Bem-estar do animal, lucratividade e qualidade da carne são prioridades para a
indústria, diz veterinário sobre exportações de gado vivo. Ouça!
A venda de gado vivo do Brasil para outros países cresce, em média, 20% ao ano e se tornou alternativa rentável para pecuaristas e frigoríficos brasileiros. A modalidade comercial ganhou destaque com o episódio envolvendo o transporte de cerca de 27 mil bovinos vivos há duas semanas do porto de Santos para a Turquia. Impedido inicialmente por decisão judicial obtida por uma organização não-governamental que denuncia maus-tratos a animais, o transporte foi autorizado após a decisão ter sido revogada por instância superior do Judiciário.
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Apesar do crescimento de 20% ao ano, em média, o número ainda é considerado pequeno, comenta César Castro Alves, analista de pecuária da MB Agro, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo. Para ele, é um número pouco relevante diante dos abates anuais no País, que somam entre 35 milhões e 40 milhões de cabeças por ano. “A fatia de 1% dos abates, na visão do especialista, não deve subir de forma significativa, pois o mercado global de bovinos vivos não cresce de forma significativa – o total movimentado está estacionado em cerca de 5 milhões de cabeças por ano. “É um nicho alimentado por questões religiosas. Pode ser boa opção para quando os preços estão ruins, pois vender boi vivo não agrega valor ao produto”, aponta Alves”, divulgou o Estadão.
O Estadão informou ainda que “apesar de o mercado como um todo não crescer, tanto empresários quanto o Departamento Americano da Agricultura (USDA) preveem altas de 20% a 30% nas exportações brasileiras em 2018. A Minerva Foods, dona da carga que foi retida em Santos, domina cerca de 40% das vendas de animais vivos – segmento em que as líderes em bovinos no País, JBS e Marfrig, não atuam. Procurada, a Minerva não deu entrevista.”
PROTESTOS SEGUEM
Ainda conforme o Estadão, entidades prometem reação e tentarão novamente impedir novas exportações. Uma delas é a organização não-governamental Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal e a Agência de Notícias de Direitos dos Animais (Anda), que conseguiu suspender a venda de boi vivo para a Turquia por alguns dias. “Nossa luta é pelo respeito aos animais, que não estão contemplados nas regras de exportação brasileiras, que se limitam a aspectos sanitários”, afirmou Vânia Plaza Nunes, médica veterinária e diretora técnica do Fórum Animal, ao Estadão. A briga com os frigoríficos é de longo prazo. Segundo ela, novos recursos para voltar a paralisar as vendas de gado vivo serão apresentados nas próximas semanas.
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