Criada em 26/06/2017 às 14h02 | Política brasileira

Avião apreendido com 500kg de cocaína partiu de fazenda da família do ministro Blairo Maggi; empresa nega ligação com fato

A fazenda Itamarati Norte está registrada em nome do Grupo Amaggi, empresa da família de Blairo. Amaggi, também em nota, negou ter qualquer relação com a aeronave e afirmou que não emitiu autorização de pouso ou decolagem para a mesma.

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O piloto do avião interceptado no início da tarde de domingo (25), pela Força Aérea Brasileira (FAB), no município de Jussara (GO), disse que decolou da Fazenda Itamarati Norte, no município de Campo Novo do Parecis (MT), segundo nota da Aeronáutica divulgada nesta segunda-feira, 26. A fazenda é de propriedade do grupo Amaggi, da família do ministro da Agricultura, Blairo Maggi.

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De acordo com a Aeronáutica, o local exato da decolagem será investigado. "O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica esclarece que as informações sobre o local de decolagem da aeronave, matrícula PT-IIJ, interceptada no domingo (25/06), foram fornecidas pelo próprio piloto durante a aplicação das medidas de policiamento do espaço aéreo. A confirmação do local exato da decolagem fará parte da investigação conduzida pela autoridade policial", diz comunicado da FAB.

Em nota, o grupo Amaggi disse que o "local exato da decolagem da aeronave interceptada ainda será objeto da devida investigação, uma vez que a procedência divulgada até então foi apenas declarada pelo piloto durante abordagem do policiamento áereo". A empresa nega qualquer ligação com a aeronave e não emitiu autorização para pouso ou decolagem em uma das pistas. A Fazenda Itamarati tem 11 pistas, conforme o grupo, autorizadas para pousos eventuais, usadas para operação de aviões agrícolas, e que não demandam vigilância permanente. De acordo com o grupo, a região de Campo Novo do Parecis "tem sido vulnerável à ação de grupos do tráfico internacional de drogas, dada a sua proximidade com a fronteira do Estado de Mato Grosso com a Bolívia".

INTERCEPTAÇÃO DO AVIÃO

O bimotor foi interceptado por um avião A-29 Super Tucano da FAB, como parte da Operação Ostium para coibir ilícitos transfronteiriços, na qual atuam em conjunto Polícia Federal e órgãos de segurança pública. De acordo com nota divulgada neste domingo pela Aeronáutica, o avião tinha como destino a cidade de Santo Antonio Leverger (MT). Ninguém foi preso até o momento.

A Polícia Militar (PM) de Goiás informou que o avião interceptado levava 653,1 quilos de cocaína. A informação inicial era de cerca de 500 quilos de cocaína. Segundo a corporação, foi a maior apreensão da droga no estado. O volume foi avaliado em R$ 13 milhões e, após o refino, poderia quintuplicar a quantidade inicial.

A PM não informou quem é o dono do avião e a origem da droga. Em consulta ao site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o bimotor PT-IIJ aparece em nome de Jeison Moreira Souza. (Da Agência Brasil)

A VERSÃO DA FAB

Na tarde desta segunda-feira, 26, a Fabi divulgou esta nota oficial: "O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica esclarece que as informações sobre o local de decolagem da aeronave, matrícula PT-IIJ, interceptada no domingo (25/06), foram fornecidas pelo próprio piloto durante a aplicação das medidas de policiamento do espaço aéreo. A confirmação do local exato da decolagem fará parte da investigação conduzida pela autoridade policial."

Porém, no domingo, a FAB havia divulgado esse material para a imprensa:

"OPERACIONAL

FAB intercepta aeronave que transportava 500 kg de droga

Interceptação faz parte da Operação Ostium, de combate a crime de contrabando na fronteira do País

Um caça A-29 da Força Aérea Brasileira interceptou, neste domingo (25/06), um avião bimotor matrícula PT-IIJ que transportava 500 quilos de cocaína de Mato Grosso para Goiás. Ao não cumprir as orientações apresentadas pela defesa aérea, a aeronave foi interceptada às 13h17 na região de Aragarças (GO) e pousou na região rural de Jussara (GO). A atuação é resultado da Operação Ostium, exercício coordenado pelo Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), em conjunto com a Polícia Federal e demais órgãos de segurança.

Inicialmente, a aeronave interceptada, que decolou da Fazenda Itamarati Norte - no município de Campo Novo do Parecis (MT) - com destino à Santo Antônio do Leverger (MT), seguiu as instruções da defesa aérea. Mas, ao invés de pousar no aeródromo de Aragarças conforme orientação via rádio, arremeteu. O piloto da FAB novamente comandou a mudança de rota e solicitou o pouso, porém o avião interceptado não respondeu. A partir desse momento, a aeronave foi classificada como hostil e foi realizado o tiro de aviso. A aeronave então pousou na zona rural do município de Jussara, interior de Goiás. Um helicóptero da Polícia Militar de Goiás foi acionado para buscas no local. A droga apreendida será encaminhada para a Polícia Federal em Goiânia.

Segundo o Chefe do Centro Conjunto de Operações Aérea (CCOA) do COMAE, Brigadeiro Arnaldo Silva Lima Filho, foi necessário dar um tiro de aviso depois de duas solicitações de modificação de rota não obedecidas. A medida de persuasão não atinge a aeronave suspeita, embora apresente o poder de fogo do caça e obrigue a cumprir as normas exigidas. “É um dos últimos recursos quando a aeronave não atende as executivas da defesa aérea”, explica.

A FAB também empregou a aeronave radar E-99 para auxiliar na detecção e interceptação, com base em um trabalho conjunto de inteligência com a PF.

Ainda de acordo com o Brigadeiro Arnaldo, todo o procedimento faz parte da Operação Ostium que coíbe voos irregulares que possam estar ligados a crimes como o narcotráfico. “Estamos cumprindo a lei e vamos continuar reforçando os controles na fronteira em prazo indeterminado”, justifica."

Confira a nota na íntegra da Amaggi:

"A respeito das informações divulgadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) no último domingo 25 dando conta da interceptação de uma aeronave carregada de entorpecentes que teria decolado de uma pista localizada na fazenda Itamarati, arrendada pela AMAGGI, a companhia vem a público informar que:

a) Tomou conhecimento do caso por meio da imprensa e aguarda o desenrolar das investigações sobre a propriedade da aeronave e as circunstâncias exatas em que ela - conforme afirma a FAB - teria pousado na Fazenda Itamarati e decolado a partir de uma de suas pistas;

b) A empresa não tem qualquer ligação com a aeronave descrita pela FAB e não emitiu autorização para pouso/decolagem da mesma em qualquer uma de suas pistas;

c) Localizada em Campo Novo do Parecis, a parte arrendada pela AMAGGI na Fazenda Itamarati conta com 11 pistas autorizadas para pouso eventual (apropriadas para a operação de aviões agrícolas, o que não demanda vigilância permanente) localizadas em pontos esparsos de 54,3 mil hectares de extensão;

d) A região de Campo Novo do Parecis tem sido vulnerável à ação de grupos do tráfico internacional de drogas, dada a sua proximidade com a fronteira do Estado de Mato Grosso com a Bolívia;

e) Tal vulnerabilidade acomete também as fazendas localizadas na região. Em abril deste ano a AMAGGI chegou a prestar apoio a uma operação da Polícia Federal (PF), quando a mesma foi informada de que uma aeronave clandestina pousaria com cerca de 400 kg de entorpecentes (conforme noticiado à época) em uma das pistas auxiliares da fazenda. Na ocasião, a PF realizou ação de interceptação com total apoio da AMAGGI, a qual resultou bem-sucedida.

A AMAGGI se coloca à disposição das autoridades para prestar todo apoio possível às investigações do caso."

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