Criada em 24/05/2018 às 16h31 | Agronegócio

Protestos afetam unidades produtoras em todo país; Abcam diz que movimento só termina com a redução de tributos

Unidades produtoras de várias localidades do país fecham as portas e contabilizam perdas de produtos. Trabalhadores estão com atividades suspensas. Governo pediu voto de confiança para resolver a situação, mas Associação dos Caminhoneiros findará movimento somente após a sanção de Temer.

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Caminhoneiros protestam na Rodovia Régis Bittencourt em Curitiba (Foto Rodolfo Buhrer/Reuters)

O total de unidades processadoras de carnes suína e de aves paradas no Brasil em decorrência dos protestos de caminhoneiros aumentou para 120 nesta quinta-feira, de 78 na véspera, informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Conforme a entidade, os danos ao sistema produtivo “são graves e demandarão semanas até que se restabeleça o ritmo normal em algumas unidades produtoras”.

“A situação nas granjas produtoras é gravíssima, com falta de insumos e risco iminente de fome para os animais”, afirmou a ABPA, em nota, acrescentando que mais de 175 mil trabalhadores estão com as atividades suspensas.

Em Santa Catarina, um dos principais produtores nacionais dessas carnes, o risco é de “imprevisível impacto de ordem sanitária” em decorrência dos protestos, afirmaram o Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado (Sindicarne) e a Associação Catarinense de Avicultura (Acav).

“A ameaça atual e iminente é de perda massiva de ativos biológicos com início de mortandade nas principais regiões produtoras”, alertaram as entidades, lembrando que Santa Catarina conta com um plantel de 5 milhões de suínos e 118 milhões de aves alojadas.

LEITE E RAÇÕES

Produtores no Sul começam a descartar o leite estocado nos resfriadores e das ordenhas diárias pela falta de captação pelas cooperativas e indústrias, uma vez que o transporte está comprometido, segundo informação da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

Os protestos dos caminhoneiros contra a alta do diesel estão nesta quinta-feira em seu quarto dia seguido e afetam 23 Estados e o Distrito Federal.

O setor de rações também emitiu alertas quanto à situação no país. “A continuidade e recrudescimento da mobilização dos caminhoneiros pode comprometer sobremaneira a entrega das rações e sal mineral para animais de produção, além dos alimentos para cães e gatos”, afirmou o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações).

“Apesar de enviar todos os esforços possíveis, os empreendedores sofrem também com a interrupção do transporte de milho, farelo de soja, aditivos e outros insumos usados na produção.”

NEGOCIAÇÕES

O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, deixou uma reunião na Casa Civil antes do término na tarde desta quinta-feira e afirmou que a entidade mantém posição de manutenção da greve dos motoristas, mas que outras entidades da categoria aceitaram suspender temporariamente a paralisação.

"Enquanto presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), não entregar projeto votado e assinado pelo presidente (Michel Temer), da minha parte não levanto o movimento", disse Lopes a jornalistas depois de sair da reunião sem que ela tivesse terminado.

Segundo ele, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, pediu na reunião "voto de confiança" de 15 dias ou um mês para o governo atender a exigência de redução da carga tributária sobre o diesel, o que foi aceito por outras entidades que participam do encontro. (Da Agência Reuters)

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