Criada em 25/02/2022 às 08h34 | Agronegócio

Guerra na Europa: Conflito Rússia x Ucrânia já afeta agronegócio no Estado do Tocantins

Situação já taz reflexos para a economia e o agronegócio no mundo inteiro, inclusive no Tocantins. Especialistas falam de problemas com o dólar, aumento de preços das commodities, dificuldade em aquisição de fertilizantes e influência no petróleo.

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Especialistas falam de problemas com o dólar, aumento de preços das commodities, dificuldade em aquisição de fertilizantes e influência no petróleo. (Foto: Divulgação)

Daniel Machado 
De Brasília (DF)

A implosão da guerra na Europa, com a invasão da Rússia à Ucrânia, já está trazendo reflexos para a economia e o agronegócio no mundo inteiro, inclusive no Tocantins.

No mundo globalizado, a venda e compra de commodities para o exterior leva em conta preços internacionais e o conflito bélico afeta diretamente os preços. Além disso, o dólar passa a ter outro comportamento e o preço do barril de petróleo dispara As avaliações de todo esse quadro todo são engenheiro agrônomo e professor universitário Thadeu Teixeira Júnior e do economista e também professor universitário Gabriel Machado.

Thadeu Teixeira Júnior lembra que o momento para o Tocantins é bom, com a colheita da soja avançando e, consequentemente, com o plantio do milho segunda safra já sendo feito. Segundo ele, e os próprios levantamentos da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), há expectativa de recorde de produção.

“Contudo, a guerra influencia diretamente nas principais commodities do mundo. Vimos o preço do trigo sendo afetado, o preço do milho também já teve alta, assim como a soja. Além de que teremos mais dificuldades na aquisição de fertilizantes onde a Rússia é uma das principais fornecedoras do Brasil e do mundo”, ressaltou o engenheiro agrônomo.

A questão dos fertilizantes, inclusive, pega em cheio o Tocantins. Os russos são os maiores fornecedores do Estado, algo que se intensificou após a Tocantins Fertilizantes, principal empresa do setor, ter sido comprada por um fundo com ligação com o maior país do mundo. Nos últimos três anos somados, o Estado importou US$ 253,6 milhões em adubo, sendo 43% disso vindo da Rússia.

O engenheiro agrônomo também falou do impacto no dólar, pois a moeda americana é um balizador dos preços globais. No primeiro dia de conflito, o dólar, que vinha em franca queda no Brasil, subiu 14 centavos. “Esperamos que a guerra não se estenda e os preços se normalizem de uma forma que o produtor possa trabalhar e fornecer comida”, destacou.

Para economista, aumentos de dólar, petróleo e juros podem prejudicar o agro
Para o economista Gabriel, a guerra, de perdurar, tende a prejudicar o agronegócio com três aumentos: do dólar, do petróleo e da taxa de juros Selic.

“Primeiro o aumento do dólar, com tudo que é importado, como adubo, máquinas e equipamentos ficando mais caro. Também tem o aumento do petróleo com o barril batendo 100 dólares, o que vai encarecer o frete e o custo de produção”, frisou, ao completar que uma duração maior do conflito poderia obrigar o Banco Central a subir ainda mais os juros da taxa Selic para tentar conter a inflação, o que fatalmente atingirá o crédito para o agronegócio, mesmo que ele venha a ser subsidiado. “Todo o custo vai aumentar se a guerra perdurar e será passado ao consumidor final”, finalizou.

Rússia é compradora de carne

Depois de passar 2019 praticamente sem comprar nada do Tocantins, a Rússia voltou a adquirir carne bovina em grande quantidade do Estado nos dois últimos anos. Ao todo, o país, somando 2020 e 2021, investiu mais de US$ 72 na compra de carne tocantinense. 

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