Criada em 16/11/2017 às 10h01 | Pecuária

“Temos que voltar a atenção para a sustentabilidade da produção”, afirma criador que participa de prova de leite a pasto

Para Anselmo de Azevedo, do Sindicato de Criadores de Bovinos do Distrito Federal, “não adianta uma vaca que produza 60 kg de leite se ela custa 120 kg de leite a cada dia”. Produtores rurais destacam importância da avaliação.

Imagem

Breno Lobato
DE BRASÍLIA (DF)

Presidente do Sindicato de Criadores de Bovinos, Bubalinos e Equinos do Distrito Federal (SCDF), Anselmo de Azevedo participa da segunda prova com duas novilhas Gir Leiteiro. Para ele, o importante não é possuir um animal que produza muito, mas que produza com rentabilidade. “Não adianta uma vaca que produza 60 kg de leite se ela custa 120 kg de leite a cada dia. Então, temos que voltar a atenção para a sustentabilidade da produção.”
Hamilton de Carvalho, que cria Gir Leiteiro no DF, já havia participado da primeira prova com uma novilha, repetindo a dose na segunda prova. Para ele, o CTZL abriu, na região do Planalto Central, o caminho para o controle leiteiro e a avaliação a pasto livre do uso de hormônios. “Existe uma oportunidade de, com vacas de 10 a 14 litros/dia que, desde que com alimentação melhor, obter um desempenho mais alto e chegar aos 20 litros/dia”, projeta.

Para o criador José Maria dos Anjos, de Luziânia (GO), que disponibilizou duas novilhas – uma delas, a mais bem classificada –, a participação na prova se deve principalmente à credibilidade do trabalho desenvolvido pela Embrapa, tanto no âmbito nacional como internacional, e à confiabilidade das informações geradas pela avaliação.
“Para nós que lidamos com melhoramento genético, a preocupação é aprimorar as técnicas que levam à agregação de valor. A Embrapa traz essa agregação não apenas com a avaliação em termos absolutos da produção de leite, mas também com outros fatores elencados que passam a ser referência daqui para frente, como o ganho financeiro e a genotipagem para a beta-caseína A2”, afirma o produtor, que está participando da segunda prova com duas novilhas Gir Leiteiro e cinco novilhas Sindi.

Criador de Sindi em Cavalcante (GO), Marcos da Cunha destaca que a produção de leite da raça não compete com a de outras zebuínas em quantidade, mas em qualidade, devido à homozigose do alelo A2 da proteína beta-caseína. “Creio que (na prova) vamos comprovar também o maior teor de gordura e sólidos no leite. Vejo o Sindi como opção para o pequeno proprietário, que faz a ordenha à mão e produz queijos e outras iguarias.”

José Mário Abdo, dono da novilha quarta colocada na primeira prova, tem interesse de testar – e comprovar – o potencial genético e de produção do Gir Leiteiro, além de contribuir com as pesquisas da Embrapa Cerrados. Para o produtor, a prova possibilita evidenciar e firmar a convicção de que a raça é, de fato, vocacionada para a produção de leite nos trópicos. “As cinco novilhas mais bem classificadas produziram, a pasto, 3,5 mil ou mais quilos de leite durante os 305 dias de lactação, o que dá uma média de mais de 11,5 quilos por dia”, observa.

Segundo o criador, a prova também permite derrubar alguns tabus, como o de que as novilhas não conseguiriam ficar prenhas antes do final da lactação, e mostrar que é possível produzir um leite saudável e sustentável. “A prova serve também como baliza para o processo de seleção genética que fazemos nas propriedades. É uma sinalização para continuarmos no caminho que estamos seguindo, com a chancela da Embrapa”, declara. Abdo está participando da segunda prova com dois animais Gir Leiteiro.

Um participante de destaque das provas de leite a pasto do CTZL é o criador Paulo Horta. Médico cardiovascular de formação, ele é um estudioso da bovinocultura de leite, e vem fomentando a criação de raças zebuínas leiteiras na região há 38 anos, selecionando animais Gir Leiteiro. Além disso, é um dos idealizadores do CTZL da Embrapa Cerrados. “A parceria com a Embrapa é muito importante. Essa prova de produção de leite é um marco.”

Para mostrar a importância da prova, Horta cita um trabalho científico dos pesquisadores Mário Martinez, Rui Verneque e Roberto Teodoro, da Embrapa Gado de Leite (MG), sobre avaliação e seleção de matrizes a partir do estágio de lactação, no qual foram avaliadas mais de 40 mil lactações, incluindo testes de progênie e o arquivo nacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O estudo demonstra estatisticamente que, para decidir se uma matriz deve ou não ser descartada, é necessário aguardar no mínimo seis meses de lactação. “No teste de progênie da prova de produção de leite, o controle leiteiro da lactação acima de seis meses é o que nos permite guardar ou desfazer de uma determinada matriz”, explica. (Da Embrapa Cerrados)

Tags:

Comentários


Deixe um comentário

Redes Sociais
2024 Norte Agropecuário