividades suspensas.

A situação setorial é caótica. Empresas poderão fechar pelos prejuízos causados pela paralisação. Uma intervenção rápida e forte por parte do governo é urgente para evitar a mortandade de milhões de animais. (Da Agência Brasil e Ascom ABPA)

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