Breno Lobato
DE BRASÍLIA (DF)
Presidente do Sindicato de Criadores de Bovinos, Bubalinos e Equinos do Distrito Federal (SCDF), Anselmo de Azevedo participa da segunda prova com duas novilhas Gir Leiteiro. Para ele, o importante não é possuir um animal que produza muito, mas que produza com rentabilidade. “Não adianta uma vaca que produza 60 kg de leite se ela custa 120 kg de leite a cada dia. Então, temos que voltar a atenção para a sustentabilidade da produção.”
Hamilton de Carvalho, que cria Gir Leiteiro no DF, já havia participado da primeira prova com uma novilha, repetindo a dose na segunda prova. Para ele, o CTZL abriu, na região do Planalto Central, o caminho para o controle leiteiro e a avaliação a pasto livre do uso de hormônios. “Existe uma oportunidade de, com vacas de 10 a 14 litros/dia que, desde que com alimentação melhor, obter um desempenho mais alto e chegar aos 20 litros/dia”, projeta.
Para o criador José Maria dos Anjos, de Luziânia (GO), que disponibilizou duas novilhas – uma delas, a mais bem classificada –, a participação na prova se deve principalmente à credibilidade do trabalho desenvolvido pela Embrapa, tanto no âmbito nacional como internacional, e à confiabilidade das informações geradas pela avaliação.
“Para nós que lidamos com melhoramento genético, a preocupação é aprimorar as técnicas que levam à agregação de valor. A Embrapa traz essa agregação não apenas com a avaliação em termos absolutos da produção de leite, mas também com outros fatores elencados que passam a ser referência daqui para frente, como o ganho financeiro e a genotipagem para a beta-caseína A2”, afirma o produtor, que está participando da segunda prova com duas novilhas Gir Leiteiro e cinco novilhas Sindi.
Criador de Sindi em Cavalcante (GO), Marcos da Cunha destaca que a produção de leite da raça não compete com a de outras zebuínas em quantidade, mas em qualidade, devido à homozigose do alelo A2 da proteína beta-caseína. “Creio que (na prova) vamos comprovar também o maior teor de gordura e sólidos no leite. Vejo o Sindi como opção para o pequeno proprietário, que faz a ordenha à mão e produz queijos e outras iguarias.”
José Mário Abdo, dono da novilha quarta colocada na primeira prova, tem interesse de testar – e comprovar – o potencial genético e de produção do Gir Leiteiro, além de contribuir com as pesquisas da Embrapa Cerrados. Para o produtor, a prova possibilita evidenciar e firmar a convicção de que a raça é, de fato, vocacionada para a produção de leite nos trópicos. “As cinco novilhas mais bem classificadas produziram, a pasto, 3,5 mil ou mais quilos de leite durante os 305 dias de lactação, o que dá uma média de mais de 11,5 quilos por dia”, observa.
Segundo o criador, a prova também permite derrubar alguns tabus, como o de que as novilhas não conseguiriam ficar prenhas antes do final da lactação, e mostrar que é possível produzir um leite saudável e sustentável. “A prova serve também como baliza para o processo de seleção genética que fazemos nas propriedades. É uma sinalização para continuarmos no caminho que estamos seguindo, com a chancela da Embrapa”, declara. Abdo está participando da segunda prova com dois animais Gir Leiteiro.
Um participante de destaque das provas de leite a pasto do CTZL é o criador Paulo Horta. Médico cardiovascular de formação, ele é um estudioso da bovinocultura de leite, e vem fomentando a criação de raças zebuínas leiteiras na região há 38 anos, selecionando animais Gir Leiteiro. Além disso, é um dos idealizadores do CTZL da Embrapa Cerrados. “A parceria com a Embrapa é muito importante. Essa prova de produção de leite é um marco.”
Para mostrar a importância da prova, Horta cita um trabalho científico dos pesquisadores Mário Martinez, Rui Verneque e Roberto Teodoro, da Embrapa Gado de Leite (MG), sobre avaliação e seleção de matrizes a partir do estágio de lactação, no qual foram avaliadas mais de 40 mil lactações, incluindo testes de progênie e o arquivo nacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O estudo demonstra estatisticamente que, para decidir se uma matriz deve ou não ser descartada, é necessário aguardar no mínimo seis meses de lactação. “No teste de progênie da prova de produção de leite, o controle leiteiro da lactação acima de seis meses é o que nos permite guardar ou desfazer de uma determinada matriz”, explica. (Da Embrapa Cerrados)
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