Criada em 18/05/2017 às 23h35 | Política brasileira

Muito próximo do poder e alvo de investigações, grupo JBS doou R$ 463,4 milhões a políticos e partidos entre 2006 e 2014

O volume de doações passou a ser notado com maior clareza após o período de 2005, quando a empresa começou a receber empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) – JBS teria recebido R$ 2,5 bilhões em empréstimo para exportações e compra de equipamentos.

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Joesley Batista, um dos proprietários da JBS, gravou conversa comprometedora com o presidente Temer (foto: Reprodução)

Maior exportadora de carne bovina do mundo, a JBS é muito alinhada com o mundo político. De acordo com divulgação de vários veículos de comunicação do país, a empresa repassou R$ 463,4 milhões a políticos e partidos nas eleições de 2006, 2008, 2010 e 2014. 

Seus proprietários, Joesley e Wesley Batista, foram autores de delação premiada que atingi diretamente o presidente da República, Michel Temer. Joesley gravou uma conversa com Temer, segundo a qual, teria sido proposto pelo chefe do Executivo a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha, que está preso.

VOLUME DE DOAÇÕES

O volume de doações passou a ser notado com maior clareza após o período de 2005, quando a empresa começou a receber empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) – JBS teria recebido R$ 2,5 bilhões em empréstimo para financiamento de exportações e compra de equipamentos.
As doações equivalem a 18,5% do dinheiro que tomou emprestado do BNDES entre 2005 e 2014.

Na campanha presidencial de 2014, por exemplo, doou R$ 366 milhões a siglas partidárias e a políticos. PT, PMDB e PSDB foram os mais beneficiados pela empresa. 

O grupo é alvo de investigações por causa do volume de empréstimos recebidos pelo banco e em outros casos como a recente operação Carne Fraca, da Polícia Federal. 

PARLAMENTARES DA JBS

Um dos principais alvos da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, o grupo JBS, que fabrica a marca Friboi, doou para 23 candidatos a deputado em 2014 e conseguiu que 12 fossem eleitos. Para isso, injetou R$ 5,61 milhões nesses políticos no último ano em que o financiamento de campanha empresarial foi permitido. Porém, a parte do grupo que ficou com a maior fatia desse bolo foi justamente a que conseguiu chegar à Câmara. Oitenta por cento das doações, ou R$ 4,5 milhões, caíram nas campanhas de 12 políticos. Esses são exatamente os que foram eleitos, quase todos da bancada ruralista.

O grupo de 23 beneficiados por doações da JBS contém ainda 10 candidatos que ficaram na suplência. Ou seja, em tese, podem assumir a Câmara assim que os titulares ocuparem secretarias e cargos em Brasília ou nos estados. Só um candidato não conseguiu se eleger. Entre os 12 eleitos, nove pertencem formalmente à Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), ligada a fornecedores de matéria-prima para a indústria de alimentos e à agroindústria. Quem mais recebeu recursos das empresas do grupo JBS foi o ruralista Antônio Balhmann (Pros-CE). Ele obteve R$ 1,6 milhão. Hoje, está fora da Câmara pois atua como assessor especial de Assuntos Internacionais do Governo do Ceará, administrado por Camilo Santana (PT).

O deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT) recebeu R$ 500 mil da JBS. O mesmo valor foi destinado a Ronaldo Machado Martins (PRB-CE), um dos poucos que não integram a Frente Parlamentar Agropecuária, e a Fernando Jordão (PMDB-RJ). Em 2016, quando doações empresariais foram proibidas por uma decisão do STF, Jordão elegeu-se prefeito de Angra dos Reis (RJ).

Ainda receberam doações: Moroni Torgan (DEM-CE); Daniel Vilela e Pedro Chaves, ambos do PMDB de Goiás; Geraldo Resende Pereira (PMDB-MS); Heitor Schuch (PSB-RS); Stefano Aguiar dos Santos (PSB-MG); Ronaldo Benedet (PMDB-SC); Renato Molling (PP-RS).

 

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