Criada em 08/06/2017 às 15h19 | Agronegócio

Área colhida com cana-de-açúcar, milho e soja aumentou 106,8% em 25 anos no país; quantidade produzida cresceu 197,4%

No caso da soja, enquanto o número de municípios responsáveis por um quarto da produção brasileira quase não aumentou, indo de 26 para 27 em 25 anos, apenas 9 dentre eles permaneceu no grupo de maiores produtores, o que demonstra a mudança geográfica ocorrida.

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Conforme estudo, houve também uma expressiva mudança nos locais de produção (foto: Embrapa)

Cristina Tordin
DE CAMPINAS

A área colhida com cana-de-açúcar, milho e soja aumentou em 106,8 % em 25 anos no Brasil. No mesmo período a quantidade produzida cresceu 197,4 %. Apesar de apresentar crescimento total de área e produção em todas as regiões do país, os aumentos não foram uniformes no espaço para as três lavouras, mostra estudo realizado por pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e apresentado no XVIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR).

Dados sobre área colhida e quantidade produzida das três maiores culturas em área: soja, cana-de-açúcar e milho, fornecidos pela Produção Agrícola Municipal (PAM) do IBGE, referentes ao período entre 1990 e 2014, foram utilizados para avaliar a dinâmica da agricultura brasileira.

A análise focou o aumento no tempo e a mudança no espaço ocupado pela produção. Imagens do satélite Landsat-8 foram utilizadas para exemplificar as mudanças de uso e cobertura do solo em algumas áreas escolhidas.

Em 25 anos, a combinação do aumento da produtividade agrícola brasileira com a adoção em grande escala da prática da safrinha ou segunda safra (intensificação da agricultura) resultou em um aumento de 197% na produção dessas culturas, sem expandir a área cultivada na mesma proporção da produção. Houve também uma expressiva mudança nos locais de produção.

Conforme os pesquisadores, “os avanços técnicos são responsáveis por grande parte dessas mudanças. Entretanto, também envolveu avanços na infraestrutura e nas políticas públicas, além de maior inserção nos mercados internacionais. Estas considerações mostram que a agricultura brasileira optou por crescer via produtividade, um método moderno, baseado em ciência e tecnologia, que exige forte participação do setor público”.

Essas três culturas apresentaram o maior volume de produção, em toneladas, e também ocupam maior área colhida, em hectares, entre as 31 culturas temporárias levantadas pela PAM/IBGE, no ano de 2014.

Além de observar como o mapa da produção se altera ao longo do tempo, a partir dos dados do IBGE, verificou-se como essa mudança registrada pelos números subjetivos do levantamento agrícola oficial se reflete no aspecto do uso do solo conforme identificado pelas imagens de satélite. Para tanto, foram selecionadas áreas de municípios que passaram por grandes mudanças de uso agrícola do solo no período estudado, tanto no sentido de crescimento de área das culturas como de alteração das culturas presentes na área.

“Verificamos que, com relação à cana-de-açúcar, 32 municípios com maiores produções respondiam por 25% da produção nacional em 1990 e esse número aumentou para 54 em 2014”.

No caso da soja, enquanto o número de municípios responsáveis por um quarto da produção brasileira quase não aumentou, indo de 26 para 27 em 25 anos, apenas 9 dentre eles permaneceu no grupo de maiores produtores, o que demonstra a mudança geográfica ocorrida. A produtividade da cultura cresceu 52,6%, sendo que a máxima cresceu bem menos (30,2%) que a mínima (98,6%), resultando numa maior homogeneidade do grupo, representada pela redução de 50,7% no CV.

A cultura do milho foi outra que passou por enormes transformações tanto na distribuição espacial como no nível tecnológico nos últimos 25 anos. Enquanto eram necessários 81 municípios para responderem por um quarto da produção nacional em 1990, em 2014 apenas 24 foram responsáveis por 25% do total colhido. E apenas 8 daqueles maiores produtores do passado se mantiveram no quartil superior atual, surgindo 16 novos destaques entre os municípios responsáveis pela produção do milho brasileiro. Pelo lado tecnológico, a produção média nesse grupo de maiores produtores aumentou 113,1 %, tendo a produtividade mínima crescido impressionantes 316,8%.

Para compensar a redução do número nesse grupo de maiores produtores e mesmo assim garantir o crescimento da produção nacional, a produção média desses municípios aumentou 1.136,4 %, surgindo gigantes com até 2 milhões de toneladas colhidas anualmente, quando em 1990 o máximo era de pouco mais de 250 mil toneladas.

A mudança na localização da produção da cana-de-açúcar, da soja e do milho, nos 25 anos estudados, se deu rumo às regiões nas quais os municípios recentemente incorporados à produção agrícola de commodities em grande escala, além de mais extensos em área, têm sido, em geral, ocupados por produtores inseridos e informados, os quais conduzem suas lavouras baseados nas mais recentes tecnologias, alcançam maior produtividade e comportam-se de forma mais homogênea.

Os autores do estudo são Alfredo Luiz e Marcos Neves, pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente e Ieda Sanches, pesquisadora do Inpe. (Da Embrapa Meio Ambiente)

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