Em meio a um achatamento do preço do boi no Tocantins para o produtor, pecuaristas da região norte se reúnem na noite desta quinta-feira, 29, para discutir a crise no mercado. Nos últimos 45 dias a queda do preço para o criador foi de 11%, informa o zootecnista e produtor rural Márcio Cotini, diretor financeiro da Valecoop (Cooperativa de Produtores Rurais do Vale do Araguaia).
“Desde 2014 o cenário político e econômico vem prejudicando o agronegócio como um todo e nós do setor primário estamos pagando essa conta de forma hercúlea a cada ano. Com estreitamento de nossas margens e custos elevados. O gado na região norte como em todas as outras sofreram um achatamento de preço de forma desleal, pois a carne no atacado e no varejo se mantém estáveis”, disse Cotini, que organiza a reunião juntamento com outros criadores.
O encontro será realizado a partir das 19h, no Tatersal do parque de exposições Dair José Lourenço, no município de Araguaína. “Vamos discutir medidas curto e a longo prazo para não permanecermos tanto a mercê do mercado”, disse.
Conforme dados da Secretaria da Agricultura do Tocantins, o preço da arroba do boi gordo que chegou a R$ 120,00 a R$ 125,00 no Estado na semana passada, está atualmente, conforme informações de produtores ao Norte Agropecuário, em R$ 118,00 (para 30 dias) no norte e R$ 117,00 (para pagar em um mês) no sul, com 2,3% de desconto do Funrural. Isso resulta em valores de arroba em R$ 115,00 e R$ 114,00 respectivamente.
Recentemente, o Norte Agropecuário publicou análise sobre o mercado do boi e a crise vivida, entre outros motivos, após a retração do mercado causada pela operação Carne Fraca e que se agravou após a delação premiada dos donos do grupo JBS. Os preços internos, que tradicionalmente caem no período de inverno, desabam ainda mais. Diante disso, quem arca com os prejuízos é o pecuarista.
IMPACTO DA CRISE
Segundo Márcio Cotini, a classe sofre sérios impactos dessa situação. “O impacto é a diminuição nos investimentos e contenção de despesas diminuindo muito a produtividade, levando a evasão da atividade.”
A questão da instabilidade política do país também é um dos motivos pelo cenário atual, avalia o criador. “O setor primário ganhou de presente recentemente a volta do FUNRURAL , que é recolhido no ato da venda de mercadoria( 2,3%). O setor que leva a responsabilidade, sem lucratividade, de tirar o país da corrupção do lamaçal que o governo nos chafurdou”, comentou.
Cotini também comentou os reflexos da crise que envolve o grupo JBS, maior produtor de proteína animal do mundo, que, consequentemente, lidera o mercado brasileiro da carne no Brasil. “O Fator JBS é nacional e afeta todos os estados produtores, pois respondia por 25% do abate nacional. O governo criou um monstro para utilizá-lo lavando dinheiro público, agora ele está sem controle querendo destruir seu criador. Mas o custo é nosso com quedas de preço perto de 30%. E pior a incerteza nos deixa sem saber que rumo tomar.”
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