Criada em 05/03/2023 às 22h47 | Investigação

Acusados de extorsão de proprietários rurais, José Rainha e coordenador regional da FNL são presos no Pontal do Paranapanema (SP)

Polícia informa que líderes de movimento de invasão de terras exigiam vantagens financeiras de pelo menos seis vítimas. Buscas domiciliares de pessoas apontadas que expulsariam invasores de terra localizaram dois fuzis calibre 556, duas espingardas calibre 12 e uma calibre 357.

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Ex-líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), José Rainha Júnior e Luciano de Lima, coordenador regional da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), foram presos neste sábado (4) pela Polícia Civil na região oeste paulista.

Eles, que comandam a FNL, são acusados de extorquirem donos de propriedades rurais e em outra ação apreenderam diversas armas usadas em conflitos agrários. As operações ocorreram nesta sexta-feira (03) e neste sábado (04) na área do Pontal do Paranapanema, no oeste paulista, informa a Polícia Civil de São Paulo.

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Rainha foi localizado pelos policiais onde mora, no Assentamento Che Guevara, em Mirante do Paranapanema (SP). Já o outro foi detido na Rodovia José Corrêa de Araújo, na divisa entre os estados de São Paulo e do Paraná, entre os municípios de Sandovalina (SP) e Jardim Olinda (PR), informa o G1 de Presidente Prudente (SP).

De acordo com informações da assessoria de imprensa e comunicação da Secretaria da Segurança Pública, “as diligências foram decorrentes de mandados de prisões preventivas, pedidos e autorizados pela Justiça, de líderes de movimento de invasão de terras que exigiam vantagens financeiras de pelo menos seis vítimas”. “Já em outro inquérito foram realizadas buscas domiciliares de pessoas apontadas que expulsariam invasores de terra, sendo apreendidos dois fuzis calibre 556, duas espingardas calibre 12 e uma calibre 357”.

Ainda conforme a SSP, “as prisões preventivas têm como objetivo a interrupção do ciclo delitivo e promoção de prevenção geral e paz no campo”. “É importante ressaltar que em nada se confundem com os atos decorrentes do Carnaval de 2023, quando um grupo invadiu nove propriedades rurais, mas sim visa a apuração do ciclo de violência decorrentes de extorsões e dos disparos de arma de fogo, incluindo fuzil, o que colocou em risco número indeterminado de pessoas”.

Invasões no Pontal

A FNL, liderada por José Rainha e Luciano de Lima, realizaram invasões de fazenda em São Paulo, no chamado "Carnaval Vermelho". (Com informações da SSP-SP e G1 Presidente Prudente).

Prisão política

Em comunicado, a Direção Política da FNL pede a libertação dos líderes e diz que a prisão foi retaliação. “Essa prisão de cunho político, tem nítida relação com a jornada de ocupações do Carnaval Vermelho, sendo um ato de retaliação aos lutadores do povo sem-terra”, diz a mensagem na página do movimento.

Veja a manifestação da FNL na íntegra:

"Na tarde desse sábado, os companheiros José Rainha e Luciano de Lima foram presos pela Polícia Civil de São Paulo, na cidade de Mirante do Paranapanema. Essa prisão de cunho político, tem nítida relação com a jornada de ocupações do Carnaval Vermelho, sendo um ato de retaliação aos lutadores do povo sem-terra.

A FNL ganhou força nos últimos anos ao realizar jornadas de luta no carnaval. O objetivo do Carnaval Vermelho é trazer para a discussão à contradição de sermos um dos países que mais produz alimentos no mundo, porém temos mais de 125 milhões de brasileiros com alguma insegurança alimentar, sendo 58% dos brasileiros e brasileiras, e o mais grave, são mais de 33 milhões com insegurança alimentar severa.

Esse é o país do agro forte, enquanto milhões são movimentados numa ponta, milhões de brasileiros convivem com o drama da fome, miséria e a mais profunda desigualdade.

O Carnaval Vermelho desse ano despertou a fúria do agro e de seus consortes e até o mercado andou nervoso. Afinal, pode ter um exército de famintos no país, mas terras sendo divididas entre os mais pobres é um crime ao qual o agronegócio e o capital não toleram. A FNL vem denunciando essa contradição de forma contundente, são milhares de sem tetos e sem terras indo morar em ocupações promovidas pela FNL, seja no campo ou na cidade.
Não tardou e veio a retaliação ao líder José Rainha, que desde 1977 não faz outra coisa a não ser lutar por terra para e com os mais pobres. Para todos os efeitos, José Rainha tem o direito de responder à acusação que for, em liberdade, não há fundamento para uma prisão como essa a não ser a ira política do agro, que não tolera que seus desmandos sejam revelados.

A jornada do Carnaval Vermelho, esse ano, foi muito forte, destacando a FNL nos noticiários locais e nacionais, foram dezenas de latifúndios rurais e urbanos ocupados pelos sem terras e sem tetos organizados pela FNL. Denunciamos a invasão de terras públicas pelo agronegócio no Pontal do Paranapanema, debate ja vencido em decisão proferida pela ministra Carmen Lucia ja transitada e julgada e recentemente publicada pelo STF, terras publicas estas, que o agro defende como sua a bala, expulsando, ferindo e matando se necessario os trabalhadores que ousam reivindicá-las.

Exigimos a liberdade imediata dos nossos companheiros, que têm o direito garantido pelo Estado Democrático de Direito, de responder a qualquer acusação em liberdade.

Destacamos ainda que lutar não é crime, o Estado reconhece em sua Constituição, que somos um país desigual quando cita que um dos objetivos da república é erradicar a fome e a miséria. É dever do Estado garantir terra e teto a quem mais precisa, se o Estado não garante nosso ordenamento jurídico, permite que movimentos sociais se organizem em torno de suas pautas para pressionar o Estado.

Assim, denunciamos essa prisão política arbitraria, por parte do governo de Tarcísio de Freitas, governador Bolsonarista de SP e exigimos a imediata liberdade e convocamos todos aqueles(as) que lutam a se solidarizar, pois não podemos tolerar que o Estado haja de maneira arbitrária contra quem luta.

Brasília, 04 de março de 2023.

Direção Política FNL

Frente Nacional de Luta Campo e Cidade"

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