Criada em 14/06/2018 às 16h17 | Agronegócio

Integração lavoura-pecuária proporciona cobertura permanente do solo e ciclagem de nutrientes, apontam experimentos

Pesquisas comprovando os benefícios da integração lavoura-pecuária foram apresentadas durante painel realizado nesta quinta, 14, último dia do VIII Congresso Brasileiro de Soja. Alguns experimentos têm mais de 30 anos, resultando numa cobertura permanente do solo, ciclagem de nutrientes e

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Painel que apresentou benefícios da integração lavoura-pecuária marcou o último dia Congresso Brasileiro de Soja em Goiânia (GO). (Foto Prime Cinema Foto)

Carina Rufino, Lebna Landgraf e Gabriel Faria
DE GOIÂNIA (GO)

Um painel realizado nesta quinta-feira, 14, último dia do VIII Congresso Brasileiro de Soja, apresentou resultados de pesquisa e experiências de produtores que comprovam os benefícios da integração lavoura-pecuária. O acúmulo de matéria orgânica, a cobertura permanente do solo e a ciclagem de nutrientes foram destacados pelos palestrantes.

Apresentando resultados de experimentos de longa duração, alguns com mais de 30 anos, o pesquisador da Embrapa Cerrados Robélio Marchão, mostrou como a inclusão de braquiária em áreas de soja contribui para a melhoria da qualidade do solo e para a ciclagem de nutrientes. Com raízes volumosas e atingindo camadas mais profundas do solo, o capim aproveita resíduos de adubação disponíveis em camadas não alcançadas pelas raízes da soja e do milho.

A alta produção de biomassa das braquiárias, tanto na parte superficial da planta quanto nas raízes contribui ainda para o incremento de matéria orgânica no sistema, favorecendo a atividade microbiana.

 “Braquiária é uma excelente opção para ciclagem de nutrientes e recolonização do solo tanto pelos microrganismos quanto por animais maiores como minhocas, por exemplo”, disse.

A cobertura permanente do solo feita pela palhada ainda traz o benefício da redução do banco de sementes de plantas daninhas e evita a perda de solo em processo de erosão.

Experiência do produtor

E foi justamente o problema de erosão que levou a cooperativa Cocamar a apostar na integração lavoura-pecuária como uma solução para a região do Arenito Caiuá, no noroeste do Paraná. Com solos com níveis baixíssimos de argila, baixa capacidade de retenção de água, baixo teor de matéria orgânica e de nutrientes e com alta suscetibilidade à erosão, o plantio de soja em sistema convencional não teve viabilidade. As áreas de pastagens, por sua vez, encontravam-se, na maior parte, em estágios elevados de degradação.

A solução para melhorar a produtividade nas fazendas dos cooperados foi encontrada na integração lavoura-pecuária.

“O protagonista é a pecuária. A soja entra como ferramenta para melhorar a fertilidade do solo”, explica o gerente técnico da Cocamar Renato Watanabe.

Para o plantio do grão é feita a correção do solo e a adubação e o plantio direto na palhada deixada pelo pasto dessecado. Após a colheita da soja, a braquiária volta a ser semeada, fazendo um pasto de inverno e mantendo o solo coberto. No modelo proposto pela cooperativa, a soja é cultivada por dois anos em cada talhão e depois a pecuária permanece por dois a cinco anos, quando o ciclo é reiniciado.

Com esse sistema, o problema da erosão foi superado, a fertilidade do solo vem sendo recuperada e produtores mais do que dobraram a produtividade da pecuária.

Experiência parecida tem tido o consultor Adriano da Paz, no norte de Mato Grosso. Nas fazendas que assiste tem trabalhado com a integração lavoura-pecuária, aumentando os ganhos da lavoura e da pecuária.

“A agregação de tecnologia na integração lavoura-pecuária está levando a cada vez ter produtividades maiores, mas ainda há grandes desafios, como o do manejo microbiológico do sistema”, disse Adriano.

Outro desafio apontado pelos palestrantes é o da assistência técnica. De acordo com eles, ter o acompanhamento próximo de um técnico é fundamental para o sucesso dos projetos de ILPF.

Congresso

Promovido pela Embrapa Soja, o VIII Congresso Brasileiro de Soja foi realizado de 10 a 14 de junho, no Centro de Convenções de Goiânia (GO). Mais de 2.000 pessoas de todos os segmentos da cadeia produtiva da soja participam das discussões.

Nos quatro dias de evento, a programação contou com cinco conferências, 16 painéis temáticos, 50 palestras e 340 trabalhos científicos apresentados em forma de pôsteres. Além disso, no pavilhão principal, 57 empresas expuseram suas tecnologias, produtos e serviços disponíveis para a cultura da soja. (Da Embrapa Soja)

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