Contrários às modificações feitas na chamada lei dos agrotóxicos, uma apresentadora de TV, chef de cozinha natural e escritora de TV, um membro do Greenpeace Brasil e um ator e produtor orgânico criticam a proposta em discussão no Congresso. Os argumentos de Bela Gil, Marcio Astrini e Marcos Palmeira também estão em artigo publicado na Folha de S.Paulo nesta segunda-feira, dia 2, com o título “No mundo dos agrotóxicos, não há jantar grátis”. Eles defendem que o discurso dos favoráveis ao tema de necessidade de modernizar a legislação “só tenta enganar o público”.
“Na letra da lei, o projeto permitirá o uso e registro de produtos com potencial cancerígeno, capazes de causar malformação fetal e mutação genética, alguns deles proibidos em outros países. Substâncias banidas ao redor do mundo ganharão mercado por aqui”, escrevem os três, que assinaram em conjunto o artigo no jornal. “Além disso, caso a requisição de registro de agrotóxico não tenha desfecho em menos de 24 meses, o produto poderá ganhar o direito provisório e ser usado, enquanto as análises de sua periculosidade correm em paralelo”, complementam.
Logo no início do artigo eles se referem ao tema como “Pacote do Veneno”, como se disseminou o termo nas redes sociais. E afirmam que a medida visa “colocar ainda mais agrotóxicos no prato dos brasileiros”. “Ao longo do debate, diversos órgãos declararam que as consequências desse projeto seriam catastróficas para a saúde e o meio ambiente: Ministério Público Federal, Fiocruz, Instituto Nacional do Câncer, Ministério Público do Trabalho, Anvisa, Ibama, Ministério da Saúde, Conselho Nacional dos Direitos Humanos, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e mais de 300 outras organizações da sociedade civil”, afirmaram.
Para ele, é “difícil acreditar que todos esses órgãos, seus cientistas e pesquisadores estariam errados, ficando a razão e o interesse público exclusivamente ao lado de um punhado de deputados e das indústrias que têm interesse na comercialização de pesticidas. Obviamente, não é o caso”.
Os três reforçam ainda que “não está presente em nenhum momento das mal traçadas linhas” do projeto que a meta é a modernização do setor. “O projeto deixa absolutamente clara sua intenção ao retirar da análise de tais substâncias os órgãos que hoje cuidam da saúde pública e ambiental. Depositam a força decisória nas mãos apenas do Ministério da Agricultura e na boa vontade das empresas. Para substâncias que causam câncer, instituem o conceito de "risco aceitável", uma espécie de brincadeira tenebrosa com a saúde da população”, destacaram Bela Gil (apresentadora, chef de cozinha natural e escritora), Marcio Astrini (coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil) e Marcos Palmeira (Ator e produtor orgânico).
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