Ao justificar o motivo de o projeto de desenvolvimento do Matopiba (fronteira agrícola que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) ter sido praticamente sepultado pela gestão atual do governo federal, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, alegou primeiramente problemas de orçamento para não levar a iniciativa adiante. “Quando lá cheguei, encontrei uma estrutura que era dedicada a essa região Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia. Tinha o programa e não tínhamos recursos para tocar para frente aquilo”, disse o ministro, mesmo reconhecendo que a região precisa de atenção.
A declaração foi dada em Caseara, no interior do Tocantins, durante entrevista coletiva motivada pelo lançamento oficial da colheita de soja no Estado, evento organizado pela Aprosoja-TO (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Tocantins). Nessa quinta-feira, dia 15, o Norte Agropecuário, em editorial, cobrou do ministro explicações sobre o motivo de o programa Agro+TO não ter saído do papel no Tocantins. E também sobre o fim do projeto de desenvolvimento do Matopiba.
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Blairo Maggi, que ao assumir o cargo em 2016 afirmou que o projeto seria revisto, afirmou ainda que o governo federal dá o mesmo tratamento a todas as regiões do país. “Todas as regiões do Brasil têm o mesmo tratamento da Presidência [da República] e do Ministério da Agricultura. Então há sempre por parte do ministério uma atenção especial à região, uma região que inicia e que precisa de atenção, mas não tem nenhum programa financeiro para dar suporte a coisas diferentes que acontecem em outros locais no Brasil”, complementou Maggi, atribuindo um desenvolvimento futuro da região à capacidade empreendedora dos produtores locais.
Essa declaração do ministro contradiz, por exemplo, com o fato de na sua gestão os repasses do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a prefeituras do Estado do Mato Grosso terem crescido 109%. As informações fazem parte de levantamento feito pelo jornal O Estado de São Paulo repercutidas no Norte Agropecuário. Os valores passaram de R$ 27,6 milhões para R$ 57,6 milhões. O Mato Grosso é o reduto eleitoral do político.
O ministro ressaltou, entretanto, que o desenvolvimento do campo “vai muito da capacidade empresarial dos produtores”. “Compra de máquinas, os incentivos que tem é para o Tocantins, o Maranhão, o Piauí, a Bahia e Mato Grosso e todos os outros também. Aí vai muito da capacidade empresarial dos produtores de se endividarem mais e terem coragem de fazer as coisas. O Governo está sempre dando apoio para que isso possa acontecer e melhorar agricultura nessa região também”, assegurou.
INCENTIVO DO GOVERNO
Entretanto, o próprio ministro ao falar sobre o desenvolvimento do agronegócio brasileiro reconheceu que o incentivo governamental foi fundamental nesse processo. “O Brasil era um grande importador de alimentos na década 70, e agora quarenta e poucos anos depois, é um país exportador. O segundo maior exportador e o quarto maior produtor”, disse. “Isso é política de governo, criação da Embrapa, criação de fundações, estruturas estaduais que foram feitas para dar apoio a agricultores, financiamentos que foram colocados na prática efetivamente e a formação dos agricultores que é feita pelas universidades e pelo dia a dia. Então esse conjunto que fez o Brasil deixar de ser importador e virar exportador. É isso que o agronegócio faz, gera riquezas e oportunidades”, finalizou.
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