Criada em 25/10/2022 às 09h28 | Agronegócio

Antiga conhecida dos produtores, traça-do-tomateiro volta a causar prejuízos na safra 2022

Produtores do DF e de MS relatam perdas de até 50% nas lavouras de tomate por causa da praga e ataques têm se tornado mais severos a cada ano. Pesquisadores recomendam ações como a limpeza do material usado e a destruição de restos culturais como medidas de controle.

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A traça-do-tomateiro ataca a cultura durante todo o ciclo de produção, causando danos às folhas, aos ramos e aos frutos, que são broqueados pelas lagartas e perdem o seu valor comercial. (Foto: Eduardo Pinho)

Produtores de tomate do Distrito Federal têm relatado perdas de até 50% na safra 2022. A causa de tantos prejuízos é uma antiga conhecida, a traça-do-tomateiro (Tuta absoluta), praga originária da América do Sul, detectada pela primeira vez em 1917, no Peru. “Este ano a infestação está muito superior à do ano passado”, avalia o produtor Maurício Severino Rezende (foto à direita), que também é presidente da Cooperativa Agrícola da Região de Planaltina (Cootaquara).

De acordo com ele, em 2021 as perdas com a traça-do-tomateiro não chegaram a 10%. “Este ano eu perdi metade da produção, e alguns plantios tiveram que ser abandonados, porque economicamente não era viável colher”, relata Rezende.

A situação se agravou por conta do baixo preço oferecido pelo tomate. “No plantio anterior os preços estavam altos e, por isso, o mercado conseguia absorver um produto de qualidade um pouco inferior. Nesta safra, com o preço quatro vezes menor – R$ 40,00 a caixa contra R$ 160,00 do ano passado – a seleção teve que ser muito mais rigorosa”, explica. Com isso, boa parte da produção virou ração animal ou, simplesmente, foi descartada.

Manejo adequado pode evitar perdas

O entomologista Alexandre Pinho de Moura (foto à esquerda), pesquisador da Embrapa Hortaliças (DF), observa que esses picos de infestação pela traça-do-tomateiro têm sido recorrentes no País. “Há cerca de três anos tivemos uma situação semelhante no Brasil, mas ainda não foi possível identificar os fatores que determinam essa sazonalidade”, ressalta.

Moura destaca que as infestações são mais comuns nos períodos mais quentes e secos do ano, quando a praga completa seu ciclo mais rapidamente e é possível a obtenção de várias gerações em um curto período de tempo.

A traça-do-tomateiro ataca a cultura durante todo o ciclo de produção, causando danos às folhas, aos ramos e aos frutos, que são broqueados pelas lagartas e perdem o seu valor comercial.

Mas o pesquisador explica que perdas tão elevadas, de até metade da produção, não são comuns. “De modo geral é possível manter um controle razoável. Eventualmente pode ocorrer algum desequilíbrio na cultura, por conta da aplicação equivocada de agrotóxicos, por exemplo, o que causa a explosão populacional da praga.”

Também é importante que o produtor adote alguns cuidados, inclusive entre safras. “Algumas medidas são bem simples, como a destruição dos restos culturais contaminados e limpeza de todo o material utilizado na plantação, além dos cuidados durante toda a safra, como monitoramento da infestação e escolha correta dos produtos a serem aplicados”, recomenda o entomologista. Ele informa, ainda, que o uso associado de defensivos químicos com um inimigo natural da praga trouxe bons resultados em experimentos.

Problema vai além do DF

Em Mato Grosso do Sul, o produtor Uilson Júnior, do município de Angélica, relata perdas semelhantes às do presidente da Cootaquara no Distrito Federal. “De cada 20 caixas, dez são jogadas fora e dez eu consigo vender, só que por um preço bem mais baixo. Já perdi uma estufa inteira e agora estou perdendo a segunda. Aplicar veneno não resolve o problema mais. A única solução é arrancar tudo e começar a plantação do zero”, informa o produtor sul-mato-grossense.

No Paraguai, segundo o engenheiro-agrônomo José Sevian (foto à esquerda), coordenador de projetos do Centro Tecnológico Agropecuario del Paraguay (Cetapar), a infestação pela Tuta absoluta nas plantações de tomate este ano é pelo menos 40% maior do que em anos anteriores, causando elevadas perdas aos produtores.

O representante da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) na área de atuação da Cootaquara, Fabiano Ibraim Regis Carvalho, conta que esse percentual de perdas não foi uniforme em toda a região. “Algumas lavouras tiveram de ser arrancadas antes da colheita, mas outros produtores conseguiram manter a produtividade. Vai muito do manejo que cada um adotou”, ressalta.

Um fato, porém, é inegável na avaliação do extensionista: o ataque da traça-do-tomateiro tem se tornado mais severo a cada ano. (Da Embrapa)

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